[Hoje] Assembleia da FFLCH + Todo e Qualquer Curso que Colar

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Nos últimos dias vimos ressurgir publicamente o debate sobre a instalação de câmeras na FFLCH. Essa discussão não surgiu agora, não surge do nada; tínhamos indícios de que, durante o ano passado, a universidade já articulava a instalação dos instrumentos de vigilância. Para além de todas as patifarias exercidas pela direção para aprovar essa medida a toque de caixa – revindicando uma suposta problematização do assunto dentro de comissões dos departamentos da FFLCH (que nem os membros teoricamente consultados lembram) e a aprovação de um projeto que com certeza necessitará de um grande montante por parte da faculdade em momento de contenção de gastos por causa do rombo orçamentário – reiteramos nosso posicionamento: essa medida nada mais é que um ataque direto ao direito de organização política por parte das estudantes e trabalhadoras!

No dia 20 de março, estava na pauta da reunião da Congregação da FFLCH (espaço que é basicamente composto por professores) decidir se deveriam ser, por fim, instaladas ou não as câmeras em nossa faculdade. O Movimento Estudantil se organizou e realizou um ato onde rolava essa reunião, o que parece ter feito os professores recuarem ao tirarem esse assunto da pauta do dia, e deixar para outra oportunidade a decisão (estariam ganhando tempo, sendo cagões ou bonzinhos?). A partir daí se formou uma comissão paritária (composta por pessoas de cada um dos setores: um estudante, um professor e uma funcionária) que tem o “grande poder” de formular uma proposta de resolução que… no final será submetida à Congregação, ou seja, não decide nada.

Essa novela tem outros episódios, outros detalhes, outras tantas coisas, mas o que nos interessa é que tem aparecido uma série de argumentos e discussões das mais bizarras possíveis que claramente culminam em um risco de desarticulação de todo movimento político. E quanto a esses gostaríamos de pontuar um especificamente:

Algumas pessoas acreditam que o melhor a fazer seria uma consulta a todos os professores, trabalhadoras e estudantes da FFLCH, porque, claro, todos esses grupos participam ativamente de articulações políticas da faculdade… (? !) Claro que não! Não podemos, enquanto Movimento, permitir que essas pessoas decidam sobre a segurança das nossas organizações. Não pode haver câmeras num espaço em que se articula politicamente, não pode haver câmeras num espaço em que convivemos!

Ter imagens gravadas significa articulações políticas que não deveriam ser públicas tornadas públicas, pessoas identificadas e assim por diante. Mesmo que num primeiro momento essas imagens não parem na sala do reitor, certamente a estrutura burocrática pode reivindicar isso a qualquer hora (argumento um tanto inocente, não? será?).

O fato é que precisamos agora nos unir para barrar o processo das câmeras, sem consultas burocráticas ou qualquer outra coisa. Não pode haver câmeras na FFLCH (nem deveria em outras unidades e em tantos outros lugares) e ponto! As câmeras, bem como a instauração de outros processos vindos de cima, culminam na desarticulação e perseguição aos nossos movimentos.

Barrar as câmeras!
Não à perseguição política!

[Quinta] Assembleia da FFLCH + Todo e Qualquer Curso que Colar

IMG_20140401_093131726[1]Chamada em PDF: ASSEMBLEIA FFLCH abril 2014 a4

O ano de 2014 começou com uma notícia que surpreendeu a muitas pessoas: a maior Universidade da América Latina está com um rombo de R$ 1 bilhão. Ao explicitar essa crise orçamentária os burocratas profissionais que dirigem a USP não perderam tempo, jogaram todo o seu ônus nos ombros de estudantes e trabalhadorxs: bolsas e trabalhos de campo foram cortados, a situação daEACH remendada com alguns acordos com universidades privadas e outros institutos da USP que cederam seus espaços para o início das aulas, sem previsão de descontaminação do atual terreno, além de diversos cortes na área de infra-estrutura como pró-alunos. Está claro que algo deve ser feito, não amanhã, não para daqui um mês, mas agora!

Diante disso, a pergunta que paira no ar é: por que não fazemos então? Em mais de um mês desde o início do ano letivo esperamos a comissão gestora do DCE – comissão formada após o fim do mandato da gestão da entidade durante a greve do ano passado – fazer algo, no entanto, as iniciativas de tal comissão demonstraram-se tão obscuras quanto aquelas formadas pela burocracia universitária, chegando inclusive a justificar a falta de uma assembleia geral dizendo que a comissão só havia sido formada para organizar a calourada e as eleições do DCE!

