Na Sexta, a USP vai ficar preta!

Por enquanto, segue videoclipe da música Marias, do Ba Kimbuta, confirmadíssimo pra festa de encerramento do mês da consciência negra na usp.

[[a festa será nessa sexta, 29, as 20h, começando com sarau na voz a vez e, mais tarde, com muito som de pretx! acontecerá no predio da história e geografia, na usp]]

Professora negra da USP é assediada e humilhada no restaurante Dueto

Retirado de: http://mariafro.com/2013/11/26/professora-negra-da-usp-e-assediada-e-humilhada-no-restaurante-dueto/

Caso de assédio moral, machismo e racismo tudo junto e misturado no Dueto, um restaurante que adorava frequentar.

A indicação do post denúncia é de Domingos Tomé, também cliente do Dueto.  Ontem mesmo falava com Laerte Coutinho do dia que nos encontramos neste restaurante quando vários pais da escola da Vila foram jantar após a formatura de nossos filhos.

Além de não ir mais neste restaurante vou informar minha filha que o frequenta desde pequena com seus amigos  e informarei meus amigos. Espero que este sujeito asqueroso seja processado, nem diante de testemunhas ele não se constrangeu nem um pouco em assediar moralmente uma cliente, ofendê-la, humilhá-la.

Como escrevi no 20 de novembro sobre o racismo e o machismo: Nenhum homem pode entender integralmente como é degradante para nós mulheres sermos assediadas, violentadas, diminuídas em nossa humanidade por termos útero e vagina. 

Há machistas que nos agridem até mesmo expondo partes do corpo feminino com comentários grotescos, como se fôssemos cadáveres em uma aula de anatomia. O machista reifica o corpo feminino ao requinte de nos reduzir a um único órgão: a vagina.

Não há violência física que não seja precedida da violência psicológica e moral e o machista e seus sentimentos grotescos quer ter direito sobre os nossos corpos, decidir nossa moral a partir da roupa que vestimos, do linguajar que usamos, do sexo que fazemos. 

O nível do controle que a sociedade machista quer exercer sobre o corpo da mulher chega ao absurdo de querer criminalizar aquela que aborta. Quando não se tem direito sobre o próprio corpo não se goza de plena liberdade. Os escravos não têm direito sobre o seu corpo. Não somos escravas.

O machista é tão abjeto que na impossibilidade de argumentar, naturaliza a diferença entre os sexos para submeter a mulher.

Ao sair de casa para comemorar seu aniversário de 33 anos, no dia 8 agosto,  a geóloga e Professora  Doutora USP, Adriana Alves,  jamais imaginou que seria uma noite tão constrangedora.  Ela chamou um grupo de amigos e todos se encontraram no restaurante Dueto Bar, localizado no bairro do Butantã em São Paulo.  “É um bar frequentado principalmente por pós-graduandos e professores da USP. Era meu bar predileto, ia lá quase que semanalmente há pelo menos quatro anos”, descreve a professora em entrevista ao site Mundo Negro.

Seus pelos lá de baixo devem ser duros como os da sua cabeça”, diz dono de restaurante à professora negra da USP

Por Silvia Nascimento, Mundo Negro


Fachada do Restaurante “Dueto Bar”, no Butantã-SP

Tudo corria bem, até que ela o seus amigos foram para frente do restaurante, na calçada, para fumar e conversar. O dono do estabelecimento, um holandês de nome Peter, que nunca havia falado com ela, juntou-se ao  grupo com a intenção de se aproximar da professora.  “Ele começou perguntando se meus dentes eram verdadeiros, por serem muito brancos, eu dei uma risada e respondi que sim. Tentamos mudar o assunto da conversa, quando ele me perguntou se eu gostaria de tomar café  da manhã com ele no dia seguinte”, descreve a professora.  Ela tentou desconversar novamente, questionando o que a esposa dele acharia da proposta, e ele respondeu “que ela não tinha nada com aquilo”.

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Para falar dos Black Blocs, por Baderna Midiática

Não há dia que passe sem que a mídia publique a opinião de mais um intelectual sobre o novo fenômeno das ruas. Para você que não quer ficar de fora, a Baderna Midiática dá a receita de como fazer um típico texto de intelectual midiático “de esquerda” sobre os tão falados black blocs.

