Nossa tarefa atual: ESPALHAR GASOLINA!

NOSSA TAREFA em PDF

O movimento está em brasa.

“Passa mês, passa processo, passa polícia, passa congresso, mas a brasa não acende de novo. O tema ‘democracia abstrata’ (o teatro da voz do povo) parece que foi só uma brisa. Um flash mob. Um sonho ruim. E enquanto o Leviatã pisa pra brasa não aquecer, renascem – dos muros, das salas – mais sopros pra nos acender.
Não estamos sozinhos.”

Atualmente sopra o Núcleo de Consciência Negra, que depois de sofrer vários ataques e de ter equipamentos roubados do cursinho popular, lança um projeto de criação da Casa de Cultura Negra da USP, nos moldes da Casa de Cultura Japonesa, com autonomia em relação à reitoria e com a promessa de continuar o legado de luta.

Sopram também as comunidades São Remo, Carmine Lourenço e Morro da USP, ameaçadas por ocuparem terrenos no quintal do reitor e lutando contra a higienização promovida pelo Estado Democrático de Direita. As duas primeiras, situadas ao lado do campus Butantã, lutam pra que a dita “reurbanização” prometida pela reitoria não vire um “bota-abaixo”. Já a última, localizada no Sacomã, tem em seu horizonte uma “reintegração de posse” (posse de quem?), da qual podemos esperar violência, abusos, autoritarismo e quase tudo – menos o cumprimento da promessa de “melhores condições” para os moradores. Isso tudo sem contar a ingerência da PM nessas comunidades, que executa por meio da força o que vermes decidem em seus gabinetes.

E por falar em brasa, jamais nos esqueceríamos do Osama Bin Raggae X, aterrorizando a USP todo ano junto de várixs lutadorxs das mais diversas quebradas dessa babilônia paulistana. Cole na Hist/Geo de 10 a 14 de setembro pros debates, oficinas e a festa!

Os processos contra trabalhadores/as e estudantes da USP poderiam muito bem ser mais um sopro em meio aos outros, no entanto, a política do Movimento Estudantil “oficial” tem sido: “ninguém sabe, ninguém vê”. Cavalo manso em sete de setembro: andando mal, empinando e sendo aplaudido, enquanto xs processadxs tentam carregar o barco que devia ser de todxs…

Até quando o Movimento Estudantil só vai fazer as coisas quando a água bater na bunda?Até quando se deixará enganar por aquelxs que, sentadxs, “lutam” por “democracia”? Não será um candidato a Reitor, um Congresso ou um voto que fará Rodas e companhia limitada (Burocracia universitária, Governado do Estado e PM) pararem.

Somente xs estudantes, trabalhadorxs e moradorxs das comunidades, através da auto-organização, da solidariedade e da ação direta, poderão mudar o que está acontecendo e o que está por vir.

Todo apoio ao Núcleo de Consciência Negra!
Todo apoio à São Remo!
Todo apoio a Carmine Lourenço e ao Morro da USP!
Todo apoio aos/às processadxs!
Todo apoio à um Movimento Estudantil que intenta se reacender!
Vamos pro Osama!
Seguimos em luta!

Saudações libertárias,
Rizoma – Tendência Libertária Autônoma

Manifesto EXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO!

Já percebeu que votar não resolve os verdadeiros problemas da população? Vem governo, vai governo e a situação permanece igual. Nas eleições, os políticos prometem soluções para todos problemas e pedem nossos votos, mas quando são eleitos esquecem daqueles que o elegeram.

Quantas decisões são tomadas sem a nossa opinião? Mudam as leis, constroem usinas e estádios de futebol, aumentam a passagem do transporte público, gastam milhões com seus salários… Mas nada de mais hospitais, escolas e creches. Não fazem nada em relação às enchentes. A polícia continua oprimindo o povo todos os dias.

Os governantes dizem que são ações para o nosso “bem” e que é o “melhor para a gente”. Mas como podem saber o que queremos se não nos consultam?

Eles não querem saber o que precisamos, queremos e desejamos.

Isso tudo não é novidade para maioria de nós. Enxergar que as coisas não vão bem já é um começo, mas não basta. Devemos ir além! Temos que tomar de volta nossas vidas em nossas próprias mãos!!!

