Acredito no poder do (A)mor

Eu acredito no poder do amor
mas eu acredito na boa violência
a fúria destruidora que arrasa o velho
o podre, o corrompido, o incorrigível
o molotov que queima e purifica
o soco na cara, uma barra de ferro
na cabeça careca de um nazi
o povo revoltado derrubando seu governo
superando em número e força
os aparatos repressivos
a explosão de sangue e adrenalina
a velocidade frenética das chamas
que queimam vitrines
eu queria acreditar que basta amor
para mudar o mundo
mas eu não posso
ser tão inocente

[Victor Pinduca]

II Festival do Filme Anarquista e Punk

Retirado de:http://anarcopunk.org/festival/?p=200

Confira a programação completa: http://anarcopunk.org/festival/?page_id=196

*Um breve panorama do II Festival*

A idéia continua sendo simples e direta: realizar um Festival dedicado a exibições de filmes, sobretudo documentários, recentes, criados principalmente por anarquistas e punks de várias partes do mundo. Como se isso não bastasse, inclui-se também na programação criações que abordam diversas temáticas sociais sob um olhar crítico e libertário. Círculos de conversa, oficinas, declamação de poemas e exposições artísticas completam a programação.

Herdeiro de uma cultura e arte política libertária comprometida com a classe trabalhadora e com qualquer outro grupo social historicamente marginalizado, excluído e injustiçado pela classe dominante e sua ideologia hegemônica, o Festival é apenas uma pequena amostra de como o audiovisual tem sido uma importante ferramenta de propaganda das idéias, agitações, estéticas e imaginações libertárias. No Brasil e no mundo, pequenas salas, muros, butecos, praças, campos de várzea, becos, vielas, lajes, sob um teto ou ao ar livre, cineclubes fazem exibições, realizam festivais e afirmam a presença anarquista também no contra-cinema comercial.

A maioria dos filmes e documentários que serão exibidos no Festival foi concebida de forma autônoma e independente. Munidos de tecnologia acessível e barata, muitos filmes são frutos do lema “faça você mesm@” e nem por isso perdem em qualidade estética. Não são filmes neutros nem filmes óbvios. Embora cada um deles apresente um compromisso com a história de anarquistas e lutadores/as movidos por um profundo desejo de justiça social em momentos e contextos diferentes. Aqui, não vale apenas ter “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”. É preciso ter a coragem de inserir na história e no imaginário social, narrativas, enredos, ações e personagens que a filmografia oficial faz questão de apagar. Neste sentido, o Festival coloca-se na contramão da produção do esquecimento na qual o cinema comercial está comprometido.

A repercussão do primeiro Festival realizado em 2012 foi tão positiva que muitas propostas surgiram antes mesmo de circular as inscrições para esta segunda edição. A quantidade de filmes aumentou depois que as inscrições foram abertas, novamente com produções feitas no Brasil, América Latina e outras partes do mundo. Da primeira para a segunda edição algo que nos chama a atenção é a quantidade de novos proponentes, que não inscreveram filmes no ano anterior e, sendo assim, são estreantes no Festival. Por um lado, o farto material reunido exigiu que a comissão estabelecesse critérios de exibição e organização da programação, e por outro, confirmou que o Festival veio mesmo para ficar!

Para esta segunda edição, o Festival preparou uma programação que vai ocupar três noites e dois dias, na sexta tem a abertura com declamação de poemas, rap e apresentação das exposições e sábado e domingo tem exibições, círculos de conversas e oficinas, repetindo a edição anterior. Ao todo, serão exibidos 33 filmes, divididos em documentários, animações, vídeo-poesias e experimentais, longas, curtas. Além disso, quatro círculos de conversa, duas oficinas e quatro exposições permanentes. Títulos, sinopses, país de origem e ficha técnica estão disponíveis logo a seguir neste catálogo.

Durante todo o Festival, vai funcionar uma feira de livros anarquistas, libertários e publicações independentes, DVDs, discos, camisetas, acessórios e lanches veganos.

Há mais de um século o anarquismo vem alimentando a possibilidade de um mundo mais justo e igualitário no qual não caiba nenhum tipo de opressão. E há pouco mais de um século acontecia também a primeira exibição pública de um filme. O mundo nunca mais foi o mesmo depois do anarquismo e dos filmes. Ainda não sabemos se é possível um cinema anarquista. Os filmes que serão exibidos neste Festival apontam alguns caminhos. E como a história ainda não chegou ao seu fim, seguimos rumo a estação liberdade!

