!Estudantes ocupam reitoria da UFRGS!

Acabou de acontecer!
Algumas notícias:
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/vestibular/noticia/2012/08/manifestantes-ocupam-a-reitoria-da-ufrgs-em-defesa-das-cotas-3840906.html
http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/29398-estudantes-da-ufrgs-ocupam-reitoria-pela-amplia%C3%A7%C3%A3o-das-cotas-raciais.html
http://www.pstu.org.br/opressao_materia.asp?id=14414&ida=0

Criminalização dos Movimento Sociais (Coletivo Quebrando Muros)

“Sabemos que o Estado não é neutro, ele existe para proteger os interesses da classe dominante. Portanto, a reação de atacar movimentos sociais quando estes se manifestam não é surpreendente.”

Publicado originalmente em: http://quebrandomuros.wordpress.com/2012/07/26/criminalizacao-dos-movimentos-sociais-3/

Um dia anterior à desocupação da reitoria da UFPR, ocorrida no dia 20 de julho, a Reitoria lançou um informe via e-mail para os servidores e professores, com um caráter de criminalização da ocupação. Nesse informe, assinado somente pela “Comissão de Negociação da Administração Central da UFPR”, a ocupação da reitoria foi tratada com um caráter quase terrorista. Nas palavras da própria reitoria: “[…] ato de violência da ocupação e de ruptura do diálogo e das negociações […]”. Já enfocamos em outros momentos nossa opinião sobre as “negociações”. Sabemos a postura do governo federal em não negociar, e que essa postura estava sendo repassada à Reitoria. Ou seja, desde o início quem rompeu com o acordo foi a Reitoria, visto que havia se comprometido a negociar com os estudantes e o que ocorreu foi uma conversa sobre as pautas, com quase nenhum avanço. Além disso, o rompimento das negociações veio antes de qualquer deliberação sobre a ocupação da reitoria. No dia 3 de julho acontecia a quinta rodada de negociações simultaneamente à uma manifestação dos estudantes, o ato do 3-J, que seguiu em marcha até a reitoria para pressioná-la a negociar de verdade nossas pautas. Diante disso, a reitoria se negou à continuar a “negociação” argumentando que os estudantes romperam o acordo de não ocupar a reitoria enquanto esta “negociação” acontecia. Mas o que aconteceu foi que este ato intransigente da reitoria mostrou a necessidade da ocupação, que foi deliberada posteriormente na VI Assembleia Geral dos Estudantes, após o repasse deste acontecimento pela comissão de negociação.

Frente a isso é bastante interessante a constante defesa da gestão atual como sendo a “reitoria do diálogo” e que se diz comprometida com o “regime democrático conquistado com tantas lutas e sacrifícios no Brasil”. No entanto questionamos: o que há de democrático em ameaçar os manifestantes com sanções e até mesmo expulsão? Vemos que essa mesma “reitoria da democracia” deslegitima claramente as decisões tomadas em assembleias, o espaço mais democrático que temos em nossa sociedade, como está expresso em seu informe na passagem: “[…] sob o argumento de uma pauta que não é sequer reconhecida pelo conjunto dos estudantes da UFPR […]” O que vemos aqui é uma diferente concepção de democracia: enquanto o movimento estudantil da UFPR se constrói através da democracia direta, com os estudantes, ao invés de pelos estudantes. A Reitoria em conjunto com o DCE pauta a democracia representativa, onde a única intervenção política do estudante se resume a colocar o nome de uma chapa em uma cédula e depositá-la na urna, o resto é com os seus “representantes”. Divergimos deste modo de democracia, que é incoerente com o seu próprio nome, quando, ao invés de dar poder ao povo, restringe seu poder político à vontade de seus “representantes eleitos”.