Ninguém mais aguenta essa política que nos impõem. A democracia representativa, esse sistema baseado nas eleições de políticos para cargos de governo, é o que mantém as coisas como estão. O poder está concentrado nas mãos de uma minoria que governa em favor dos ricos e poderosos, ignorando as necessidades e os desejos do povo.

O crescimento econômico é uma farsa, pois somente os grandes empresários se beneficiam com ele. O povo, como sempre, recebe só as migalhas que caem dos bolsos cheios dos donos do capital que são favorecidos por aqueles que detém o poder. E nesse sistema capitalista sempre quando alguém ganha, muitos outros perdem…

É por isso que nos colocamos contra esse sistema político-econômico. Não aceitaremos mais que os políticos decidam por nós! Vamos nos organizar e construir novas formas de viver em sociedade.

Existe política além do voto! Votar de quatro em quatro anos não é fazer política. Existe um outro mundo a ser descoberto. Ele não está tão distante quanto imaginamos. Para vê-lo, basta apenas pararmos de aceitar o que nos impõem e passar a agir para alcançar um horizonte que está além do que estamos acostumados a enxergar.

Para isso propomos fazer política todos os dias, coletivamente, e que as decisões e ações partam de cada um e de todos. Uma política construída diretamente pelas pessoas. Que elas mesmas tenham a possibilidade concreta de defender seus interesses e decidirem sobre o rumo das suas vidas, associando-se com outras pessoas que tenham interesses e vontades em comum. Que as decisões sejam tomadas com todos os indivíduos em pé de igualdade, sem nenhum indivíduo com mais poder do que outro, baseados em uma relação de cooperação e solidariedade.

Propomos, ao invés da democracia representativa e das eleições, uma democracia direta em que as pessoas se organizem para decidir sobre os assuntos nos quais estejam envolvidas, seja no seu bairro, na sua escola, no seu local de trabalho, enfim, em qualquer espaço de convivência. Queremos uma política que seja feita no dia-a-dia, que esteja integrada às nossas vidas. Que não tenhamos mais que escolher um governante. Uma política na qual não precisemos mais votar e nem eleger ninguém! Que sejamos nós mesmos a decidir e agir na organização da sociedade.

Essa proposta política é praticada em diversas partes do mundo e por muitos grupos diferentes. Trabalhadores se reúnem para produzir bens ou prestar serviços sem necessidade de um patrão, em sistema de autogestão. Diferentes grupos de pessoas se organizam em associações de bairros, mantém centros culturais, participam de movimentos sociais, culturais e políticos, assim como de manifestações, protestos, ocupações e ações para denunciar as injustiças cometidas pelo Estado e pelos capitalistas. São pessoas que pela ação direta, sem representantes e sem chefes, decidem e atuam na política e na economia de nossa sociedade. Esses grupos se comunicam e se coordenam, combinando ações, criando laços de apoio e ações conjuntas, mas cada um com sua autonomia, organizando-se sem hierarquias e sem um grupo dirigente ou governante, associando-se num sistema que chamamos de federalismo.

Acreditamos que só assim construiremos uma sociedade livre, justa e igualitária.

Façamos nós mesmos a nossa história! Existe política além do voto!

http://www.alemdovoto.org/

Porque não compor o XI Congresso

Por que nao compor o Xi Congresso em Pdf

A tendência libertária e autônoma Rizoma visa contribuir na construção de um movimento estudantil amplo e combativo, que se paute pela autogestão e pela democracia de base, que tenha a ação direta como método de luta e que compreenda a importância da solidariedade entre estudantes de diferentes escolas e universidades, e também entre os movimentos contestativos de diversos setores de resistência. Pensando nisto e reconhecendo que somos um coletivo pequeno, no qual a maior parte dos membros trabalha e estuda, entendemos que é importantíssimo distribuir nossos esforços na construção de atividades que podem de fato trazer avanços rumo a um movimento horizontal e libertário. E assim como avaliamos que as eleições não podiam contribuir efetivamente para este norte, acordamos que o XI Congresso também não possui potencial de construção horizontal, solidária, libertária e pautada na ação direta.

