USP AVANÇA NA REPRESSÃO: mulheres que participaram do ato dia 24 poderão ser processadas

No dia 24 de agosto, fizemos um grande ato que reuniu mulheres trabalhadoras e estudantes da USP para denunciar os casos de estupro que tem ocorrido pedindo que a PM machista se retire do campus. Uma vez que a mesma instituição que mata nas periferias todos os dias e que violenta mulheres não pode ser sinônimo de segurança nem para mulheres, nem para ninguém.

Mas como toda mobilização que é séria e que tem potencial vem seguida de repressão, dessa vez não foi diferente: pretende-se usar imagens captadas pelas câmeras da guarda universitária para identificar as mulheres que fizeram pixações durante o ato.

Essa medida repressiva é uma afronta! É incrível como quando denunciamos estupros somos imediatamente colocadas em dúvida para a “averiguação do caso” e as câmeras de vigilância nunca captam nada que possa servir de defesa às mulheres violentadas, mas quando é para reprimir nosso movimento as câmeras passam a ter eficácia. Afinal, qual é a função real das câmeras na universidade?

A manifestação das mulheres que ocorreu nessa última segunda feira expressa a insatisfação e a necessidade de todas as mulheres que organizadas decidiram por este ato, sendo absurda a possibilidade de punição de mulheres isoladas que se manifestavam também contra a situação de vulnerabilidade em que a reitoria nos coloca: sem circulares suficiente para a locomoção segura dentro do campus, sem iluminação facilitando a ação de estupradores, por exemplo. Não podemos deixar mais esse ataque passar!

Todas à plenária de mulheres do dia 31 de agosto para decidir nossos próximos passos de forma a responder à mais esses ataques!

https://www.facebook.com/events/1847249768834221/

TESE DO RIZOMA PARA O XII CONGRESSO DE ESTUDANTES DA USP

ATIVIDADE ABERTA DO RIZOMA
Atividade aberta na USP para apresentação da tese e debate sobre o movimento estudantil
Quinta-feira – 03/set/2015 – 18h no Espaço Aquário
, USP Butantã
https://www.facebook.com/events/895881617166748/

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Em outubro ocorrerá o XII Congresso de Estudantes da USP que poderá servir para realinhar o programa de lutas do Movimento Estudantil (M.E.), bem como reorganizá-lo frente à conjuntura nacional e específica da USP. Poderá cumprir um papel importante e isso só ocorrerá se este Congresso romper com a rotina dos últimos. Realizar a auto-crítica sobre o refluxo no qual se encontra o movimento estudantil da USP será fundamental para nos recolocarmos de forma ativa na luta contra todos os ataques que estão sendo direcionados aos trabalhadores e à juventude, seja por parte do governo federal ou estadual. Este deverá ser o papel do XII Congresso e nós do Rizoma vamos nos incorporar a este espaço guiados por estes objetivos.

É problemático que um fórum como este, cuja tarefa deveria ser organizar a mobilização, acabe refreando o movimento. As atuais direções do DCE – PSOL e PSTU -, dificultam qualquer levante estudantil às vésperas do Congresso ou mesmo com meses de antecedência. As respostas aos ataques que recebemos e a mobilização por nossas pautas não podem ser bloqueadas por conta da construção do Congresso. Este espaço deve ter função propositiva, caminhando junto à mobilização, para não se tornar um fórum artificial e burocratizado.

Reerguer o movimento estudantil é uma tarefa urgente! Chamamos todos os estudantes engajados e comprometidos em organizar a resistência e a luta por outra sociedade a se envolverem no Congresso para que façamos, lado a lado, este espaço cumprir a função que lhe cabe! Não abandonar as demais lutas para construir este fórum, mas utilizá-lo para fortalecê-las!

|Crise econômica e política: romper com o petismo e avançar na luta|

Estamos em meio a uma crise econômica no país que, sob o comando do governo do PT, tem colocado para todos os trabalhadores e estudantes ataques como demissões, cortes nos salários, aumento de mensalidades nas universidades privadas, corte de vagas nas universidades públicas e aumento generalizado dos preços com alimentação, transportes, água, luz e em outros artigos de necessidades básicas. As supostas resoluções para esta crise econômica encontram respaldo no Estado, implementando medidas de ajuste fiscal e cumprindo o papel de conter as mobilizações de trabalhadores. Há um fio de continuidade que une o lucro recorde de banqueiros e empresários, o PPE, as MPs 664, 665 e o PL 4330 com a forte repressão aos movimentos de resistência da classe trabalhadora.