Entendemos então o caráter político desse informe. Sim, teoricamente a universidade, enquanto instituição federal, não deveria ter posicionamentos políticos. No entanto, isto não é o que observamos na prática, esta universidade demonstra sim um posicionamento político: conservador e atrelado ao governo. Frente a um ataque à democracia representativa, protegida pelo Estado, este reage numa indiscriminada tentativa de criminalizar o movimento. Aqueles que questionam a atual ordem social são tratados como “corruptos, violentos, desonestos, sem caráter, sem ética”. Sabemos que o Estado não é neutro, ele existe para proteger os interesses da classe dominante. Portanto, a reação de atacar movimentos sociais quando estes se manifestam não é surpreendente. Nesse episódio da ocupação vemos a materialização da luta de classes. Quando “os de baixo” se movimentam o Estado responde imediatamente com sua maior arma: a repressão. Não podemos ver este acontecimento como isolado da realidade histórico-social na qual vivemos, não é do interesse dos poderosos que a classe trabalhadora e explorada se mobilize para reivindicar melhorias no seu modo de vida, pois isto abre um precedente terrível para o Estado: mobilizar-se funciona e traz conquistas, e é assim que se rompe a relação de dominação e exploração que existe em nossa sociedade. Assim fica claro o que motiva a repressão e criminalização dos movimentos sociais: o empoderamento popular deixa o Estado com medo.

Entendendo a realidade dessa forma, devemos pensar sobre a necessidade de radicalização. A burocracia é uma das armas do Estado, e favorece apenas aos seus interesses, deste modo não é por meio dela que chegaremos à conquistas. Essa ameaça da reitoria é uma clara tentativa de desmobilização, de evitar que uma nova radicalização ocorra. Portanto não devemos ceder às pressões. Nosso objetivo é a conquista das pautas, e nada nos impedede radicalizar novamente caso a reitoria se negue a atender nossas reivindicações.

Deixamos claro que suas ameaças não nos intimidam, ao contrário, nós os intimidamos com a força do nosso movimento e continuaremos construindo-o da forma como fizemos até agora, ombro a ombro com a base dos estudantes, o mais democrático o possível, na luta cotidiana.

“Quando os de baixo se movem, os de cima caem.”

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Desocupação tática: Trégua sim. Recuo jamais. (CQM)

Tirado de http://quebrandomuros.wordpress.com/2012/07/23/desocupacao-tatica-tregua-sim-recuo-jamais/

 

Na última assembleia estudantil, dia 20, o Movimento Estudantil da UFPR votou pela desocupação da reitoria da instituição. A ação de radicalização do movimento trouxe para junto dos alunos grevistas grande força externa para com sua luta. Os movimentos de paralisação de ambas as categorias, professores e servidores, manifestaram publicamente seu apoio à luta através da ocupação. Diversas entidades estudantis e coletivos de esquerda publicizaram moções nas quais se colocavam ombro a ombro com o Comando de Greve dos Estudantes. A força adquirida pelos alunos não podia mais ser ignorada pelos burocratas do poder.

Acuada pela pressão estabelecida pela ocupação, a Reitoria da Universidade Federal do Paraná não teve outra escolha além de criminalizar e difamar os alunos que tomaram a dianteira do processo. Aliados ao DCE, os representantesda instituição espalharam junto à imprensa diversas mentiras que versavam desde uma falsa ligação da totalidade do Movimento para com partidos políticos (nunca é demais lembrar que o Coletivo Quebrando Muros é veementemente contrário a construção política realizada dessa maneira) até acusação de depredação do prédio ocupado, o que o próprio reitor Zaki Akel teve que desmentir depois da vistoria do prédio. Poucos dias antes da desocupação o mesmo reitor foi aos principais veículos de comunicação para amarrar ameaça de expulsão dos grevistas com a acusação de que o os discentes mobilizados se colocavam como entrave para liberação de medicamentos para a Maternidade Victor Ferreira do Amaral e também para a reforma do Campus Teixeira Soares.