Os paralelos históricos são uma ferramenta importante para tentar entender o presente. Mas, com uma pequena dose de má fé ou ignorância, eles também podem ser usados de maneira inversa, para confundir. Como o black bloc é pouco conhecido, uma boa estratégia para desqualificá-lo é dizer que ele é igualzinho a algo que já aconteceu antes. Para uma argumentação mais moderada, recomenda-se compará-lo ao luddismo. Para quem não se lembra, os ludditas foram os quebradores de máquinas que se opuseram à nascente industrialização na Inglaterra no inicio do século XIX. Desde cedo os ludditas entenderam algo que demorou um século e meio para entrar nas cabeças bem pensantes da esquerda ortodoxa: a técnica não é neutra. Mas, apresar disso, os ludditas passaram para o senso comum da esquerda tradicional como exemplo de suma ignorância, pois não teriam entendido que o problema não eram as máquinas em si, mas a exploração capitalista. Da mesma forma, os black blocs, coitadinhos, não entenderam que não adianta quebrar os caixas eletrônicos e as agências bancárias para acabar com o capitalismo. Mas cuidado, essa comparação pode ser perigosa. Os ludditas foram criticados pelo movimento operário posterior porque se limitaram a quebrar máquinas, quando deveriam ter atacado os senhores das máquinas; exigiram a restauração de sua condição anterior de trabalhadores-artesãos, ao invés de questionar sua condição de explorados. É preciso, portanto, ser claro para evitar que a comparação com os ludditas leve a ideias ainda mais radicais – queremos é que os black blocs voltem para casa. A solução é simples. Basta mostrar como os mecanismos do sistema produzem efeitos mais concretos do que o quebra-quebra, e que, logo, é muito mais radical aderir ao sistema do que questioná-lo. Sugestões dos internautas: dizer que “baixar em um ponto a taxa de juros é mais eficaz do que quebrar bancos”, ou que “falta organização política aos black blocs” (por “organização” leia-se: filiação partidária).

A comparação com as Revoluções do passado é salutar. Sabemos bem que a esquerda partidária há muito abandonou toda pretensão revolucionária. Mas ela ainda se vê na obrigação de olhar com bons olhos algumas revoltas de outrora, exemplos dignos do uso da violência. Por conta disso, a esquerda partidária não pode, ao contrario da direita partidária, recusar inteiramente a violência (mas obviamente a violência do Estado não entra nesta conta). É preciso distinguir, então, entre uma violência boa e uma violência má. A principal característica da violência boa, chamada de “violência revolucionária”, é a de ter existido no passado e de não existir mais. Se atual, ela deve necessariamente estar muito longe de nós. Já a característica da violência má é a de estar nas ruas, aqui e agora. Caso tenha duvidas se a violência de um movimento é boa ou não, basta fazer a seguinte pergunta: eu posso tomar parte direta nesse movimento? Se a resposta é “não”, pode falar em “violência revolucionária” sem temor. Assim, pode louvar a violência dos “rebeldes” sírios ou dos resistentes palestinos, sem por isso ter vergonha de desacreditar os black blocs que quebraram a sua agência Bradesco.

Mas, sobretudo, é preciso deixar claro que a violência das Revoluções do passado nada tem a ver com tudo que se passa no presente. Para reforçar esse argumento, você pode insistir no fato de que os sujeitos são outros. A violência de 1917 era fruto da pura união dos explorados operários com os explorados camponeses. Em 1968, os operários se juntaram dessa vez aos estudantes, que, naqueles tempos sim eram revolucionários (“não se fazem mais estudantes como antigamente”, nos dizem os professores que ensinam a esses estudantes!). Para gerar um contraste perfeito, esvazie a subjetividade da violência atual, faça dela uma violência sem sujeito, com o uso de fórmulas repetitivas, tautológicas: “vandalismo de vândalos”, “baderna de baderneiros”. Se achar realmente necessário nomear os sujeitos, a sugestão de um internauta é: aludir a uma aliança entre estudantes baderneiros e criminosos da periferia. Essa alusão tem a vantagem de despertar o medo-classe-média, mas é um pouco forçada e você corre o risco de fazer papel de Bucci.

Para os menos moderados e mais sem vergonhas, recomendamos o paralelo “super-trunfo”: comparar os black blocs aos fascistas italianos. Na falta de argumentos para fundamentar tal comparação (já que esses simplesmente não existem) você sempre pode apelar para a cor da camisa. A analogia é frágil, para dizer o mínimo, mas perante uma plateia de policiais pode colar.

Combate ao autoritarismo e ao monopólio da mídia, apoio a grevistas e feminismo: típicas bandeiras fascistas, não é mesmo?

Atenção! : desaconselhamos todo e qualquer paralelo com revoltas do passado brasileiro. Nada de falar em balaiada, cabanagem, motim do vintém ou revolta da vacina! Além de não serem chiques como os exemplos europeus, os exemplos tupiniquins podem abalar a ideia de que o povo brasileiro é, por natureza, “pacífico e ordeiro”.

Para aqueles que não gostam do visual retrô e preferem a última moda, nada como evocar o inimigo número 1 da nova ordem mundial: o terrorismo. Nos EUA, o “gigante” do norte, o terrorismo tem feito maravilhas para o avanço do sistema repressivo e de controle da vida dos cidadãos. Aqui no Brasil, ele pode fazer o mesmo. Infelizmente ainda não existem indícios de que os black blocs sejam fundamentalistas, ou mesmo que tenham qualquer religião, e fica difícil apontá-los como braço da Al Qaeda. Mas isso não impede que eles “peguem um avião e joguem no Congresso”, como propôs um senador governista, mais inventivo do que qualquer intelectual.