Dentre os motivos que poderíamos elencar para afirmar essa posição está o fato do congresso ser historicamente descolado da realidade, tanto dxs estudantes da USP quanto do mundo – basta lembrarmos por exemplo que já fora até mesmo aprovado o fim do capitalismo em congresso, e que, obviamente, além deste não ter terminado, nenhuma luta real dos estudantes foi construída. Não podemos nos esquecer também que a burocratização e o aparelhamento do movimento estudantil asfixia e aliena os estudantes dispostos a lutar, e o XI Congresso não é outra coisa que um espaço de legitimação deste método burocrático de agir, reafirmando e disseminando a agenda política dos partidos hegemônicos na universidade – basta lembrarmos que as deliberações finais do Congresso já estão inclusive fechadas de antemão (observe o tópico da plenária final na programação).

Entendemos que a luta contra a lógica de representação (partidária ou não) é um passo fundamental para a construção de um movimento forte, autônomo e combativo, pois tenta fazer de cada pessoa um agente ativo e comprometido com a realidade cotidiana na qual está inserida, ao invés de impor a ela o papel de mero atuante esporádico na escolha de seus representantes. O Congresso, além de ser construído pelo burocratizado e aparelhado Conselho de Centros Acadêmicos, contará, sem a menor dúvida com uma esmagadora maioria de delegadxs interessados tão somente em falar em nome dxs estudantes, e não em construir a luta com elxs. Talvez estes mesmos estudantes aleguem que são representantes de pautas de seus cursos para o Congresso. A isto poderíamos opor uma simples pergunta: como um delegado poderia levar a posição dos cursos, sendo que atualmente não há discussão alguma na grande maioria destes?

Não condenamos os grupos e pessoas que estão se envolvendo na construção do Congresso, muitos dos quais companheiros de outras lutas que já provaram sua combatividade. Porém, mesmo que movidos por boas intenções, a estes camaradas afirmamos que nossa prática e leitura política não compactuam com a ideia de participação por participação – de participar tão somente para marcar posição. Privilegiamos a construção do movimento a partir das bases e dos espaços periféricos, não a partir de disputas dos pretensos centros de poder e representação do movimento. Entendemos que estes centros não passam de fetiches e armadilhas burocráticas, pois os avanços que queremos só podem ser conquistados com a construção da participação direta – logo não-representativa – dos estudantes.

Frente às práticas burocratizantes, levantamos a necessidade de garantir e rearticular os espaços autônomos da USP – o espaço aquário, o espaço verde, o núcleo de consciência negra, o canil – ocupando estes espaços com atividades questionadoras que motivem a participação de todos; de construir ombro a ombro atividades com a comunidade São Remo, junto de coletivos da comunidade, da associação de moradores, de artistas que vivem lá; de questionar e subverter o poder institucional da reitoria e de seus aparelhos, incentivando a ação direta e estudos coletivos contrários à coação e à violência sofrida por estudantxs e trabalhadorxs na USP. Não nos consideramos a solução universal frente ao capitalismo e ao Estado, e tampouco nos vemos como uma vanguarda revolucionária. Mas somos um coletivo que busca alternativas às posições burocráticas e representativistas do movimento estudantil da USP, por acreditarmos que os problemas que encontramos internamente no movimento vão muito além dos programas que adotamos ou das pretensas “direções” que temos, mas estão fundados na própria maneira de nos organizarmos e agirmos. Exaltamos a necessidade de uma construção horizontal, conspiradora (conspirar é respirar em conjunto), solidária e subversiva. É com essa construção que acreditamos ser possível reconstruir o movimento estudantil da USP, e não com palavras bonitas e boas intenções – das quais os congressos também estão cheios.

Criminalização dos Movimento Sociais (Coletivo Quebrando Muros)

“Sabemos que o Estado não é neutro, ele existe para proteger os interesses da classe dominante. Portanto, a reação de atacar movimentos sociais quando estes se manifestam não é surpreendente.”

Publicado originalmente em: http://quebrandomuros.wordpress.com/2012/07/26/criminalizacao-dos-movimentos-sociais-3/