O Programa de Proteção ao Emprego (PPE), defendido por algumas Centrais Sindicais, como a CUT, é uma medida que visa a manutenção do lucro dos patrões em detrimento de demissões e cortes salariais para milhares de trabalhadores. As Medidas Provisórias (MPs 664 e 665) são parte do pacote de ajuste fiscal e revisão previdenciária que, somados ao PL 4330 que regulamenta a terceirização, deixam milhões de trabalhadores e trabalhadoras nas condições mais precárias de trabalho. Para completar, a recente Agenda Brasil – proposta por Renan Calheiros e abraçada por Dilma – expande os ataques para áreas como o SUS, apontando para a cobrança deste serviço usado exatamente por estes trabalhadores que estão sendo demitidos e perdendo seus salários. Como se não bastasse, o Estado já se adianta e tenta implementar a “Lei anti-terrorismo” aumentando a repressão aos levantes populares que estão ocorrendo e devem se intensificar.

A linha oficial do governo federal na última década celebrava o “Brasil, país de todos”, imune às crises. Mas as ilusões difundidas pelo partido da estrela vermelha e seus satélites desmancharam-se, patentemente, em junho de 2013. A corrosão das condições de vida ficou escancarada: empregos altamente rotativos, sub-remunerados, com pouca ou nenhuma representação sindical, precariedade em serviços como transporte e saúde e o aumento da especulação imobiliária empurrando os pobres cada vez mais para a periferia, têm feito com que os trabalhadores se levantem e fortaleçam greves, paralisações e cortes de rua. Neste processo de luta torna-se ainda mais evidente que o Partido dos Trabalhadores não consegue mais manter sob controle as contradições inerentes às sociedades de classes. O programa do PT, a passos largos, não se diferencia em mais nada do programa do PSDB e outros partidos da ordem.

Frente a este cenário é preciso um programa e plano de lutas que se oponha aos objetivos do inimigo – seja ele o patrão ou o governo -, não nos limitando a simplesmente reformar a sociedade atual, mas revolucioná-la! E o movimento estudantil de todo o país deve assumir sua parte nessa tarefa!

|Unificar a luta da juventude com a dos trabalhadores!|

Com o desenvolvimento das presentes crises é cada vez mais nítido quem ataca quem. Os patrões, governantes e burocratas se unem, despejando todo o ônus sobre os ombros dos trabalhadores e sua juventude. Os altos índices de desemprego entre jovens de 18 e 24 anos, somados aos cortes na área de educação, atacam centralmente os estudantes pobres e escancaram a farsa política de “governar para todos”.

Na fachada: o governo que implementou cotas sociais e raciais nas universidades federais, que expandiu o ensino superior com inúmeros novos campi e garantiu o acesso às faculdades particulares via financiamento federal. Na realidade: um governo que ataca a juventude trabalhadora em prol de seu pacto com os empresários e banqueiros. Declarada oficialmente a crise econômica, foram os financiamentos do FIES e os programas de permanência estudantil os primeiros a serem atingidos na educação.

À juventude a conjuntura atual deve ensinar que, assim como o seu aliado é um só, o seu inimigo também é! Aqueles que mandam no país – os banqueiros, empresários, patrões e governantes -, independentemente se a cor é vermelha ou azul, estão unidos contra nós – trabalhadores e juventude trabalhadora. Precisamos responder com um só golpe todos aqueles que nos atacam! Somente na aliança entre trabalhadores e juventude que conseguiremos organizar nossa auto-defesa. Compor as ações unificadas da classe trabalhadora, como as paralisações nacionais contra o PL 4330 e as MPs 664 e 665, construindo-as desde as bases a partir da democracia direta é fundamental para que o Movimento Estudantil se recoloque na sua função revolucionária, há tantas décadas abandonada. Pautando-se em eixos classistas, como a defesa da permanência estudantil, utilizando-se de métodos radicalizados de luta, como atos, piquetes e greves, e aliando-se à classe trabalhadora, será possível construir uma alternativa ao plano dos governantes e patrões. Reerguer o movimento estudantil, defender a classe, romper com as direções governistas e pelegas e avançar contra os capitalistas e estatistas: este é o desafio para o próximo período.

