Sobre os bons policiais

Texto escrito por Mandi para o zine Falando pro Mundão.

Sobre os bons policiais

“E quem pacifica a polícia?” – dizia um cartaz que li dia desses. Não sei. Não sei, pois não há diálogo entre quem porta uma arma versus quem tem somente a própria boca (ou a maioria das bocas do mundo!).

Também me pergunto, como uma das músicas da Frente 3 de Fevereiro, “quem policia a polícia?”. Mas dessa, eu sei a resposta: todas e todos nós. E, se considerarmos que o mundo se divide entre dominante x dominado; oprimido x opressor; quem manda xquem obedece; quem tem dinheiro x quem não tem… Podemos dizer que há duas versões sobre a atuação policial. Em qual você acredita?

Em nenhum momento que a Globo, a Veja (a mesma coisa, né?!) ou Estado defendem a polícia, o estão fazendo sem algum interesse. Para a grande mídia (que são empresas), para as grandes empresas (que patrocinam a grande mídia), para o Estado (que facilita a vida de grandes empresas) e para empresários (que mandam no Estado), é fundamental fazer com que todo mundo acredite que o policial é o herói, o mocinho que nos salva de todo mau, o que não é mentira. Para eles. Os dominantes. Para os que tem dinheiro e propriedades a serem defendidas (e vendidas e compradas e leiloadas).

Já diria Facção Central: Isso aqui é uma guerra. E além disso, também nos diria que na guerra, o mais inocente é o favelado de fuzil russo. Isso porque, enquanto eu escrevo esse texto (e você lê!), milhares de moleques pegam em seus primeiros revolveres, enquanto ninguém vê. Enquanto ninguém quer saber se o moleque já comeu, mas se a lei permite que ele seja preso. Enquanto tudo que importa, é ver o bom policial expulsando mais uma família sem teto (que é a família do menino…) dum predio qualquer. A polícia que eu conheço defende a propriedade, não o ser humano.

A polícia que eu vejo é a que está em guerra, todo dia, contra o povo pobre dos bairros não nobres e periferias. A polícia que eu conheço é a vilã. Que enquadra todo pobre que ousa pensar que é livre para andar nas ruas. A polícia que conheço tem o “suspeito padrão”, o ser humano que será perseguido desde que nasceu. A polícia que conheço é racista.

De onde venho, a polícia me faz engolir bandeira e faixa, se resolvo agir, me manifestar ou fazer parte de movimento social. A polícia bate em 100, 200, 500, se resolvemos abrir a boca, se cansamos dos enquadros, do racismo… Da fome, da falta de emprego, da falta de perspectiva, da falta de casa pra morar. A polícia que conheço taca bomba de gás e bala de borracha em manifestante que, na falta de tudo, tem esperança de sobra. A polícia que conheço não é povo.

Se a televisão me diz que a polícia protegeu a esposa do empresário de ser assaltada, eu digo pra televisão (eu falo sozinha), que nos bairros escuros, aqui de baixo, o policial estupra a mulher, estupra a menina. Elas não são nem a esposa nem a filha do empresário. Aqui em baixo a polícia é o demônio, personagem central nesse inferno.

Até quando fecharemos nossos olhos? Até quando o inimigo nos convencerá?

Fora polícia! Dos bairros, favelas, escolas e vidas!

(Texto dedicado à todas as pessoas mortas pela polícia – que são muitas! – em especial às dos últimos dias, em que a chacina pulsa diante de nossos olhos)

Por Mandi

Festival do Cão! 8,9 e 10 de novembro na prainha da ECA!

A Cidade Universitária se abre em FESTIVAL para SÃO PAULO!

WWW.FESTIVALDOCAO.TUMBLR.COM

Nos dias 08, 09, 10_11_0012 (quinta, sexta e sábado), a PRAINHA, praça da ECA-USP, recebe dezenas de atrações para uma FESTA dos estudantes com a cidade. Os portões estarão abertos para proporcionar esse encontro entre as bandas, DJ’s, VJ’s, grupos teatrais e de dança, coletivos, entidades estudantis e cachorros que constroem o FESTIVAL DO CÃO.