Um dia anterior à desocupação da reitoria da UFPR, ocorrida no dia 20 de julho, a Reitoria lançou um informe via e-mail para os servidores e professores, com um caráter de criminalização da ocupação. Nesse informe, assinado somente pela “Comissão de Negociação da Administração Central da UFPR”, a ocupação da reitoria foi tratada com um caráter quase terrorista. Nas palavras da própria reitoria: “[…] ato de violência da ocupação e de ruptura do diálogo e das negociações […]”. Já enfocamos em outros momentos nossa opinião sobre as “negociações”. Sabemos a postura do governo federal em não negociar, e que essa postura estava sendo repassada à Reitoria. Ou seja, desde o início quem rompeu com o acordo foi a Reitoria, visto que havia se comprometido a negociar com os estudantes e o que ocorreu foi uma conversa sobre as pautas, com quase nenhum avanço. Além disso, o rompimento das negociações veio antes de qualquer deliberação sobre a ocupação da reitoria. No dia 3 de julho acontecia a quinta rodada de negociações simultaneamente à uma manifestação dos estudantes, o ato do 3-J, que seguiu em marcha até a reitoria para pressioná-la a negociar de verdade nossas pautas. Diante disso, a reitoria se negou à continuar a “negociação” argumentando que os estudantes romperam o acordo de não ocupar a reitoria enquanto esta “negociação” acontecia. Mas o que aconteceu foi que este ato intransigente da reitoria mostrou a necessidade da ocupação, que foi deliberada posteriormente na VI Assembleia Geral dos Estudantes, após o repasse deste acontecimento pela comissão de negociação.

Frente a isso é bastante interessante a constante defesa da gestão atual como sendo a “reitoria do diálogo” e que se diz comprometida com o “regime democrático conquistado com tantas lutas e sacrifícios no Brasil”. No entanto questionamos: o que há de democrático em ameaçar os manifestantes com sanções e até mesmo expulsão? Vemos que essa mesma “reitoria da democracia” deslegitima claramente as decisões tomadas em assembleias, o espaço mais democrático que temos em nossa sociedade, como está expresso em seu informe na passagem: “[…] sob o argumento de uma pauta que não é sequer reconhecida pelo conjunto dos estudantes da UFPR […]” O que vemos aqui é uma diferente concepção de democracia: enquanto o movimento estudantil da UFPR se constrói através da democracia direta, com os estudantes, ao invés de pelos estudantes. A Reitoria em conjunto com o DCE pauta a democracia representativa, onde a única intervenção política do estudante se resume a colocar o nome de uma chapa em uma cédula e depositá-la na urna, o resto é com os seus “representantes”. Divergimos deste modo de democracia, que é incoerente com o seu próprio nome, quando, ao invés de dar poder ao povo, restringe seu poder político à vontade de seus “representantes eleitos”.

Entendemos então o caráter político desse informe. Sim, teoricamente a universidade, enquanto instituição federal, não deveria ter posicionamentos políticos. No entanto, isto não é o que observamos na prática, esta universidade demonstra sim um posicionamento político: conservador e atrelado ao governo. Frente a um ataque à democracia representativa, protegida pelo Estado, este reage numa indiscriminada tentativa de criminalizar o movimento. Aqueles que questionam a atual ordem social são tratados como “corruptos, violentos, desonestos, sem caráter, sem ética”. Sabemos que o Estado não é neutro, ele existe para proteger os interesses da classe dominante. Portanto, a reação de atacar movimentos sociais quando estes se manifestam não é surpreendente. Nesse episódio da ocupação vemos a materialização da luta de classes. Quando “os de baixo” se movimentam o Estado responde imediatamente com sua maior arma: a repressão. Não podemos ver este acontecimento como isolado da realidade histórico-social na qual vivemos, não é do interesse dos poderosos que a classe trabalhadora e explorada se mobilize para reivindicar melhorias no seu modo de vida, pois isto abre um precedente terrível para o Estado: mobilizar-se funciona e traz conquistas, e é assim que se rompe a relação de dominação e exploração que existe em nossa sociedade. Assim fica claro o que motiva a repressão e criminalização dos movimentos sociais: o empoderamento popular deixa o Estado com medo.

Entendendo a realidade dessa forma, devemos pensar sobre a necessidade de radicalização. A burocracia é uma das armas do Estado, e favorece apenas aos seus interesses, deste modo não é por meio dela que chegaremos à conquistas. Essa ameaça da reitoria é uma clara tentativa de desmobilização, de evitar que uma nova radicalização ocorra. Portanto não devemos ceder às pressões. Nosso objetivo é a conquista das pautas, e nada nos impedede radicalizar novamente caso a reitoria se negue a atender nossas reivindicações.

Deixamos claro que suas ameaças não nos intimidam, ao contrário, nós os intimidamos com a força do nosso movimento e continuaremos construindo-o da forma como fizemos até agora, ombro a ombro com a base dos estudantes, o mais democrático o possível, na luta cotidiana.

“Quando os de baixo se movem, os de cima caem.”

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