|Na USP…|

Desde o início da sua gestão, em 2014, o atual reitor Marco Antônio Zago anunciava uma suposta crise financeira. Sob esse argumento, os reitores das três universidades paulistas junto com o governador do estado, Geraldo Alckmin, tentaram aplicar um arrocho salarial que foi bloqueado graças à vitoriosa greve das três categorias nas três universidades. Mas outros ataques passaram e os estudantes não estavam organizados para barrá-los: demissões, cortes de bolsas, fechamento das creches e do bandejão foram alguns deles, mas muitos outros já estavam sendo aplicados mesmo antes da gestão de Zago. Agora, somado a tudo isso, ainda temos o agravante do novo plano de policiamento no campus, reforçando a repressão que recai tanto de forma explícita, como nas bombas utilizadas contra nós no ato do dia 29 de maio, bem como através de processos administrativos e criminais contra diretores sindicais e estudantes. Conjuntura não falta para que os estudantes se levantem, mas algumas coisas estão nos bloqueando.

|Aprendizados da greve de 2014|

Da greve de 2014, que durou mais de 100 dias, podemos tirar vários aprendizados. Entre eles a constatação, na prática, a potência da unidade entre estudantes e trabalhadores possui e a força que nossos métodos impõem, pois foi com muita greve, piquete, trancaços e atos de rua que conseguimos fazer a reitoria e o governador se curvarem frente ao poder operário-estudantil. Também ficou evidente a força das pautas que defendem diretamente as condições de vida, garantidas através dos salários.

Mas a participação do movimento estudantil foi realmente aquém das possibilidades. A greve atravessou a Copa do Mundo, as férias letivas e o período de eleições presidenciáveis, e a atual gestão do DCE negou-se em todos estes momentos a assumir o papel que cabe a quem se dispõe a dirigir uma entidade de base históricamente tão importante como o Diretório Central dos Estudantes da USP. A greve conduzida pelo SINTUSP mostrou que a direção do movimento é, muitas vezes, determinante para a mobilização. Reconhecendo que durante uma greve os trabalhadores estão mais ativos e participantes das decisões políticas, a atual gestão do SINTUSP colocou a direção da mobilização nas mãos do Comando de Greve, garantindo maior participação da base, de forma que estes trabalhadores pudessem intervir de fato na luta. Pois uma greve não deve ser nunca apenas da direção sindical ou estudantil, mas sim de todos os trabalhadores e estudantes mobilizados.

|Reorganizar o movimento baseado em um programa revolucionário!|

O movimento estudantil da USP está com um problema que precisa ser resolvido urgentemente. De um lado temos vários Centros Acadêmicos completamente inertes ou abertamente governistas, utilizando as ferramentas de luta e defesa dos estudantes para blindar e proteger um partido que ataca a classe trabalhadora e sua juventude. Por outro, temos um DCE há anos servindo de âncora para o movimento estudantil, burocratizando os espaços de democracia direta, tais como assembleias gerais, bem como levando um programa artificial para o conjunto dos estudantes e menosprezando as mobilizações radicalizadas em detrimento das campanhas para seus parlamentares.

É preciso fazer um questionamento profundo sobre o papel da universidade no capitalismo para elaborar um programa coerente com os objetivos revolucionários que não podem ser perdidos de vista. Há tempos o movimento estudantil da USP tem sido guiado por propostas reformistas, com eixos e palavras de ordem que buscam reformar uma universidade desde a sua origem reprodutora e legitimadora da sociedade capitalista. Os momentos de relativa abertura do acesso às universidades públicas para os filhos de trabalhadores são cancelados ao primeiro sinal de crise econômica, mostrando que ensino superior para pobres não é um objetivo. Este lugar não foi feito para nós e os governantes e capitalistas não possuem pudores em admitir isso. A constatação da falência do petismo devido à sua política de conciliação de classes exige da militância a formulação de um programa que rompa com o reformismo apontando a revolução como única saída para a presente crise.