Na última assembleia da FFLCH xs estudantes decidiram romper com o imobilismo da burocracia estudantil! Não vamos mais ficar sentadxs esperando! Por isso, a próxima assembleia de nossa faculdade, no dia 03/04, terá o caráter extraordinário de ser aberta à voz e voto para estudantes de todos os cursos da USP.

Enquanto a reitoria avança com sua política de privatização e precarização da universidade não podemos ficar só olhando!

Todxs à assembleia do 03/04 às 18h na Hist/Geo!
Unificar a luta contra o corte orçamentário!

 

Nenhum passo atrás, avancemos! [texto nosso de início de ano]

2014


Um novo ano chegou e com ele a reafirmação de nossos antigos problemas. Mais uma vez inúmeras pessoas estão na corrida por moradias e assistências e, no entanto, não é difícil notar que pouco se avançou desde os anos anteriores. Não nos enganemos: não serão poucas as que ficarão a ver navios. Ainda mais quando consideramos o momento pelo qual a Universidade passa. Logo que tomou posse o novo Reitor (Marco Antônio Zago) expôs uma crise orçamentária que a USP não vivia há anos; nada mais nada menos que um rombo de mais de R$1 bilhão! Uma dívida de tamanha dimensão já afetou os mais diversos âmbitos da vida universitária: as obras faraônicas da nova Reitoria e de prédios recém-adquiridos no centro da cidade foram paralisadas, simpósios e viagens internacionais foram cancelados (levando nossxs queridxs “mestrxs” aos prantos), ao mesmo tempo que diversas bolsas – de iniciação científica, de estágio e etc – estão atrasadas ou estão simplesmente sendo cortadas da folha de pagamento da Universidade. Com essa crise orçamentária a reitoria intensificará o processo de demissão dxs terceirizadxs ignorando o compromisso com estas pessoas e sobrecarregando xs funcionárixs efetivxs. Nesse sentido obviamente a reitoria não está preocupada com a urgente demanda por programas de permanência estudantil e toda a comunidade da EACH segue um caminho incerto sobre os próximos dias. O descaso com o campus instalado na Zona Leste de São Paulo reforça e escancara quais são as reais prioridades para toda a linhagem de REItores USPianos. Como já diz o ditado: a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Além disso, fora da USP, o ano traz consigo a promessa de muitas lutas. Desde as jornadas contra o aumento do ano passado o descontentamento popular tem se expressado nas ruas cada vez mais, denunciando o caráter do projeto social que se perpetua no país há anos. Nesse contexto, a luta contra a Copa tomou novas proporções, impulsionada pelos atos no ano passado. Mas assim como do nosso lado esperamos a intensificação das lutas, sabemos que a resposta que virá do outro será a intensificação da repressão. No ano em que se completam 50 anos do Golpe Militar, o repertório dos de acima tem se mostrado extremamente variado, indo desde a violência física, passando pela psicológica, e terminando no uso do aparelho jurídico para impedir a participação ativa daquelxs que querem se manifestar. Mas para que tudo isso não se transforme em promessa de ano novo, temos de tomar algumas medidas também no movimento estudantil.

No final de 2013 passamos por uma greve estudantil que, infelizmente, não teve um saldo político dos mais animadores. O seu encerramento foi marcado pela falta de conquistas e pela prisão de 2 estudantes da Filosofia. Frente a isso, achamos necessário tecer algumas considerações para evitar erros semelhantes no futuro.

É preciso apontar, primeiramente, o abismo que houve entre o movimento geral e as bases dos cursos. Estas formularam inúmeras propostas e indicaram diversas iniciativas as quais levaram às assembleias gerais, mas quase nunca foram ouvidas. Em detrimento das discussões desenvolvidas nos cursos, assistimos o embate de pautas e bandeiras que não fizeram parte do cotidiano da greve e que, mesmo assim, tomaram enorme espaço nos debates acerca das deliberações coletivas. Somado a isso, um desejo patológico por parte de algumas correntes de dirigir o movimento levou-as a negligenciar de maneira irresponsável qualquer atitude, mesmo as que vinham das bases, que não tinham consonância com sua linha política. Prova disso é que a reivindicação “motivadora” da greve e ocupação (a nauseante “Diretas para Reitor/Papai”) foi rapidamente equiparada a outras bandeiras trazidas posteriormente. Outro fator, ainda nessa linha, diz respeito à eterna tentativa de ignorar as decisões tomadas em assembleias e transferir os processos de deliberação para outras instâncias como o Comando de Greve ou então a dominação por parte daqueles que anseiam dirigir o movimento nas comissões com maior capacidade de manipulação, como a Comissão de Comunicação. Repetidas vezes pode-se perceber que de nada adiantavam as horas dispendidas nas Assembleias Gerais quando, de fato, as comissões/pessoas responsáveis só davam o devido encaminhamento para as tarefas referentes à sua própria pauta.