Acusações falaciosas. Durante o processo de construção da greve, que começou a cerca de dois meses, militantes das três categorias (alunos, servidores e professores) visitaram, levantaram dados e realizaram atividades para esclarecer a situação do Teixeira Soares. Não só o Campus já era verdadeira ruína pós-apocalíptica, e, portanto, excessivamente atrasada, como o projeto do Campus atende uma lógica de ensino que contempla um projeto pedagógico absolutamente nefasto. A ocupação não poderia ter atrasado as obras, uma vez que elas nem sequer tinham, de fato, começado. E, com respeito, a Maternidade, a ocupação possuía uma Comissão de Ética que avaliava todos as requisições de documentos enviados para liberá-los se julgasse necessário. Documentos necessários para compra de remédios do Hospital de Clínicas foram liberados. Não haveria porque o tratamento ser diferente para com a maternidade se os documentos tivessem requisitados. Aliás, a mesma Comissão de Ética entrou em contato com a Maternidade e verificou que ela não estava com deficiência em seu estoque de medicamentos, desmentindo assim a matéria televisionada.

Ainda há de ser ressaltado que graças à militância na ocupação o Movimento continuou mobilizado mesmo em período de férias.  Tal mobilização garantiu que a maior assembleia de alunos da UFPR esse ano fosse realizada em meados de julho com cerca de 600 participantes que votaram pela manutenção da ocupação em tal ocasião. A excepcionalidade da radicalização do movimento evidenciou o movimento de greve perante a sociedade brasileira, inclusive forçando setores da imprensa que até então faziam de conta que a greve não existia a cobrir o evento.

Frente a isso fica claro que a saída da Reitoria não se dá por recuo, e sim, por trégua. O reinício imediato das negociações, e dessa vez pra valer, revela que a desocupação realizou-se de maneira estratégica e na hora certa. Não é mais possível a impassibilidade e ignorância que os burocratas tinham praticado frente às pautas elaboradas coletivamente por aqueles que lutam contra a destruição do ensino universitário. A mesa de negociações não é mais um faz de conta inócuo. A urgência com a qual os representantes do poder querem resolver nossas pautas só pode significar uma coisa: Os burocratas reconhecem a força do Movimento Estudantil e sabem que radicalização construída pela base é eficiente. Sabem que se a base optar pela radicalização, o Movimento radicaliza. Frente a um Movimento Estudantil forte e que opta pelo combate todos os ouvidos desensurdecem.

 

Quer saber porque o Movimento havia optado pela ocupação?
Clique aqui.

 

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Moção de apoio à ocupação da UFPR

“Carregamos um mundo novo em nossos corações, que cresce a cada momento. Ele está crescendo neste instante […].”
Buenaventura Durruti

Nós do Rizoma, uma tendência libertária e autonôma que atua na USP, gostaríamos de expressar publicamente nosso apoio e solidariedade aos estudantes ocupantes da reitoria da UFPR. Entendemos que a única maneira efetiva e transformadora de lutar por conquistas sociais é tendo a ação direta como método – pois somente quando os próprios interessados protagonizam a luta, sem contar com representantes ou intermediários políticos, se torna possível a transformação social e o avanço rumo as nossas bandeiras, além de fortalecer a construção e o amadurecimento do movimento como um todo: é na participação real na luta política que se aprende a lutar e fazer política transformadora. E sendo toda ocupação uma forma de ação direta combativa, e que coloca em cheque a própria hegemonia territorial, essa além de possibilitar as importantíssimas experiências de autogestão autonôma do espaço ocupado, é também e por isto mesmo, um forte instrumento de pressão para alcalçarmos nossas reivindicações.

Viva a construção da greve geral na educação!
Todo apoio as ocupações universitárias!
Viva a ação direta e a solidariedade!
Lutar por uma outra universidade para construir uma outra sociedade!

Rizoma – Tendência Libertária e autonôma, 12/07/12

RESISTIR NA OCUPAÇÃO: Por que manter a força estudantil na Reitoria da UFPR.