Não podemos nos iludir e devemos guiar a luta estudantil ao combate a estes setores que nos querem fora da universidade. Por isso, as reivindicações em torno do acesso – com as cotas raciais e sociais – e a permanência estudantil – com ampliação das bolsas, reajustes nos valores e ampliação de moradias – encontram destaque em nosso programa. Estas são as reivindicações que colocam em xeque o objetivo da universidade burguesa, bem como garantem a defesa mais imediata das necessidades dos jovens filhos de trabalhadores. É com estes estudantes, e com as pautas de classe, que o movimento estudantil deve se guiar. A defesa dos que lutam contra essa sociedade injusta também deve ser prioridade no movimento, e por isso a luta contra a repressão precisa ser pautada e conduzida de forma séria e comprometida, pois ela ataca diretamente as nossas organizações políticas e todas as pessoas que atrevem se erguer pela construção de outra sociedade, bem como avança para a destruição de nossos espaços de auto-organização.

É também fundamental e urgente que o ME da USP rompa com reivindicações corporativas e coloque os estudantes nas fileiras das lutas nacionais. Diversas greves ocorreram só neste primeiro semestre e os estudantes da USP não conseguiram prestar solidariedade ativa a estas categorias que serão nossos futuros empregos. É preciso caminhar para que o corpo estudantil perceba que não somos uma classe em si, pois há estudantes parte da classe dominante e estudantes parte da classe trabalhadora. Nós, possuidores apenas da força de trabalho de nossos familiares e a nossa mesma para vender em troca de sobrevivência, precisamos nos colocar ativamente nas mobilizações que barrem todo e qualquer ataque à nossa classe. É na construção da solidariedade de classe e na aliança operária-estudantil que conseguiremos bloquear os ataques vindos por parte dos capitalistas e estatistas.

Mas para organizar a luta para defender este programa, é preciso e urgente a superação das direções que travam a mobilização. As assembleias gerais deveriam cumprir o papel de serem um espaço fundamental para a organizar a mobilização, bem como as assembleias de curso deveriam ser espaços privilegiados para o debate e aprofundamento dos pontos da mobilização. Estes dois espaços fundamentais estão reféns de um movimento estudantil pouco dinâmico e estritamente dependente das direções. É preciso romper com estas direções, dar outra dinâmica ao movimento, para cumprir as tarefas colocadas pela conjuntura.

Precisamos de um movimento radicalizado, que defenda a organização estudantil classista, a partir das bases e dos fóruns de democracia direta. É essencial que a classe trabalhadora e o movimento estudantil estejam unidos nesse momento de acirramento na luta de classes. Devemos combater todo governo que nos ataca, o que significa, atualmente, retomar as nossas entidades por ora nas mãos do governismo, um nítido freio às mobilizações que se chocam com o governo do PT. Devemos também redirecionar nossos ataques e defesas. As lutas que pretendem somente a reforma da universidade, como as mobilizações pela democratização da estrutura de poder, não respondem ao fundamental dos ataques que sofremos.

Ousar lutar, ousar vencer!

Estes são os desafios e as nossas propostas, para fazermos o debate necessário e buscarmos resoluções conjuntas que reacendam a chama do movimento estudantil, relembrando qual é o papel histórico que temos a cumprir. É preciso reerguer o movimento sob novas bases, ampliar a sua articulação com outras universidades e escolas, aliar-se com o conjunto dos trabalhadores e ir ao combate sem temer!

NOTA SOBRE O ATO PELA SEGURANÇA DAS MULHERES NA USP

pdf do panfleto entregue em ato: mulheresemlutacontraapm

 

lalalaO ato dessa segunda-feira, 27 de agosto, aglutinou mais de 200 mulheres, de variados cursos, organizadas e independentes em torno da pauta da segurança no campus com recorte de gênero.

Este ato vem na mesma linha que a plenária de mulheres, realizada 1 semana antes, sobre a mesma pauta: a necessidade que as estudantes e as trabalhadoras tem de se auto organizar para nos colocarmos na luta revolucionária.

Houveram várias palavras de ordem contra a PM machista no campus, por uma Universidade mais aberta à sociedade e pela nossa auto defesa.

Percorremos várias unidades chamando as mulheres para o ato, desde a reitoria até o portão 1 da USP, deixando claro que nenhuma violência de gênero vai passar. O trancaço que realizamos no principal portão desta universidade demonstrou a combatividade de nossa luta.

