Mais um ataque ao Núcleo de Consciência Negra na USP

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São Paulo, 23 de Julho de 2012 

Os alunos, colaboradores e coordenadores do Núcleo de Consciência Negra (NCN) foram surpreendidos na última semana com a notícia de que o espaço ao lado do NCN, onde funcionava a vivência do Centro Acadêmico da Faculdade de Economia e Administração da USP (o CAVC), fora transferido para outro local e que haviam sido retiradas as telhas do barracão e parte das paredes na parte de cima, deixando um enorme buraco na parede que ligava as duas entidades.

A demolição parcial do barracão foi feita com ordens da COESF-USP e aconteceu sem que o NCN fosse comunicado e, por conta disso, a sede do NCN ficou vulnerável durante o fim de semana e o espaço fora violado, foram furtados vários equipamentos utilizados em sala de aula, dentre eles um retroprojetor, um computador e alguns aparelhos de DVDs. E agora, de quem é a culpa por isso?

Esse é o mais novo ataque que nossa entidade sofreu, mas não é o primeiro. No dia 21 de dezembro de 2011, o NCN foi surpreendido por uma tentativa de demolição do barracão, local onde desenvolve suas atividades no Campus Butantã da Universidade de São Paulo. Naquele momento o NCN conseguiu, através de mobilização política junto às entidades sindicais, estudantis, do Movimento Negro e Movimentos Sociais, garantir sua permanência.

O NCN se encontra em processo de negociação com a USP e por isso julgamos inexplicável que a universidade tenha cometido tamanha arbitrariedade.  O diálogo nunca foi fácil, pois o NCN é historicamente uma entidade que debate acadêmica e politicamente a situação do negro na nossa sociedade e, principalmente, questiona a ausência dessa parcela da população nas universidades públicas, principalmente na Universidade de São Paulo.

Esta é uma nota de denúncia, mas também uma convocação para todos aqueles que entendem a importância da continuidade das atividades do NCN,como a manutenção da Biblioteca Carolina Maria de Jesus, a continuidade do Curso Pré-Vestibular, que visa principalmente levar negros e pobres a ingressar em uma universidade pública, e o Curso de idiomas, que foi criado para dar às pessoas de baixa-renda, uma oportunidade de aprender um segundo idioma.

Contamos com o apoio e esperamos que mais entidades tomem para si esta luta. Convocamos o DCE, Centros Acadêmicos, a ADUSP, o SINTUSP, organizações do Movimento Negro, e demais entidades a somarem forças conosco numa grande campanha visando garantir a permanência do Núcleo de Consciência Negra na USP até vencermos a segregação racial das universidades brasileiras!

Desocupação tática: Trégua sim. Recuo jamais. (CQM)

Tirado de http://quebrandomuros.wordpress.com/2012/07/23/desocupacao-tatica-tregua-sim-recuo-jamais/

 

Na última assembleia estudantil, dia 20, o Movimento Estudantil da UFPR votou pela desocupação da reitoria da instituição. A ação de radicalização do movimento trouxe para junto dos alunos grevistas grande força externa para com sua luta. Os movimentos de paralisação de ambas as categorias, professores e servidores, manifestaram publicamente seu apoio à luta através da ocupação. Diversas entidades estudantis e coletivos de esquerda publicizaram moções nas quais se colocavam ombro a ombro com o Comando de Greve dos Estudantes. A força adquirida pelos alunos não podia mais ser ignorada pelos burocratas do poder.

Acuada pela pressão estabelecida pela ocupação, a Reitoria da Universidade Federal do Paraná não teve outra escolha além de criminalizar e difamar os alunos que tomaram a dianteira do processo. Aliados ao DCE, os representantesda instituição espalharam junto à imprensa diversas mentiras que versavam desde uma falsa ligação da totalidade do Movimento para com partidos políticos (nunca é demais lembrar que o Coletivo Quebrando Muros é veementemente contrário a construção política realizada dessa maneira) até acusação de depredação do prédio ocupado, o que o próprio reitor Zaki Akel teve que desmentir depois da vistoria do prédio. Poucos dias antes da desocupação o mesmo reitor foi aos principais veículos de comunicação para amarrar ameaça de expulsão dos grevistas com a acusação de que o os discentes mobilizados se colocavam como entrave para liberação de medicamentos para a Maternidade Victor Ferreira do Amaral e também para a reforma do Campus Teixeira Soares.

Acusações falaciosas. Durante o processo de construção da greve, que começou a cerca de dois meses, militantes das três categorias (alunos, servidores e professores) visitaram, levantaram dados e realizaram atividades para esclarecer a situação do Teixeira Soares. Não só o Campus já era verdadeira ruína pós-apocalíptica, e, portanto, excessivamente atrasada, como o projeto do Campus atende uma lógica de ensino que contempla um projeto pedagógico absolutamente nefasto. A ocupação não poderia ter atrasado as obras, uma vez que elas nem sequer tinham, de fato, começado. E, com respeito, a Maternidade, a ocupação possuía uma Comissão de Ética que avaliava todos as requisições de documentos enviados para liberá-los se julgasse necessário. Documentos necessários para compra de remédios do Hospital de Clínicas foram liberados. Não haveria porque o tratamento ser diferente para com a maternidade se os documentos tivessem requisitados. Aliás, a mesma Comissão de Ética entrou em contato com a Maternidade e verificou que ela não estava com deficiência em seu estoque de medicamentos, desmentindo assim a matéria televisionada.

Ainda há de ser ressaltado que graças à militância na ocupação o Movimento continuou mobilizado mesmo em período de férias.  Tal mobilização garantiu que a maior assembleia de alunos da UFPR esse ano fosse realizada em meados de julho com cerca de 600 participantes que votaram pela manutenção da ocupação em tal ocasião. A excepcionalidade da radicalização do movimento evidenciou o movimento de greve perante a sociedade brasileira, inclusive forçando setores da imprensa que até então faziam de conta que a greve não existia a cobrir o evento.

Frente a isso fica claro que a saída da Reitoria não se dá por recuo, e sim, por trégua. O reinício imediato das negociações, e dessa vez pra valer, revela que a desocupação realizou-se de maneira estratégica e na hora certa. Não é mais possível a impassibilidade e ignorância que os burocratas tinham praticado frente às pautas elaboradas coletivamente por aqueles que lutam contra a destruição do ensino universitário. A mesa de negociações não é mais um faz de conta inócuo. A urgência com a qual os representantes do poder querem resolver nossas pautas só pode significar uma coisa: Os burocratas reconhecem a força do Movimento Estudantil e sabem que radicalização construída pela base é eficiente. Sabem que se a base optar pela radicalização, o Movimento radicaliza. Frente a um Movimento Estudantil forte e que opta pelo combate todos os ouvidos desensurdecem.

 

Quer saber porque o Movimento havia optado pela ocupação?
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Manifesto de Córdoba, 1918

É de se espantar a atualidade deste texto escrito em meio a lutas estudantis argentinas de 1918. Quase 100 anos atrás, e muitas discussões se mantêm praticamente inalteradas…
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MANIFESTO LIMINAR
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Da Juventude Argentina de Córdoba aos homens livres da América.

Homens de uma República livre, acabamos de romper a última corrente que, em pleno século XX, nos atava à antiga dominação monárquica e monástica. Resolvemos chamar todas as coisas pelos nomes que têm. Córdoba se redime. A partir de hoje contamos para o país uma vergonha a menos e uma liberdade a mais. As dores que ficam são as liberdades que faltam. Acreditamos que não erramos, as ressonâncias do coração nos advertem: estamos pisando sobre uma revolução, estamos vivendo uma hora americana.

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