Em segundo lugar, a postura adotada de praticamente implorar para a Reitoria negociar conosco seria cômica se não fosse trágica. Ao invés de nos preocuparmos em massificar o Movimento e aumentar a sua força, nos desgastamos excessivamente tentando convencer a Reitoria a nos atender. Por isso, deixamos de aproveitar o enorme potencial de ações diretas como ocupação, trancaços de portões e piquetes nas obras da nova Reitoria, utilizando-as apenas como instrumento de pressão para a abertura de negociações. Nesse sentido, foi feito um esforço hercúleo por parte de alguns setores para manter a reitoria ocupada como simples moeda de troca, ao invés de fazer dela o que deveria ser: moradia. Não à toa o último termo de acordo proposto pelos burocratas era uma piada de mau gosto que não atendia verdadeiramente nenhuma de nossas reivindicações.

Por último, não podemos negar que diversas correntes que compõe o Movimento possuíam interpretações semelhantes às nossas sobre diversos aspectos. No entanto, a nossa incapacidade de articulação enfraqueceu a possibilidade de intervenções. Quando encaramos o processo de burocratização da greve e da ocupação e a incapacidade do movimento de sair do lugar, deveríamos ter tomado iniciativas conjuntas no sentido de impedirmos o aprofundamento desses processos. É mais do que urgente e necessário um amadurecimento do Movimento Estudantil como um todo para compreender que, enquanto alguns insistem na tentativa de imputar sua própria pauta para o movimento todo e gastamos toda nossa energia vital em disputas internas, o mundo continua girando e estudantes pobres continuam sendo obrigados a abandonar a universidade por não conseguirem acesso aos programas de permanência. O vestibular segue existindo, as cotas permanecem apenas como um sonho distante e a universidade continua sendo racista, misógina e servindo apenas à “elite intelectual do país”.

Tendo em vistas esses apontamentos, acreditamos ser necessário darmos continuidade ao movimento do ano passado, pautando a ampliação dos programas de acesso e permanência e a intensificação da luta contra a repressão e a criminalização daquelxs que lutam. Precisamos estar articulados para barrar toda e qualquer tentativa de ataque da reitoria contra o Núcleo de Consciência Negra, São Remo e espaços estudantis. Devemos também deixar claro para a Reitoria que quem fez a cagada do orçamento foi ela e que, portanto, é de responsabilidade dela arcar com as consequências sem prejudicar xs estudantes e trabalhadorxs. Não seremos nós a pagar esta conta!

O Movimento Estudantil avisou que a posse do REItor João Grandino Rodas seria uma tragédia completa para a USP como um todo. Birrentos e intransigentes todos os aliados do reizinho avançaram na criminalização das lutas estudantis e gerenciaram a USP como se fosse o quintal de casa na farra do desvio de verba. Esta crise evidencia a problemática na forma como se se organiza e estrutura os processos de decisão dentro da Universidade de São Paulo.

2014 será um ano de desafios e o Movimento Estudantil não pode se perder e ser levado a reboque das lindas – e manipuladoras – promessas de diálogo do novo Reitor. É preciso construir a resistência em nossos cursos através do fortalecimento das bases, da organização e da ação direta.

PS: e não, não imaginaremos a USP na Copa, porque precisamos imaginar a USP agora e esta USP agora é violenta e segregacionista.

Nenhum passo atrás, avancemos!

Hierarquia

A hierarquia é um padrão de organização que se reproduz como um todo. É uma deformação no campo social que afeta todos os eventos que ocorrem nesse campo porque condiciona o fluxo interativo a passar por determinados caminhos (e não por outros).

Do ponto de vista da topologia da rede social, hierarquia é sinônimo de centralização. Há poder – no sentido de poder de mandar nos outros – na exata medida em que há centralização (ou seja, hierarquização).

A hierarquia é uma intervenção centralizante na rede social (ou uma deformação verticalizante do campo social) que permite excluir nodos (desconectar ou eliminar pessoas), apartar clusters (separar ou eliminar atalhos) e suprimir caminhos (obstruir fluxos, filtrar ou eliminar conexões).

(O Matrix realmente existe) http://goo.gl/qEUdOf