POLÍCIA MILITAR DESMANCHA PIQUETE E AMEAÇA ESTUDANTES

Via Greve USP

Estudantes em greve organizaram na manhã de hoje (05.set) um piquete no bandejão da Química. Polícia Militar foi acionada e sem mandado judicial impediu a ação do movimento ameaçando estudantes e forjando uma situação de desacato à autoridade.

Além da arbitrária decisão em desmanchar o piquete, outra situação absurda ocorreu. Longe do portão onde estava ocorrendo a discussão entre policiais e grevistas, uma estudante conversava com as funcionárias terceirizadas que trabalham no restaurante. A conversa informal tratava dos pontos da greve, últimos acontecimentos e as recentes repressões policiais contra a greve da USP e outros movimentos sociais. Em determinado momento os policiais interromperam a conversa e deram voz de prisão à estudante por “desacato à autoridade”. Sob a argumentação de que a crítica à instituição seria sim uma forma de desacato, os policiais repetiram a censura que impera neste país há décadas.

Policiais também ameaçaram estudantes que estavam filmando a ação. Segundo a legislação, é direito de qualquer cidadão filmar as ações de um agente do Estado, enquanto este exerce sua função pública. A filmagem da ação policial jamais deve ser impedida ou coibida, caso isso ocorra é abuso de autoridade e é crime.

Os piquetes têm sido, desde o início da greve, uma das maiores ferramentas de pressão do movimento grevista que, por conta da intransigência da reitoria, se viu forçado a tais ações. As reiteradas posições do TRT, STF e tantos/as outros/as advogados/as em defesa da greve na USP são só mais uma prova da dimensão do ataque da reitoria da USP e do governo o Estado de São Paulo, pois até estes setores perceberam a que nível chegou a política de desmantelamento da USP.

Independentemente das decisões judiciais, a greve, os piquetes e atos de rua são ferramentas utilizadas para garantir as conquistas das classes que são oprimidas pelo Estado e pelo Capital ao longo de toda a história. A sua legitimidade se dá não através de argumentos legalistas, mas pelo seu valor na luta contra os opressores. “Não confunda a violência do opressor com a resistência do oprimido”.

Desde o início da greve na USP, foram os piquetes as maiores ferramentas de pressão do movimento perante a intransigência da reitoria que negava-se a fazer qualquer tipo de negociação com as 3 categorias.

O piquete de hoje no bandejão da química deixou novamente o recado de que o movimento estudantil não recua na luta e que não serão aceitas novas privatizações! Estamos organizados/as e seguiremos até barrar o pacote de medidas impostas pelo REItor Marco Antônio Zago, porque

NÃO TEM ARREGO!

Vídeo do Ocorrido

Nota de Solidariedade aos presos do ato Não Vai Ter Copa

Nós, da Tendência Estudantil Rizoma, viemos a público manifestar nosso apoio e solidariedade às duas pessoas detidas durante o ato “Não vai ter Copa”, realizado na segunda-feira – dia 23/junho, na Av. Paulista.
Para além do tradicional debate acerca da criminalização que a polícia pratica contra movimentos sociais, muito nos preocupa a acusação feita aos dois homens detidos de serem “liderança dos black blocs” (sic).
Segundo nota divulgada em famosos canais de comunicação, conhecidos por suas manipulações midiáticas, Fábio Hideki é apontado como líder dos black blocks: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,policia-prende-dois-black-blocs-em-flagrante-em-protesto-na-paulista,1517473 e Rafael Lusvarch seria também integrante da mesma organização.
Até onde sabemos a tática black block é conhecida por ser composta por pessoas que escondem seus rostos, vestem-se de preto e praticam ações contra propriedades privadas. Fábio e Rafael não vestiam preto e não escondiam o rosto. Muito pelo contrário, Rafael ficou conhecido nacionalmente quando no ato realizado dia 12 de junho, ficou frente à frente com a polícia com o rosto descoberto e sem camisa. Fábio é funcionário e estudante da USP, e claramente foi vítima de um flagrante forjado (http://youtu.be/7pJyzoT7soc ).
O que está em questão é o governo do Estado de São Paulo buscando exemplos de punição, tal como eram praticados durante os períodos inquisitoriais. Não interessa de fato se quem responde é realmente culpado, contanto que sirvam de exemplo para que as pessoas sintam medo de praticar aquilo pelo qual estão respondendo os “bodes expiatórios”. O recado que fica dado com estas prisões arbitrárias é o mesmo que se tentou dar com a demissão dos 42 metroviários grevistas: “ou vocês param imediatamente com esta coisa de política organizada, ou o cerco vai fechar ainda mais”. Acerca dos manifestantes a polícia e a imprensa agiu rapidamente, mas outra dúvida que paira no ar: o que dizem sobre os policiais à paisana carregando arma de fogo em meio a protestos e que disparam sem pensar duas vezes?
Fazemos um apelo à todos os movimentos sociais e organizações de direitos humanos. Temos vivenciado no Brasil um silêncio criminoso acerca da criminalização daqueles que lutam por uma sociedade mais justa. Qualquer que seja o governo em questão está aliado com o capitalismo e a burguesia, e tentarão impedir os levantes populares. Ano passado prenderam Rafael Braga (http://www.geledes.org.br/quem-e-rafael-braga-vieira-o-unico-preso-por-crime-relacionado-protestos-brasil-ele-portava-pinho-sol/), este ano demitiram 42 metroviários grevistas e agora prenderam outras 2 pessoas pelo simples fato de estarem nas ruas. Ruas que eles querem apenas para a especulação imobiliária, apenas para os carros.
Nunca na história deixamos de lutar por medo. Sairemos sim em defesa de todas as pessoas que forem presas, demitidas ou expulsas de seus locais de estudo e trabalho por terem se organizado politicamente. E também repetimos, para deixar ainda mais claro para quem não entendeu: não será com a política do medo e do terror que nos tirarão das ruas. Mesmo que tentem prender e matar todos os nossos, voltaremos. Voltaremos por quê de fato nunca conseguiram eliminar todos nós. E nunca conseguirão.
Lutar não é crime!
Captura de tela - 06-06-2014 - 02:55:41

