Polícia Civil invade comunidade do Moinho, na capital

Retirado de http://spressosp.com.br

Segundo testemunhas, agentes atiraram a esmo e apreenderam pelo menos um menor de idade; no momento, moradores bloqueiam os dois sentidos da Avenida Rio Branco em represália à ação da polícia

Por Igor Carvalho e Anna Beatriz Anjos

Moradores da comunidade do Moinho fecham os dois sentidos da Avenida Rio Branco em represália à ação dos policias do DENARC (Foto: Igor Carvalho)

Moradores da comunidade do Moinho fecham os dois sentidos da Avenida Rio Branco em represália à ação dos policias do DENARC (Fotos: Igor Carvalho)

Policiais do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) realizaram ação na comunidade do Moinho, centro de São Paulo, na tarde desta terça-feira (25). Segundo testemunhas, eles agiram de forma truculenta. Em represália à ação da polícia civil, moradores atearam fogo em móveis e colchões e bloqueiam, neste momento, os dois sentidos da Avenida Rio Branco. A Policia Militar está no local e tenta dispersar o tumulto com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha.

O líder comunitário Caio Castor conta que os agentes, que chegaram em uma viatura descaracterizada, atiraram a esmo. Quem estava no local reagiu com pedradas. Neste momento, o carro recuou e retornou acompanhado de outro. A situação se repetiu: vários tiros sem alvo e bombas de gás lacrimogêneo. No chão, próximo ao local de onde foram feitos os disparos, há muitas cápsulas. Segundo uma moradora que não quis se identificar, os policiais rondaram a entrada da comunidade por algumas horas antes de efetivamente entrar, o que teria acontecido por volta das 17h45. “Foi desesperador. Eles entraram atirando para matar. Está todo mundo com medo e a gente acha que eles vão voltar à noite pra terminar o serviço”, relatou à reportagem do SPressoSP.

Bombeiros tentam controlar as chamas da barreira montada pelos moradores

Bombeiros tentam controlar as chamas da barreira montada pelos moradores

Outro morador, que também preferiu preservar sua identidade, disse ter sido atingido por uma das bombas lançadas.  “Eu levei um susto. Estava na entrada da favela quando atiraram uma bomba que pegou na minha cabeça. Me escondi do lado da lixeira e acho que só por Deus os tiros não pegaram em mim”.

O Denarc confirmou que detenções foram realizadas, mas não informou quantas. De acordo com Castor, pelo menos um menor de idade foi apreendido.

 

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Nenhum PM foi punido desde junho por incidentes em protestos em SP

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140216_investigacao_pm_protestos_mm_lgb.shtml

Desde o início dos protestos de junho do ano passado, a imprensa e as redes sociais mostraram à exaustão cenas de violência nas manifestações, muitas delas envolvendo policiais. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin há tempos reitera que os excessos “estão sendo investigados” e, desde junho, a Corregedoria da Polícia Militar já abriu 21 inquéritos – mas até o momento nenhuma investigação foi concluída e nenhum policial foi punido.

A BBC Brasil pediu os números diretamente à Corregedoria da PM, mas só os conseguiu após protocolar um pedido via Lei de Acesso à Informação, processo que levou duas semanas. A informação é referente ao período de 1 de junho de 2013 a 28 de janeiro de 2014.

Em entrevista à BBC Brasil, o Comandante-Geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, confirmou que nenhum policial foi punido. Ele disse que os 21 processos envolvem mais que 21 policiais, mas não soube precisar o número exato.

Na entrevista, Meira diz que alguns inquéritos foram concluídos, mas a comunicação oficial enviada pela Corregedoria contradiz o comandante, ao dizer que os 21 inquéritos ainda “estão sendo apurados”.

“Não tenha dúvida de que aguardamos decisão (da Justiça Militar, para onde seguirão os inquéritos após conclusão) para iniciar o processo administrativo (de eventual punição para policiais que venha a ser condenados)”, disse Meira.

Igor Leone, membro do coletivo Advogados Ativistas, que presta assistência jurídica a manifestantes envolvidos em incidentes nos protestos, disse que o número “causa surpresa, mas surpreende por ser muito pequeno”.

“A gente esperava muito mais. Não temos quase nenhuma informação do que ocorre na Corregedoria. Aqui no coletivo Advogados Ativistas nunca tivemos notícia de que um policial tenha sofrido punição exemplar por conduta inadequada”, disse.