Quem se importa com a morte de mais um José?

Por Negro Belchior 

“Mandaram meu filho ajoelhar e o assassinaram”

A frase acima é do pai da vítima, o senhor que você vê na foto, que afirma que o rapaz foi assassinado por PMs. Revoltados, moradores incendiaram dois ônibus e fecharam via na Zona Norte do Rio

Mais uma operação da Polícia Militar carioca, agora no Morro São João, no Engenho Novo, terminou com a morte de um civil – um jovem negro, para não fugir a regra. Na noite desta quarta-feira, José Carlos Lopes Junior, de 19 anos, teria sido sumariamente executado por policiais militares – segundo relatos de moradores publicados pelo jornal carioca O Dia. Após essa ação da PM, dezenas de moradores da favela, que conta com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde janeiro de 2011, fecharam o acesso principal e incendiaram dois ônibus.

O pai da vítima, José Carlos Lopes, afirmou o seguinte ao jornal:  Mandaram meu filho ajoelhar e o assassinaram. Que polícia é essa? Por isso que sumiram com o Amarildo e não acontece nada”.

E o Rio sangra…

Há muitos anos movimentos sociais brasileiros e organizações internacionais denunciam a política de segurança e a permanente ação genocida das polícias no Rio de Janeiro e de todo o país.

O Estado e suas polícias – que são inclusive glamourizadas no cinema — têm suas ações legitimadas pelos grandes meios de comunicação que repetem o discurso sobre a necessidade de se garantir a segurança do “cidadão de bem”, além de contribuir para que a violência seja considerado algo natural, desde que por uma suposta legítima defesa e, também, é claro, desde que dirigida a um alvo determinado – e aí os “alvos” são, quase sempre, não por acaso, pobres e pretos.

Quem se importa com a morte de mais um José?

Que grande jornal televisivo cobrirá a dor da família?

A “opinião pública” vai exigir uma caça ao vivo e em tomadas cinematográficas do suspeito pelo assassinato de José?

Debateremos leis mais severas para coibir a ação dos assassinos a serviço do estado?

Ouviremos discursos emocionados de âncoras nos telejornais das grandes redes de televisão?

Especialistas analisarão, em horário nobre, a fragilidade de uma democracia que promove com seu aparato armado, uma carnificina muito maior que a registrada em nossas duas ditaduras civil-militares?

A Polícia Federal será acionada para encontrar, seja onde for, o “foragido”?

Ah, ele não está foragido! O fardado que apertou o gatilho será comemorado e ganhará mais status em sua corporação.

E logo virão as cenas do próximo capítulo…

E a poesia dos Racionais…  cada dia mais sentido faz!

 “Recebe o mérito, a farda, que pratica o mal.

Me vê , pobre, preso ou morto, Já é cultural”.

Racionais

Bloco de Carnaval da Fanfarra do M.A.L – ESTE DOMINGO!

Bora colaaaar!!!!

São Paulo, junho de 2013, o levante popular colocou os governantes em baixo de suas camas em posição fecal. O gigante nunca acordou, nunca existiu nenhum gigante. O que existiu foi um histórico de intensa luta contra o sistema e o aprendizado acumulado daqueles que sempre combateram. A tarifa foi derrubada e com ela qualquer esperança coxinha de que não haverá revolução.

Estádio, FIFA, rede globo, coca-cola, estado de exceção que é permanente, gás lacrimogêneo, higienização, remoção de comunidades, nacionalismo, pinho-sol, prisões arbitrárias, Elisabete Gomes da Silva, Olimpíadas.

… Foda.

Já disse Voltairine de Claire “auto-responsabilidade, e a não adoração de líderes” são os ingredientes desse Coquetel Molotov que será lançado, durante o Bloco do M.A.L., na rua no dia 23 de fevereiro de 2014, às 15h, partindo do Largo do Arouche.

Não tocamos em atos contra a corrupção!

Somos Anticapitalistas!

Machistas não passarão!

Fodam-se as catracas!

Me cago en los nacionalistas!

Fanfarra do M.A.L. – nem melhor, nem diferente, pior!

Letra do samba-enredo 2014, link para download no final:

vem ver a copa acabar
antes de começar
vem lutar nesse carnaval
vem curtir o samba e dançar e cantar com a Fanfarra do M.A.L!

não vai ter remoção (não vai ter copa não!)
não vai ter estado de exceção (é permanente!)
não vai ter gentrificação
vai ter o povo ensaiando pra revolução!

agora a rua é nossa
com a revolta não há quem possa
bonito é o povo entrando em campo
é ver a fifa caindo em pranto

o dia raiou mais bonito, o continente inteiro acordou tranquilo
a tarifa foi pro precipício, o mundo inteiro entendeu o feminismo
os governantes pediram penico, os empresários foram demitidos
o trabalho não é mais permitido, polícia perdeu já não faz mais sentido!

[http://www.2shared.com/audio/77Jx94Go/15_Samba_enredo_2014.html]

Este sábado! Sarau da São Remo! Chega junto!

Evento no facebook: https://www.facebook.com/events/222708171265528/

Recado do Sarau Na Voz a Vez: “E para alavancar o PROJETO ALAVANCA, estaremos arrecadando, durante o Sarau, produtos de limpezas para realizar um grande mutirão de limpeza do prédio.
Vamos limpar a casa para iniciarmos as atividades e precisamos da colaboração de todos! Qualquer ajuda será bem vinda.”

Militante do Bloco de Luta denuncia intimidação de seu filho durante assembleia do movimento em Porto Alegre

Retirado de: http://www.sul21.com.br/jornal/militante-bloco-de-luta-denuncia-intimidacao-de-seu-filho-durante-assembleia-movimento-em-porto-alegre/

Lorena Castillo afirma que um segurança particular de umaempresa terceirizada tirou fotos de seu filho de sete anos durante uma assembleia do Bloco | Foto: Vinícius Rorato/Sul21.

| Foto: Vinícius Rorato/Sul21.

 

Por Samir Oliveira

 

Na noite do dia 12 de fevereiro, o Bloco de Luta pelo Transporte Público realizou uma assembleia com cerca de 300 pessoas na sede do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA). Durante o encontro, integrantes do coletivo afirmam que um indivíduo tirou fotografias do filho de Lorena Castillo, militante do Bloco e da Federação Anarquista Gaúcha (FAG). A denúncia foi feita logo após a reunião, em um depoimento no Facebook, e reiterada na tarde desta quarta-feira (19), em coletiva à imprensa promovida pela FAG.

Pela denúncia dos ativistas, o sujeito que teria praticado esta ação é um segurança privado, funcionário de uma empresa terceirizada de segurança contratada pelo SIMPA. Os integrantes do Bloco recordam que, durante a assembleia, começou a chover e o filho de Lorena, que tem sete anos, saiu para brincar na chuva. Neste momento, Lorena ficou na porta do auditório, cuidando da criança e observando o desenrolar da assembleia.

Ela afirma que o segurança estava na porta dos banheiros, próximo ao menino – e que ele estava vestido à paisana, sem o uniforme da empresa que o emprega. Segundo Lorena, no momento em que ela se virou para acompanhar a assembleia, ele teria tirado as fotos de seu filho.

| Foto: Vinícius Rorato/Sul21.

“Meu filho me disse: ‘mãe, o cara tá tirando foto de mim e fez sinal de que está me cuidando’”, recorda Lorena. Com isso, ela acionou outros militantes do Bloco e interpelou o segurança. “Prontamente fomos atrás dele e ele disse: ‘estou fazendo o meu trabalho, essas são minhas provas’”, relata.

A partir daí, os militantes retiraram o celular das mãos do segurança e verificaram que havia pelo menos duas fotos do filho de Lorena – que foram deletadas pelos ativistas. Após essa abordagem, uma diretora do SIMPA que acompanhava a assembleia dispensou o funcionário da empresa de segurança.

Para Lorena, trata-se de uma ação de intimidação comparável com a prática adotada pela repressão durante a ditadura militar. “Como mãe e como militante, quero denunciar isso. Esse tipo de intimidação de crianças ocorria na época da ditadura. Sabemos que existem policiais infiltrados, mas usar criança para intimidar e fazer esse tipo de acossamento é um ato de terror. A criança ficou bem abalada”, lamenta. Ela acredita que o funcionário da empresa terceirizada é um policial militar que estava lá para investigar o movimento. “Desde a época da ditadura, sabemos que quem comanda empresa de segurança privada é milico”, comenta.

Diretora do SIMPA, Veridiana Machado afirma que o sindicato já entrou em contato com a empresa terceirizada e solicitou o afastamento do funcionário que estava em serviço no dia 12 de fevereiro. A reportagem do Sul21 entrou em contato com a empresa de segurança, mas não conseguiu falar com sua direção. O funcionário que falou com a reportagem disse desconhecer a ação denunciada pela FAG e se recusou a confirmar se existe um contrato de prestação de serviço ao SIMPA ou se o funcionário denunciado é um de seus empregados. Ele disse que comunicaria à direção da empresa sobre o acontecimento. Até o fechamento desta reportagem, o Sul21 não conseguiu entrar em contato com os responsáveis pela empresa.

Já o tenente-coronel José Luís Ribeiro Paz, que responde interinamente pelo comando do Comando de Policiamento da Capital (CPC), da Brigada Militar, disse, em resposta à reportagem, que “aquele cidadão que eles apontam não é brigadiano” e que “a Brigada Militar não participa das assembleias do Bloco”.

Lorena Castillo avisa que os advogados do movimento estão estudando o ingresso de uma ação na Vara da Criança contra o segurança. A área onde estavam o funcionário e o filho de Lorena possui duas câmeras de segurança. O SIMPA e a FAG irão verificar as imagens. “Tocaram onde é mais delicado para nós: as nossas crianças. O que condenamos dos crimes na época da ditadura começam a aparecer de forma muito singela novamente, dentro de um marco dito democrático”, qualifica.