A brutalidade da PM paulista e a mentira na TV

Por Patrícia Rodsenko, no Facebook

É com tristeza e indignação que venho compartilhar com vocês como me tornei recentemente mais uma das vítimas do nosso fracassado sistema de segurança pública. Na última quinta-feira, 15 de maio, enquanto voltava para casa durante os protestos que tomavam a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, fui brutalmente atingida por um dos armamentos que a Polícia Militar do Estado de São Paulo tem usado para conter manifestantes e, como ocorreu comigo, qualquer outra pessoa que esteja ao alcance de suas ações desmedidas e injustificáveis.

Após sair de um cinema com uma amiga na Rua Augusta, fomos para um café ali perto e aguardamos um pouco. Quando a manifestação já parecia ter se dispersado, fomos para a Rua da Consolação pegar nosso ônibus.

Foi nesse pequeno trajeto que tudo aconteceu. Enquanto um grupo de manifestantes tentava se reunir novamente, duas viaturas policiais subiram no sentido oposto atirando bombas e outros dos seus artefatos “não-letais”.

Ouvi dois grandes estouros e logo depois senti uma pancada muito forte no meu rosto, na região dos olhos. Sem entender direito o que havia acontecido, percebi apenas que eu sangrava muito. Minha roupa estava cheia de sangue e eu não conseguia mais abrir meu olho esquerdo. Fui socorrida por minha amiga, cuja presença foi inestimável, e por pessoas que estavam na rua no momento. Alguns médicos que participavam de uma conferência num hotel próximo ao Metro Paulista também me deram os primeiros socorros. A todos gostaria de agradecer imensamente pela solidariedade.

Pensei que ficaria cega, mas por absoluta sorte meu olho não foi atingido. Concluí depois que, infelizmente, a sorte é muitas vezes a única coisa que nos protege da violência policial. Tive “apenas” o nariz quebrado e, segundo o relato médico que tive ao ser atendida no Hospital das Clínicas, uma lesão no osso abaixo dos olhos. E eis o resultado de mais uma ação policial: alguns pontos no rosto, anti-inflamatórios que não consegui adquirir pelo sistema público de saúde, uma cirurgia que farei nesta semana para reparar meu nariz e, o que talvez mais me dói como cidadã brasileira, mais um profundo golpe nos nossos direitos. Em nome da ordem pública e da preservação do patrimônio, se ignora outro dever constitucional do Estado em matéria de segurança pública: a proteção da integridade e da incolumidade das pessoas.

Por que tanta repressão arbitrária? Por que tanto despreparo, tanta violência? Para impedir manifestantes radicais de danificarem bancos e lojas, a polícia atira assumindo o risco de cegar alguém aleatoriamente? Não há inteligência policial para evitar excessos sem pôr em risco a vida de todos nós? É mesmo essa a policia que foi instituída como um dever do Estado para proteger a população? Uma polícia que atira no meu rosto é uma polícia que nos põe em dúvida com relação ao seu próprio sentido de existir!

Não pretendo entrar na discussão política sobre os gastos com o Mundial da FIFA, a qualidade dos serviços públicos no Brasil ou o verdadeiro nível de democracia em nosso país. Essas são discussões extremamente importantes, mas que ficam ofuscadas quando nosso direito básico de ser protegido pelo Estado se transforma na possibilidade de ser atacado por ele arbitraria e brutalmente.