Avaliamos como positivo o fato do primeiro ato de mulheres da USP ter sido auto organizado, pois demonstra quantitativamente a insatisfação e a necessidade das mulheres em organizar a luta revolucionária contra o patriarcado! Muitas são as vezes que o Movimento Estudantil e espaços políticos diversos são hostis, negando a intervenção política às mulheres. Quantas vezes vemos maioria masculina na linha de frente dos atos e outros espaços de luta? A experiência de hoje colocou para todas as mulheres presentes que nós somos capazes e que a política nos pertence!

É preciso que as mulheres estejam organizadas na luta contra o patriarcado e o capital, cumprindo o papel fundamental de responder aos ataques do estado machista!

Na próxima segunda-feira, dia 31 de agosto, ás 18h na prainha da ECA,, ocorrerá a próxima plenária de mulheres. Convocamos a todas para que façamos um balanço sobre o ato e pensemos juntas os próximos passos de nossa mobilização!

Mulheres na luta contra patrões, reitores e todos os agressores!

Frente de Mulheres do Rizoma

GTs de autogestão e os centros acadêmicos

| Disputa de eleições para centros acadêmicos e o fortalecimento das entidades de base |

A proposta desse texto é tornar aberta a nossa aposta tática para o fortalecimento das entidades de base no próximo período. É necessário apresentarmos nosso balanço em relação à tática que vínhamos adotando com a construção dos GT’s de autogestão, e avaliar como a mudança conjuntural nos leva a buscar novos caminhos. Sabemos onde queremos chegar e não podemos recuar das autocríticas que são necessárias quando nossas táticas deixam de apontar para este horizonte.

| A aposta na autogestão |

Quando nos engajamos na construção do 1º Congresso do curso de Geografia da USP com a tese pela autogestão, estávamos inseridos em um contexto no qual a direção do movimento estudantil na USP – PSOL e PSTU – havia esvaziado e enfraquecido a importante greve iniciada em 2011. O ano seguinte foi de completo marasmo no movimento e os centros acadêmicos estiveram completamente engessados, abandonando a responsabilidade que uma entidade de base tem para reorganizar o movimento. Naquele momento nós apostávamos que a implementação da autogestão no curso de geografia não só era possível como necessária, pois era um curso onde estávamos inseridos e onde havia terreno fértil para propostas com caráter revolucionário. Nossa aposta era que a autogestão conseguiria aproximar os estudantes combativos e estes se engajariam para a construção de um centro acadêmico ativamente militante, e que por se pautar na democracia direta conseguiria dar espaço às disputas necessárias entre as organizações fazendo com que o movimento desse um salto organizativo. Há algum tempo já não temos nenhum militante na autogestão do CEGE. Temos o nosso próprio balanço sobre estes 2 anos de autogestão, mas acreditamos que este debate deve ser travado quando e no espaço do congresso de estudantes da geografia.

Ao final de 2013 e após a greve de 2014 nós começamos a impulsionar grupos de trabalho sobre autogestão em mais dois locais: no curso de história e na ECA. Seguíamos vendo neles uma tentativa de desburocratização das entidades, visando o fortalecimento do movimento estudantil no embate contra a Reitoria e o Estado. Os GTs não conseguiram se fortalecer apesar de terem aproximado militantes importantes e engajados, e acabaram estagnando-se influindo em pouco ou quase nada para fortalecer de fato a base dos cursos. Em outra conjuntura poderíamos até apostar no balanço sobre as autogestões e a tentativa de fortalecer novamente este formato nos mais variados cursos, mas o cenário mudou e outros desafios estão colocados.

| Mudança de conjuntura e mudança de tática |

Atualmente, as gestões de importantes centros acadêmicos estão dominadas pelo governismo, que há tempos vem se mostrando um inimigo da classe trabalhadora, ou por gestões de outras organizações, há anos também responsáveis pela atrofia das mobilizações estudantis. As direções governistas são responsáveis por utilizar-se do movimento estudantil apenas quando convém defender o projeto petista, não conseguindo mais esconder as traições a todos os trabalhadores e estudantes. Enquanto isso, as outras tradicionais organizações do movimento estudantil, que podem até romper com o petismo, mas são responsáveis por mergulhar o movimento em um imenso refluxo, servindo de âncora para as importantes mobilizações que ensaiam acontecer.