Se nos negam as RUAS e nos tiram as PRAÇAS, latimos à LIBERDADE e respondemos com nossa produção independente. Teremos atrações no CANiL_, no PALCÃO, pistas e toda a praça aberta a intervenções. A nossa réplica não tem a truculência dos que oprimem. Ao contrário, explodimos o ROSA CHOQ_ na cidade, imprimimos ao espaço a nossa (RE-)EXISTÊNCIA.Celebrando 10 anos de Quinta i Breja. 6 anos 6 meses e 6 dias de ocupação do CANiL_ enquanto espaço da livre expressão cultural e política.

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Não creditem nada aos meios de comunicação que se empenham constantemente em deslegitimar a nossa querida, velha e sofrida periferia. (por Yuri Polvilho)

Pedirei, apesar do grande texto que escrevi, aos meus amigos não informados na totalidade acerca do que acontece na USP leiam:

Não creditem nada aos meios de comunicação que se empenham constantemente em deslegitimar a nossa querida, velha e sofrida periferia.

Os meios de comunicação possuem sim pessoas em seu comando e que cumprem um papel dentro de nossa sociedade hierarquizada e da divisão produtiva e social existente dentro de nosso território, ou seja, assim como qualquer discurso, não possuem neutralidade, acrescentando o fato de nas mãos da grande mídia esse discurso se portar como um interesse exclusivo objetivado em mascarar as verdadeiras relações das coisas.

Quanto ao “TÚNEL” encontrado na comunidade da São Remo, tenho toda a certeza de que se trata de mais uma jogada que já vem acontecendo há alguns meses, como interesse da Gestão do REITOR João Grandino Rodas, escolhido pelo governador Geraldo Alckmin –sim, o mesmo do Massacre do PINHEIRINHO e dos despejos violentos aos moradores ocupantes de imóveis abandonados do centro –, em total alinhamento com a política de/para ELITE do PSDB. RODAS pretende e já lança um projeto de “REURBANIZAÇÃO” da comunidade da São Remo, já relembrando a chegada de eventos internacionais como a Copa e Olimpíadas e a grande valorização de propriedades e terrenos no bairro do Butantã, que se expressa como um reflexo da ESPECULAÇÃO imobiliária em expansão sob os interesses das grandes Empreiteiras e Elites, tendo como objetivo a expulsão dos pobres das regiões de nova “centralidade”.

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Moção de repúdio à violência policial aos etudantes da UFES (Rizoma e CQM)

Nós, estudantes e trabalhadores do Coletivo Quebrando Muros e da Tendência Libertária Rizoma, vimos por meio desta moção repudiar a ação violenta da Polícia Militar do Espirito Santo contra os estudantes da UFES- campus de Goiabeiras, no dia 05 de outubro. Entendemos que a Universidade deve ser um espaço democrático e de debate crítico, e JAMAIS de repressão policial e que os estudantes podem e devem utilizar os espaços da universidade, não só no âmbito acadêmico, como também no político, cultural, social, prezando sempre pela autonomia e livre expressão.

Percebemos que os casos de militarização dos campi de diversas universidades públicas do país só vem aumentando, já tivemos casos recentes na USP, UNIFESP Guarulhos, UERJ e agora a UFES entre tantos outros. Esta postura é contrária aos direitos de liberdade de pensamento e manifestação dentro da universidade, visto que fere a autonomia universitária. Em todos os exemplos, vemos que a intervenção policial
sempre é violenta, e vem no intuito de conter manifestações e atos de estudantes e trabalhadores em luta por melhorias na educação, condições de trabalho e agora até em atividades culturais.

Nesse sentido, é inadmissivel a violência cometida contra os estudantes da UFES.
Expressamos também nosso total apoio aos estudantes!

FORA PM DA UFES!

Coletivo Quebrando Muros
Rizoma – Tendência Libertária e Autônoma