Vozes Libertárias: A história relegada do anarquismo em Porto Rico

By A.N.A. on 30 de agosto de 2013
Por Joel Cintrón Arbasetti

“E você acredita que existiram anarquistas em Porto Rico?”. A resposta a esta pergunta, feita por um professor zombador a um estudante de mestrado em história, não foi um simples sim ou “é claro!”, mas uma tese de mais de 200 páginas que logo se tornou o livro Voces Libertarias: Los orígenes del anarquismo en Puerto Rico (Vozes Libertárias: As origens do anarquismo em Porto Rico). O autor desta pesquisa recém publicada, Jorell A. Meléndez Badillo, que se descreve como “pesquisador independente, professor de profissão, anarquista por convicção e punk rocker por diversão”, responde à pergunta do professor incrédulo ou cínico através do estudo das “ideias progressistas” do proletariado em Porto Rico.

Partindo “da necessidade de imaginarmos outro tipo de história”, Meléndez assume uma perspectiva historiográfica crítica a partir de uma postura interdisciplinar para identificar o papel que teve o anarquismo nas entranhas do movimento operário, desde os primeiros fermentos organizativos de finais do século XIX até a aparição dos primeiros sindicatos em princípios do século XX. Para esta tarefa Meléndez recorre a imprensa operária da época, onde encontra declarações contundentes sobre o anarquismo como: “Sou (não se aterrorizem) [sic] um anarquista. Sinto germinar ou bater em meu coração, com a permissão dos lacaios léxicos, os princípios redentores de Bakunin [sic] e Malato, Reclus e Graves…”. Nesta citação do periódico local El Combate de 10 de outubro de 1910, não apenas alguém se declara anarquista, mas nomeia importantes libertários europeus, como o russo Mikhail Bakunin, o italiano Charles Malato, o francês Jacques Élisée Reclus e o também francês Jean Grave.

Em Vozes Libertárias são revistos ainda os poucos textos acadêmicos que de alguma forma se aproximam do tema do anarquismo em Porto Rico, como Modernidad y Resistencia de Carmen Centeno Añeses, os trabalhos sobre Luisa Capetillo realizados pela jornalista Norma Valle e El Derribo de las Murallas de San Juan, de Rubén Dávila Santiago, entre outros. Partindo destes textos, de trechos de periódicos, informes policiais, boletins, cartas e obras literárias, Meléndez tece os traços que dão conta da existência de discursos e práticas sociais de acordo com o ideário anarquista ou libertário em Porto Rico, talvez a menos conhecida e portanto demonizada, distorcida e temida corrente de pensamento radical.

Continue lendo

Paris rubronegra: ato contra o fascismo e em homenagem a Clément Méric

No dia 23 de junho milhares de pessoas foram às ruas de Paris numa passeata antifascista e em homenagem a Clément Méric, jovem de 18 anos, estudante de Ciência Política e militante do sindicato Solidires e da Antifa espancado e morto por neonazistas no final de maio.

PARIS RUBRONEGRA!

A passeata contou com muitxs anarquistas, autônomos, setores lgbt’s, antirracistas e antixenófobos. Durante o trajeto painéis publicitários e bancos foram quebrados e destruídos para não se esquecer que toda luta antifascista é também uma luta contra o Capital.

O ato percorreu as ruas de Paris, desde a Ópera até Stalingrado. Passou tanto por bairros mais burgueses da capital, como pelos bairros mais populares. Após o final da passeata, alguns ativistas continuaram na praça, onde foram reprimidos pela polícia, que deu um fim à manifestação. À manifestação do dia 23 de junho, não à luta antifascista, que se perpetua todos os dias, através de jovens como Clément, que ousam se levantar contra toda forma de fascismo e opressão.

Seja da França ou do Brasil, decerto perdemos um cidadão do mundo, um jovem que estava na mesma rede internacional, anticapitalista e antifascista que o Rizoma está inserido. Toda solidariedade e carinho a Clément, família e amigxs.

fascistas, nazistas, racistas: NÃO PASSARÃO!

Clément Méric

Acracia

Nas águas daquela fonte
Lavei
Minha alma juvenil,
Que já não volta.

Águas inquinadas
Recusei…
Por não serem as águas
Cristalinas
Daquela fonte
Que abracei!

– Artur Modesto

http://lahorde.samizdat.net/2013/06/24/paris-compte-rendu-et-photos-de-la-manif-du-23-juin/