Como um direito humano fundamental, o verdadeiro sentido da segurança jamais será o de uma prerrogativa do Estado para se defender de críticas e dos seus opositores, mas um direito que todas as pessoas têm de não se sentirem vulneráveis em relação à violência de quem quer que seja.

Como alguns de vocês sabem, moro numa das regiões mais pobres da cidade mais rica do país. Aqui, cada pessoa que sabe da violência que sofri me aconselha a não seguir adiante com meu testemunho e a não buscar reparação judicial pelo que estou sofrendo. Infelizmente, as pessoas (e a minha mãe talvez mais que todos) temem que eu possa ser alvo de retaliações policiais.

Até quando seguiremos nos sentindo vulneráveis e impotentes diante da violência? É dessa outra segurança, aquela que nos permite não ser refém do medo, que precisamos para nos tornarmos um dia a sociedade que desejamos ser. É dessa outra segurança que eu e os vários jovens brasileiros que sofrem nas periferias do país precisamos. É dessa segurança que precisam inclusive os policiais que cometem esses atos totalmente descabidos e lamentáveis, moradores que são eles também dessas mesmas periferias abandonadas pelo poder público.

Pelos jornais, pude ver que na última quinta-feira, quando fui vítima do despreparo policial, o Brasil assistiu a dezenas de manifestações em várias cidades do país. Eu não estava na manifestação que ocorreu aqui em São Paulo, mas sou totalmente a favor da população se reunir e expressar suas insatisfações com o Estado. Quantas vezes forem necessárias.

Não é um favor o que os governos fazem ao deixar a população ir às ruas se expressar. É uma obrigação! A liberdade de expressão é um direito do cidadão, não é? Está na constituição, não está? Por mais que se tente, não posso culpar qualquer manifestante “radical” pelo que me ocorreu. A polícia precisa aprender a lidar com eles, com todos os outros manifestantes e não manifestantes sem abandonar outros valores fundamentais para todos nós. Sairemos crescidos desse momento político se formos capazes desse gesto.

Ontem, assisti no jornal de maior audiência do país que a Secretaria de Segurança de São Paulo desmentiu a “mulher ferida em protesto”. Eu, Patrícia Rodsenko, já apenas mais uma pessoa na estatística da violência, estava enganada quando imaginei ter sido atingida por uma bala de borracha disparada pela PM.

A Secretaria afirmou em nota que garantiu zelosamente o direito à livre manifestação e que balas de borracha não foram usadas em nenhum momento no protesto. Não pretendo entrar numa discussão semântica sobre qual o nome do artefato que atingiu meu rosto na última quinta-feira. O fato inegável é que, sendo estilhaço de bomba ou bala de borracha, esse objeto quebrou meu nariz e por pouco não me cegou.

O sangue que permanece insistente na roupa que usava no dia é inegável e foi resultado de uma violência cometida em nome e sob a responsabilidade desta mesma Secretaria de Segurança. No meio dessa disputa com a opinião pública para mudar de nome os mesmos gestos injustificáveis, me pergunto apenas porque o Estado de São Paulo teria aceitado do Governo Federal em março desse ano 314 kits com armas de balas de borracha para combater protestos na Copa deste ano. Afinal, a Secretaria de Segurança diz não fará qualquer uso deles.

Cavalaria da PM terá armadura para enfrentar protestos na Copa

ODEIE A POLÍCIA TODOS OS DIAS DA SUA VIDA

A cavalaria do choque agora será blindada. Para estrearem na Copa do Mundo, os animais ganharam uma armadura com um conjunto de viseira de acrílico, botas antiderrapantes, protetor facial e um cobertura de couro maior no peito. Os policiais militares por sua vez vão usar uma nova indumentária semelhante à roupa do “Robocop” – um exoesqueleto de polipropileno, um material resistente a todo o tipo de pancadaria esperada nos próximos grandes eventos.

Os duzentos kits de proteção começaram a ser usados nos treinamentos neste mês. Cada conjunto custou cerca de R$600 para os acessórios dos cavalos  e  R$2.300 pela nova vestimenta.

Antes, os animais andavam sem nenhum equipamento que pudesse amortecer o impacto de ataques de manifestantes.  A face e o focinho do cavalo, o chamado chanfro,  são especialmente sensíveis, o que leva ao risco de quedas e tropeços. Sem as botas, eles podiam escorregar e desestabilizar as operações. Os PMs tinham apenas um colete balístico e eram vulneráveis a quedas, tiros e objetos lançados.

“É um projeto já em preparação há quatro anos. Aconteceu de coincidir com a Copa, mas servirá para operações em praças esportivas, reintegrações de posse e para todos os outros eventos que possam trazer perigo para o cavalo e o policial militar”, diz o comandante do pelotão de doma (picaria), tenente Rafael da Silva Gouveia.