Tirado de http://quebrandomuros.wordpress.com/2012/07/11/resistir-na-ocupacao-por-que-manter-a-forca-estudantil-na-reitoria-da-ufpr/

Como já colocado neste espaço, o Coletivo Quebrando Muros compõe e apoia a ocupação de estudantes na Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Esta ocupação, ao contrário do que vem sendo pautado em uma parte da imprensa e nos posicionamentos oficiais da Reitoria, não ocorre meramente como uma “radicalização vazia” nem sequer constitui ato de “vandalismo”, como vem sendo exposto. Cabe lembrar o histórico do movimento: desde o início das negociações, a Reitoria tem-se mostrado bastante intransigente e, ao contrário do que tem dito, não apresentou uma disposição favorável ao diálogo com os estudantes, apresentando às pautas apenas respostas vagas e sem prazo concreto para efetivação.

Não é demais relembrar, também, o modo como se deu o movimento de greve estudantil do ano passado, no qual os estudantes saíram com conquistas históricas: RUs abertos aos domingos e nos cafés-da-manhã, aumento no valor de bolsas em 20%, ampliação do número de livros para empréstimo na biblioteca para 5 por aluno, entre outros. Estas conquistas não vieram do “compromisso” ou “excelência” dos nossos diretores acadêmicos, pois nada nos será concedido meramente pela boa vontade destes. Vieram, senão, através da organização e ação direta do movimento estudantil, que através de sua luta e organização autônomas, é capaz de obter as conquistas através de sua própria força. Neste sentido, cabe retomar os instrumentos de luta utilizados pelos estudantes neste processo: foi somente com a ocupação da Reitoria, que foi possível pressionar a Administração da Universidade em ceder e garantir nossas pautas. Portanto, consideramos legítimo o uso desse instrumento novamente na greve deste ano, levando em consideração que até o presente momento não houve proposta concreta da Reitoria, apenas enrolação.

Entretanto, desde que a Assembleia Geral dos Estudantes deliberou pela ocupação, a Reitoria optou por romper com a mesa de negociação em curso e retaliar sistematicamente todo o corpo de alunos da Universidade. Entendemos gestos tais quais: não-pagamento de bolsas, veto ao uso de ônibus para ida a eventos e congressos, e cancelamento das sessões do Conselho Universitário, como um ataque direto ao movimento, na tentativa de criar tensões internas entre o corpo discente para desmobilizá-lo. É importante frisar, porém, que quem rompeu com as negociações foi a Reitoria, e não os estudantes. Além disso, é responsabilidade da Reitoria garantir o devido funcionamento dos serviços interrompidos, o que é perfeitamente possível, como feito, por exemplo, em 2007, quando a Reitoria realizou uma sessão do Conselho na maternidade do HC, devido a uma ocupação em curso no mesmo período. Consideramos curioso, portanto, que a Reitoria agora venha dizer que não é possível realizar sessões do Conselho sem ter a sala disponível. Não é de hoje que a Reitoria tem feito isto: em 2009, houve liberação de verba emergencial para comprar comida a ser enviada para as casas de estudantes, por conta do fechamento do RU devido à gripe suína. Porém, no movimento de greve atual, a Reitoria coloca a culpa pela falta de alimentação dos estudantes na greve dos técnicos. Perguntamos à Reitoria: por que tinha verba em 2009 para garantir a alimentação mesmo com o RU fechado, e agora na greve de 2012 não tem? Ou seria mais uma tática para desmobilizar as categorias, jogando-as umas contra as outras?

Neste sentido, acreditamos que nosso movimento não deve ceder às pressões da Reitoria. Não deve aceitar seus argumentos e seu jogo de desmobilização e retaliação. Nosso movimento deve ser forte e resistir na luta e na ocupação, sem retroceder em suas conquistas e seus avanços. Nós, estudantes, só seremos capazes de avançar e conquistar vitórias se nos mantermos firmes e unidos, se tivermos força para lutar, e para isto já sabemos o que tem se mostrado como o instrumento adequado.

OCUPAR É RESISTIR! NÃO À BUROCRACIA DA REITORIA! A LUTA CONTINUA!

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