O cenário mudou, o acirramento da luta de classes está cada vez mais gritante com o aumento da inflação, os cortes orçamentários, demissões e arrochos nos salários. Nas universidades como um todo a situação é alarmante e seria irresponsabilidade nossa em um contexto como este continuar apostando nos debates acerca de formato de gestão. As entidades de base, independente do formato de gestão, precisam colocar urgentemente para o conjunto do movimento um plano de lutas que consiga erguer a força do movimento estudantil organizando as trincheiras conjuntas com os trabalhadores para nos defendermos dos ataques inimigos.

No presente momento, crítico quanto à necessidade de mobilização e luta, não disputar nossas entidades de base de toda maneira possível em todos os lugares, resultará na entrega da direção de todo o movimento às mãos inimigas. É por essa necessidade e pela urgência que nos foi colocada pela conjuntura que optamos por concorrer às eleições de chapas, visando garantir que as entidades de base dos estudantes voltem a ser combativas. Para construir entidades que não depositem a confiança nas ferramentas da burocracia, que não se aventurem a contar com a sorte de congregações e conselhos universitários; por entidades que assumam um programa classista em defesa de estudantes e trabalhadores e não mais sirvam de braço para a defesa de governos e patrões.

Há aqueles que poderão nos criticar por nos inserirmos nas disputas eleitorais. Certamente virão munidos do argumento de que estamos sendo contraditórios, dado nosso caráter libertário. Esta crítica carrega em si um erro fundamental: a confusão entre as ferramentas próprias da classe trabalhadora e dos estudantes, e a ferramenta do Estado. Não se trata da disputa do Estado e de seus cargos na burocracia, mas da disputa democrática de nossas próprias ferramentas. Das entidades nascidas no seio do movimento estudantil em luta. Confundir o aparato do Estado com as entidades de base da classe trabalhadora é um erro que não pode ser cometido. Nós nunca nos furtamos a compor gestões de centros acadêmicos eleitas. Hoje e no passado, estivemos presentes nas gestões do CAF, GFAU, CAMAT, DASI e outros na USP, e na UNESP na gestão do DAMB. Assim, como em qualquer fórum de democracia direta, nós apresentamos nosso programa e nossas propostas e cabe ao conjunto do movimento estudantil escolher adotá-las ou não, e assim será nossa atuação na disputa pela direção dos centros acadêmicos: apresentaremos nosso programa e nossas propostas, que serão, ou não, abraçadas pelos estudantes.

Seguiremos, como sempre seguimos, guiados pela democracia direta enquanto método soberano de decisão para os rumos do movimento, tanto através de assembleias, como pela dissolução da gestão em Comando de Greve durante picos de mobilização. Para os que já conhecem nosso programa e nosso comprometimento militante saberão que este passo está alinhado com a tentativa de construir um movimento estudantil combativo e com recorte de classe, que ouse lutar e ouse vencer. Não toleraremos a entrega de nossas entidades às mãos de burocratas. Nos engajaremos para tomar dessas mãos cada centro acadêmico e impulsionar em cada curso a luta necessária para derrotar os ataques que se armam contra nós. E estarão conosco aquelas e aqueles que querem lutar.

Saudações,
Rizoma

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Para saber mais sobre a análise de conjuntura que fazemos, leia nosso texto de início de semestre: https://www.facebook.com/rizomatendenciaestudantil/posts/1635078056747937

[Nota] Solidariedade à greve de trabalhadores da GM-São José

Desde a segunda-feira (10) trabalhadores e trabalhadoras da fábrica da General Motors em São José estão em greve contra as demissões e os cortes nos quadros da montadora com lay-offs e respaldados pelo Programa de Proteção ao Emprego (PPE), recentemente aprovado pelo governo federal como medida para garantir a solução da crise econômica.
Nós do Rizoma – Tendência Estudantil Libertária apoiamos a luta dos trabalhadores da GM em defesa da manutenção dos postos de trabalho e contra os ataques que colocam a culpa da crise econômica em cima da classe trabalhadora e da juventude, que logo ocuparia os postos fechados.

A crise não é nossa!
Viva a luta da classe trabalhadora!
Pela aliança operário-estudantil!

13/agosto/2015

Assembleia Geral de Estudantes da USP em apoio à greve da GM!