 

Os animais precisaram passar por uma preparação especial em uma arena aberta coberta de areia nas últimas semanas. Na maioria exemplares da raça Hípica Brasileira, os 231 cavalos do Regimento de Pelotão Montado 9 de Julho passaram por um período de adaptação e estranharam de início os acessórios.

A viseira causa uma diferença de visibilidade com o reflexo da luz e, de regra, o material de montagem deve ser minimalista, uma vez que qualquer novo equipamento pode deixá-los irritados e desconfortáveis. Não por menos, houve cenas de desequilíbrio e acidentes. As botas tiveram que ser testadas em diferentes pisos nas ruas.

Para os PMs,  a armadura também exigiu adaptação.  Com tamanho único, o conjunto é dividido em parte superior e inferior, com placas articuladas e ajustáveis ao tamanho do policial semelhante a roupa de motociclistas. Quente, a roupa tem nas costas uma mochila. ” Para guardar água e se hidratar”, diz Gouveia.

[Informe] CALC consegue revogação da multa cobrada pela direção da ECA/USP

Segue informe do Centro Acadêmico Lupe Cotrim ECA/USP:

VITÓRIA DOS ESTUDANTES E DA QIB
Conquistamos a revogação!

Diante da mobilização dos estudantes pelo “REVOGA JÁ!”, conquistamos a revogação dos R$1790,00 cobrados indevidamente do CALC pela diretoria da ECA.

A cobrança foi feita depois que a diretoria da ECA “propôs” ao CALC que não fossem mais realizadas as QiBs. Motivo: problemas de segurança – causados, segundo a diretoria, por aqueles frequentadores da QiB que não têm “perfil de estudante”, ou seja, a comunidade do entorno da USP, em sua maioria das vezes negra e pobre.

Essa cobrança é só a ponta do iceberg: é reflexo de um projeto de universidade dos governos, aplicado pelas diretorias e reitoria, para que a USP seja cada vez mais fechada, elitizada e privatizada. O problema de segurança na universidade, que é um problema sério que deve ser discutido, foi utilizado pela diretoria para acabar com a QiB e, assim, seguir aprofundando seu projeto.

A cobrança é uma forma de criminalizar a entidade e responsabilizá-la por um problema que cabe ser resolvido pelas diretorias e reitoria, e não pelos estudantes. A falta de segurança não é um problema só da QiB, mas de toda a USP. Furtos, assaltos e até mesmo estupros acontecem em todo o campus, em todas as festas, pontos de ônibus, etc, justamente pela pouca circulação de pessoas e linhas de ônibus, pouca iluminação e pela reitoria não ter uma política adequada para segurança da comunidade universitária – suas opções são: PPUSP, que mais zela pelo patrimônio do que pelas pessoas, e Polícia Militar, um aparato repressivo, resquício da ditadura militar.

Precisamos de um plano alternativo de segurança! A responsabilidade não é do CALC e a culpa não é da QiB!

A nossa festa vai na contramão desse projeto de universidade, pois, além de financiar nossa entidade e garantir nossa independência financeira, é um espaço de confraternização e lazer não só para os estudantes da USP, como também para a comunidade externa.

A REVOGAÇÃO
No documento em anexo a diretoria se diz ser aberta ao diálogo e ouvir os estudantes. Mas a congregação do dia 23, relatada pela representante discente Marcela Carbone, nos provou o contrário. Ao terem sido colocadas nossas reivindicações (revogação da cobrança e plenária das 3 categorias para debater segurança), a diretoria foi completamente intransigente e firme na sua posição de nos responsabilizar e não revogar a cobrança.

Diante da ausência de diálogo por parte da diretoria, a campanha REVOGA JÁ! foi votada democraticamente na Assembleia dos Estudantes da ECA do dia 23/04 e, a partir de então, com crafts, panfletos, denúncias no facebook e a possiblidade de trancaço no prédio central pelos estudantes, a diretoria, pressionada, não viu outra alternativa senão ceder e revogar a cobrança. E também se dispôs a convocar uma plenária das três categorias para debater um plano alternativo de segurança.

E mais uma vez, a vitória só foi possível com a organização coletiva dos estudantes. Essa revogação é fruto da nossa organização e luta. É mérito dos estudantes e temos que no orgulhar disso.

NÃO VAMOS PARAR POR AQUI
A assembleia também deliberou:
A construção de um seminário dos estudantes sobre segurança, a fim de elaborarmos coletivamente um plano alternativo de segurança, que reflita as demandas da comunidade universitária;

E MAIS! Ainda essa semana, será distribuído um Jornal Especial da QiB, aprofundando todos esses debates.

Que a Lupe esteja com você. Beijos.
Centro Acadêmico Lupe Cotrim

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