Já aqueles que preferem o visual clean, nada como a volta do higienismo. E ele está voltando com tudo na esquerda institucional, com suas fórmulas clássicas que parecem não envelhecer. Você pode chamar os black blocs de “parasitas” ou “sanguessugas” que estão se aproveitando das manifestações (para quê, mesmo?) ou qualificá-los de “doença social”, que precisa ser combatida com duros remédios. Sugestão do internauta: “catapora social”, pois é uma doença “epidérmica e superficial” (para dar uma pitada de maringonismo no seu cafezinho)

Poderia ser propaganda neonazista, poderia ser uma capa da Veja, mas não: a fonte é um portal "de esquerda"

Não se esqueça de lembrar também que o uso das máscaras é prejudicial aos protestos (o link indicado é de uma republicação, pois o original foi tirado do ar). Elas permitem a infiltração de P2s e criminosos. Antes do uso das máscaras a polícia, coitada, não conseguia infiltrar agentes – como se disfarçar sem a máscara do Guy Fawkes, como? E os criminosos, hoje tão abundantes, não tinham vez. Todos sabem, e os índices demonstram, que não havia criminalidade nas grandes metrópoles brasileiras antes de junho de 2013. Você pode ser inclusive o primeiro a dizer que quando os black blocs quebram os caixas eletrônicos não querem manifestar sua posição anticapitalista, mas sim roubar o dinheiro que está ali dentro –só não descobriram como.

Último argumento que não pode faltar: a violência dos black blocs justifica a violência da Policia Militar contra os manifestantes. Trata-se aqui de uma simples inversão de causa e efeito, qualquer um pode fazer. O documentário Com Vandalismo mostra como nos protestos de junho em Fortaleza, manifestantes pacíficos, inicialmente contrários ao “vandalismo”, mudaram de opinião e abandonaram o grito “sem violência” depois de terem sofrido na pele a violência irracional da Policia Militar. O aparecimento de grupos que se valem da tática black bloc é uma resposta à violência com a qual protestos são habitualmente tratados pela polícia que a ditadura nos deixou. Basta lembrar de 13 de junho, quando não se falava em black bloc, e quando a imprensa foi obrigada a admitir que a repressão da manifestação ocorreu sem motivo algum. Portanto, é importante fazer esquecer tudo isso, e fingir que a violência policial começou por causa dos black blocs e não o contrário.

Mais importante de tudo. Não deixe, em nenhum momento, o seu leitor suspeitar que exista relação entre a violência cotidiana nas periferias e a violência das manifestações. Não deixe seu leitor sequer imaginar que o ódio que por vezes os black blocs ostentam pela polícia possa ser em algum grau motivado pelo desprezo desumano e homicida que essa policia ostenta perante uma parte da população. Não deixe, enfim, seu leitor suspeitar que o espancamento do coronel indefeso possa ter algo a ver com as mortes de Amarildo, Douglas, Jean e tantos outros.

Sobre a questão, na Baderna Midiática:

Violência, mas para quê?

A ideologia do controle

O reverso da repressão

Severamente punidos: a mídia demoniza os black blocs

Toda rotina tem sua violência

“Tudo para todos. Para nós, nada”, EZLN.

Recomendamos o vídeo “Severamente Punidos” que denuncia a campanha midiática contra o movimento Black Block como uma estratégia para criminalizar os protestos e incentivar a repressão policial.

Um massacre midiático prepara sempre um massacre real. Violenta é a mídia!

Veja aqui: https://rizoma.milharal.org/2013/08/31/severamente-punidos-a-midia-demoniza-o-black-bloc/

Relato sobre o Núcleo de Consciência Negra

Relato sobre o Núcleo de Consciência Negra, por Mandi.

Ontem, por volta das 13h, houve mais uma ofensiva da Reitoria para destruição do Núcleo de Consciência Negra (NCN).
Dessa vez, a burocracia enviou pedreiros e mestre de obra para fechar a porta lateral do NCN, utilizando tapumes – que já estão cercando todos arredores do prédio, menos a parte do Sweden, rico restaurante branco da propriedade duma senhora da FEA. Devido à articulação de muitxs que não acham que a luta anti-racista é somente dizer “cotas já” nas assembleias, conseguimos colar em peso, em menos de 10 min depois que fomos comunicadxs sobre o ocorrido. Devido à pressão dxs companheirxs, conseguimos fazer com que a obra não avançasse sobre as portas e parede do NCN.

Desde então, estamos nos auto-organizando para fazer vigília no prédio, e, se o NCN já tinha atividades diariamente, agora ele terá atividade em todos os horários possíveis, incluindo as madrugadas. As mesmas madrugadas que a Reitoria aproveita para enviar trabalhadores para continuar as obras, como aconteceu ontem, à 1h da manhã, horário em que só foram “tirar alguns entulhos” (se só foram fazer isso ou não, o que importa é que não puderam fazer porra nenhuma!)

Esse é um breve relato sobre o que aconteceu ontem no NCN, mas que tem acontecido há muito tempo: a tentativa de demolição da história dxs negrxs na USP. Não passarão!!!

Este é também um chamado à todxs que lutam contra o racismo: Nos apropriemos do Núcleo! Decretamos que essxs vermes nunca mais arrancarão parte do nosso passado ou ditarão qualquer ordem para o nosso futuro: Aqui, em presente, como desde o dia em que fomos roubadxs do continente africano, continuaremos resistindo: Não passarão!!!

AMANHÃ: