[Terça-feira 09/junho] Rizoma na mesa da Antisemana de Ciências Sociais da PUC-SP

Nessa terça-feira (09/06) às 10h da manhã, nós do Rizoma – Tendência Estudantil Libertária participaremos da mesa sobre “Memória, Invenções e Burocratização do Movimento Estudantil” na ANTISEMANA de Ciências Sociais que está sendo organizada na PUC São Paulo pela Célula de resistência anti-autoritária.

A mesa contará também com a presença de João Prado (estudante de ciências sociais – PUC-SP) e Bruna Avancini (coletivo Estopim – PUC-SP).

Colem lá para participar desse importante debate sobre nosso movimento e nossas ferramentas de luta!

Veja a programação da antisemana!

Reformismo: um freio no movimento estudantil

Em maio publicamos um texto¹ de debate público em que apresentamos nossa estratégia de reivindicação das cotas raciais e sociais e como esta bandeira se encaixa em nosso programa para o movimento estudantil. No entanto, deixamos em suspenso a caracterização que fazemos sobre o reformismo no movimento estudantil.

Para nós este debate é essencial, pois o reformismo é composto por setores e correntes que isolam a luta de um horizonte revolucionário. Com o acirramento da luta de classes no Brasil torna-se ainda mais fundamental evidenciar esta prática para que o conjunto dos movimentos de resistência escolham entre duas vias: a reformista ou a revolucionária.

Se temos a revolução como horizonte devemos romper definitiva e imediatamente com o falido programa social-democrata do PT e seus semelhantes, utilizando os métodos históricos dos movimentos de resistência e combatendo a conciliação de classes. A nosso ver o reformismo no Movimento Estudantil tem se expressado de duas maneiras: a primeira atua a partir da substituição de métodos históricos de luta contra o Estado e o capitalismo por outros que não ameaçam a ordem vigente, através da burocracia, e a segunda por levantarem bandeiras que confundem o movimento, por conterem em si próprias a conciliação entre os dois lados que se enfrentam.

Os métodos Reformistas

No movimento estudantil, é frequente a tentativa de retirar a centralidade dos métodos utilizados historicamente pela classe trabalhadora e por nosso movimento – pautados na democracia e ação diretas – para se aventurar em métodos ditos “mais atualizados” ou que supostamente dialogam mais com o conjunto das/os estudantes. Ao fazerem isso, os setores que defendem esse tipo de “adaptação” aos novos tempos confundem grande parte dos/as estudantes que acabam de ingressar na universidade com disposição de luta, voltando-os/as para uma disputa formal nas estancias burocráticas nas quais não há nenhuma perspectiva de avanço para as pautas do Movimento Estudantil.

Essa prática que se expressa principalmente na negação das ações diretas – como paralisações, piquetes, greves e ocupações – dão espaço para disputas improdutivas e conciliatórias com os de cima, e tem como pano de fundo justamente o deslocamento da luta, passando-a dos espaços legítimos do movimento para o campo minado da burocracia universitária. Permitir esse deslocamento é um grave erro, pois ao invés de nos concentrarmos em ações e atividades que propiciem a massificação do Movimento Estudantil, gerando assim uma correlação de forças mais favorável às nossas mobilizações, acabamos por dedicar nosso tempo e energia em situações que dependem da boa vontade de um burocrata, quando não do próprio reitor ou governador. Não à toa, os grupos reformistas que enfrentamos no Movimento Estudantil pretendem, através dessas práticas, colocar freios à mobilização quando esta não serve aos interesses de suas burocratas e governantes aliados dentro e fora da universidade.

A via reformista, tenta esvaziar e deslegitimar nossos fóruns deliberativos, transportando a luta para dentro dos espaços “construídos em conjunto” com a burocracia e setores governistas. Não devemos depositar esperanças nas ferramentas de nossos inimigos, visto que a nossa própria experiencia nos prova que os métodos históricos de luta dos trabalhadores são os que de fato nos trazem resultados concretos. Nosso compromisso não está ligado à visão de mundo e à vida desses burocratas, mas aos/às estudantes da classe trabalhadora que em suas lutas apontam no sentido oposto, não pedindo ou implorando a um burocrata qualquer que nos aceite, mas impondo a ele nossas posições e reivindicações.

As bandeiras Reformistas

O reformismo se expressa também nas bandeiras que levanta. Caracterizamos assim todas aquelas que visam atingir as estruturas de poder da instituição como, por exemplo, “diretas para reitor”, “estatuinte” e “governo tripartite”.

Todas estas, independente do grau da radicalização retórica, possuem um único desdobramento: a crença do conjunto de nossa categoria nas mãos das instâncias burocráticas da universidade. Gera, assim, duas distrações principais: a primeira é a de que se outra pessoa ou grupo administrasse a universidade esta seria melhor, mais confortável ou mesmo mais aprazível, se abstendo, portanto, de levar um debate mais aprofundado sobre o papel desta instituição na sociedade capitalista, o que invariavelmente exporia grande parte das contradições contidas nela. A segunda é o sacrifício das lutas que atingem diretamente os/as estudantes e que possuem um recorte classista, como a por cotas e permanência, que são necessidades reais dos/as estudantes para a sua sobrevivência econômica dentro da universidade, em proveito de uma bandeira abstrata e sem nenhuma ligação com a realidade material.

Também joga no campo da burocracia as bandeiras de reivindicação de repasse de verbas tais como ICMS e/ou PIB. Ao nosso ver não temos que cair no equívoco de apoiar a burocracia em suas questões administrativas e sermos engolidos pela gestão da universidade burguesa. A nossa reivindicação precisa estar explícita. Se para atender às demandas de permanência estudantil ou de ampliação de contratação de funcionários a reitoria alega que não tem dinheiro, precisamos, com a força da mobilização, tornar insustentável a posição da reitoria e fazer com que ela que se resolva com os seus aliados governamentais para atender às demandas do movimento. Não podemos incorrer no erro de exigir maior repasse de verbas com uma pauta em abstrato que pode significar ampliação de recursos para áreas e setores completamente alheios às demandas materiais de estudantes e trabalhadores.

Nosso horizonte não é reforçar a universidade, buscando alternativas à sua gestão, mas explorar este terreno de contradições forjando militantes para a luta de classes. Parece-nos extremamente difícil que em algum momento as pautas de estrutura de poder possam dar vazão aos anseios imediatos do conjunto dos/as estudantes da classe trabalhadora, tornando-se assim, uma alavanca para um processo de lutas mais intenso.

Um programa de lutas para o Movimento Estudantil

Diante de tudo isso, a atuação que buscamos desenvolver dentro do Movimento Estudantil caminha no sentido de, por um lado, explicitar as contradições próprias da universidade – entendendo esta como uma instituição burguesa e que serve para alimentar a sociedade capitalista –, assim como evidenciar a condição dos/as estudantes enquanto, em grande parte, trabalhadores/as ou futuros/as trabalhadores/as, ou seja, enquanto componentes desta classe.
Para tanto, avançamos na construção de um programa que traga em si o recorte de classe – a partir das lutas por cotas e permanência –, impulsionando também mobilizações em unidade com a classe trabalhadora, estreitando esses laços da forma mais orgânica possível. Ao fazer isso, combatemos as práticas reformistas de conciliação de classes, devolvendo à juventude da classe trabalhadora a centralidade nesse processo, que deve ser pautado em seus métodos historicamente construídos de democracia e ação diretas.

A nosso ver, qualquer caminho que tangencie a perspectiva reformista é um grave erro que nos faz perder de vista nossas tarefas reais imediatas e futuras. Considerando a conjuntura atual, repleta de ataques que nos pressionam e testam nossas forças, se nosso movimento caminhar pelas vias reformistas pagaremos um preço ainda mais alto. Em um momento em que vemos a reitoria se empenhando cada vez mais para nos atacar, não podemos nos distrair! Hoje a luta que deve ser erguida pelo conjunto do Movimento Estudantil é aquela que responde diretamente às ofensivas da reitoria e do governo do estado. É necessário que nos foquemos na conquista das cotas, na defesa de nossas condições de permanência e na luta contra a repressão, abrindo a disputa de quem manda nesse espaço: se um punhado de burocratas ou o conjunto dos/as trabalhadores/as e estudantes!


¹ https://rizoma.milharal.org/2015/05/27/cotas-estrategia-e-mobilizacao/

COTAS: Estratégia e Mobilização – debate público com o Território Livre

A publicação de uma nota das/os compas do Território Livre www.facebook.com/tlivre/posts/981526678526312 que explicitou a sua divergência com a pauta de cotas raciais e sociais, retomando seu programa, gerou uma agitação acerca do tema. Achamos importante encamparmos esse debate com uma discussão programática cada vez mais aprofundada e como uma contribuição para os próximos passos do movimento estudantil da USP.

Acreditamos que a aplicação de cotas na universidade é necessária e urgente, e já apresentamos os motivos em diversos panfletos. Dessa forma, o posicionamento que se segue não pretende revisitar todos os motivos pelos quais defendemos essa pauta, mas acirrar o debate quanto à estratégia em que esta luta está inserida.

Contribuindo para o debate e avanço programático do movimento estudantil da USP vamos publicar em breve, além deste, um segundo texto abordando o debate sobre reformismo e suas práticas no movimento estudantil.

Cotas: estratégia na luta contra o capitalismo e a destruição da universidade burguesa

Gostaríamos, primeiramente, de destacar uma das ideias principais do texto publicado pelo TL, no caso, a ideia de que defender cotas na universidade seria uma perspectiva dentro dos marcos do capital. Apresentamos então, o seguinte questionamento: qual pauta ou reivindicação hoje não ocorre dentro dos marcos do capital? Esta limitação se dá sob todas as reivindicações que podemos fazer de forma imediata. Desde os salários, até os empregos, bolsas e moradia. No limite, todas estas pautas podem estar circunscritas à possibilidade dentro do capitalismo e são, de uma maneira ou de outra, reformas. Não achamos que as/os compas do TL não sabem disso. A reflexão cabe, portanto, a outro âmbito do debate sobre cotas: de que maneira elas afetam a luta dentro do movimento. Se são pautas que contribuem para fortalecer a mobilização e caminhar adiante, ou se nos fazem recuar, estagnar. Em suma, se elas estão ou não inseridas numa perspectiva revolucionária e apontam um horizonte para a mobilização.

Parece-nos que o TL julga que cotas, enquanto medida a ser implementada, em nada altera a realidade material e não possui em si nenhum acúmulo para a luta de classes. Discordamos desta análise. Acreditamos que a pauta da implementação de cotas raciais e sociais deve ser defendida pelo movimento estudantil da USP não apenas pelas melhoras imediatas, mas porque ela deve possuir em si, e principalmente de acordo com os métodos que utilizarmos para conquistá-las, um horizonte revolucionário.

A universidade surgiu com o intuito de formar a elite intelectual burguesa, mas hoje cumpre também a função de diferenciar o trabalho entre mão-de-obra precarizada e mão-de-obra especializada, restringindo a última a somente uma parcela da população. Não há possibilidade, no capitalismo, que toda a sociedade ingresse no mercado de trabalho como mão de obra especializada, então é necessário que amplas camadas da classe trabalhadora continuem como um exército precarizado. Essa manutenção se dá com a cobrança de mensalidades, nas universidades privadas, e com a falácia da meritocracia dos vestibulares nas universidades públicas. Os cortes e limitações nas politicas de assistência estudantil também garantem a manutenção da universidade como ela é: elitizada.

No Brasil, a ampliação das universidades federais e das demais políticas de apoio estudantil nas universidades privadas representou um aumento no acesso ao ensino superior em uma conjuntura de estabilidade. Mas agora, em um contexto de aprofundamento da crise econômica, os cortes afetam primeiramente aquilo que é considerado “supérfluo”, como por exemplo, a formação superior para trabalhadoras/es.

A universidade revela, portanto, qual é seu projeto dentro da sociedade capitalista. Defendemos a pauta de cotas, com seu recorte racial e social, porque fazemos uma avaliação de que ela fere diretamente tal proposta de universidade e evidencia suas contradições, explicitando o papel que esta cumpre na manutenção do capitalismo e que precisa ser destruída junto com ele. As cotas sociais e raciais, quando erguidas com uma perspectiva revolucionária, sem isolar essa reivindicação das demais bandeiras do movimento, têm a possibilidade de ser um importante componente de um programa revolucionário para o Movimento Estudantil, ligando-o com o conjunto da classe trabalhadora e sua juventude. É dessa forma que a reivindicação por cotas se configura como um ataque direto ao funcionamento da instituição universitária e em consequência, ao capital, ao qual ela serve.

Cotas e o acirramento nas mobilizações do movimento estudantil

Acreditamos que a implementação de cotas raciais e sociais tende a acirrar as contradições materiais internas à universidade com a proletarização do corpo estudantil que passa a colocar a instituição universitária numa latente exigência por recursos destinados à permanência. Pois não basta ingressar, também é necessário conseguir permanecer e concluir a graduação. Não afirmamos que exista uma reação imediata e automática com a mudança no recorte de classe do corpo estudantil, pois para a luta não basta apenas a condição material. Sabemos que a realidade não é essa. A força de um movimento não se dá pela precariedade de sua condição, mas pela sua capacidade organizativa e de articulação, com a combatividade das organizações que o compõe, pelo caráter democrático de suas assembleias e comandos, pela confiança na força de suas entidades. No entanto, se a classe trabalhadora é o sujeito revolucionário a lutar pelas suas condições de vida e trabalho, a/o estudante trabalhador/a é o sujeito a lutar pelas suas condições de vida e permanência. Dá-se dessa maneira um protagonismo às pautas classistas de nosso movimento, impondo assim essa contradição.

Nas universidades federais, as mobilizações que se intensificam este ano, e que estão ocupando diversas reitorias, tem como uma de suas pautas centrais a permanência, justamente porque ampliou-se o acesso à universidade, mas não as bolsas de permanência estudantil em sua quantidade e valor necessários.

Também apostamos, de forma estratégica, que a luta pelas pautas classistas – e aqui inserimos as cotas raciais e sociais – trazem acúmulos para o debate interno ao movimento estudantil.

Quais estudantes o movimento estudantil deve mobilizar e organizar? A universidade – e principalmente a USP por ter em seu corpo discente tantos filhos da burguesia – é também um campo de batalha da luta de classes. Por isso devemos ter como foco as reivindicações de classe, voltada para os estudantes filhos da classe trabalhadora e aqueles tantos estudantes que já são trabalhadores. É evidente que a pauta de cotas não é do interesse da totalidade de estudantes da USP, pois estes também defendem seus interesses de classe. O movimento estudantil não deve limitar a sua potência buscando pautas que sejam do interesse de todo o corpo discente, pois isso é ilusório e prejudicial ao movimento. A luta contra a terceirização não é do interesse dos filhos de donos de empresas terceirizadas. A luta contra o fechamento dos bandeijões e das creches não é do interesse dos estudantes que possuem condições econômicas e não precisam destes instrumentos. E a luta por cotas também não é do interesse de tantos filhos da elite que baseiam sua vida na defesa da meritocracia.

Acreditamos que ao reivindicar uma pauta com recorte racial conseguimos avançar também nos debates internos do movimento estudantil, pois torna-se fundamental que travemos uma luta anti-racista entre os próprios estudantes mobilizados – que não estão apartados e nem protegidos da reprodução das ideologias opressivas presentes na sociedade. A reivindicação de cotas raciais e sociais é para nós, um elemento importante também neste sentido.

Cotas: reformismo?

Outro ponto que o texto dos/as camaradas do Território Livre levantam é acerca do reformismo. Temos total acordo quanto aos graves custos provocados pela social democracia. Esta política – que não questiona, e tampouco combate, o aparelho do Estado e deposita no acúmulo de políticas públicas estatistas a sua estratégia – é responsável por estagnar, aparelhar e fazer recuar a luta da classe trabalhadora em prol de um pacto com a burguesia. Esta prática que no Brasil se expressa principalmente no PT deve ser denunciada e combatida sem hesitação.

Avaliamos que a pauta de cotas não se trata de uma prática reformista essencialmente. Isto é evidenciado quando a inserimos em uma estratégia ampla para a luta do movimento estudantil. Uma estratégia que, além de evidenciar as contradições na divisão do trabalho e acirrar as contradições materiais que existem na universidade, ameace diretamente a estrutura universitária através de uma luta baseada nos métodos radicalizados de nosso movimento. Atentamos para o ponto que há grupos políticos que atuam na USP há décadas e também defendem a pauta de cotas, mas pouco ou nada fazem para que o movimento estudantil encabece um processo de mobilização real para conquistá-la. Esse é um dos muitos prejuízos que a prática reformista traz para o nosso movimento, ponto este que vamos avançar mais no segundo texto. A conquista da pauta de cotas precisa se dar com a luta fortemente organizada nos cursos e radicalizada em seus métodos para que a pauta não seja solicitada à reitoria, mas sim imposta pela força do movimento estudantil em unidade com as/os trabalhadoras/es. A pauta, assim como os métodos, precisam apontar para o projeto político que estamos construindo, e por isso, reforçamos a importância das greves, das paralisações e ocupações como forma de conquistarmos nossos eixos de luta e para seguirmos avançando no acúmulo organizativo da juventude frente às ofensivas do capital e do Estado contra nós.

Posta essa divergência programática com as/os compas do Território Livre, temos certeza que seguiremos ombro a ombro nos piquetes, trancaços e greves, cerrando fileiras nas mais diversas trincheiras da luta. Sabemos de que lado as/os compas estão. Se temos discordâncias, então façamos a disputa política nas assembleias, reuniões e comandos! E sejamos unidos na ação contra nossos inimigos! Contra Estado, burguesia, burocratas e patrões!

Aos piquetes!
Às greves!
Lutar por cotas e permanência estudantil!

cotas

Os métodos piqueteiros

Os Metodos piqueteros

Na última assembleia estudantil do curso de História foi aprovada, em relação à paralisação do dia 14.05, a obstrução física das salas de aula por meio do cadeiraço. O método do piquete foi votado e aprovado pela maioria dxs estudantes presentes na assembleia, ganhando por grande contraste.

Passada a paralisação, a atual gestão do Cahis (Apologia da História), por meio de uma nota, se posicionou contra o piquete físico. Levantamos aqui alguns pontos que nós, do Rizoma, achamos importante para que este debate seja travado publicamente e possa de alguma forma fortalecer o movimento estudantil no curso de história.
Na nota, um dos pontos levantados pela Apologia da História foi: “o diálogo entre os estudantes como uma necessidade para que haja mobilização e avanços na reorganização do movimento estudantil no curso de História.” Em nada somos contra o diálogo com xs estudantes para avançarmos em nossa organização e mobilização, porém acreditamos que ele deve ser travado no cotidiano para que repercuta nos fóruns abertos deliberativos do movimento estudantil. Para que isso ocorra é de suma importância que – já que a atual forma de representação dxs estudantes do curso de História é através de uma gestão eleita – esta tenha um sério comprometimento em aproximar xs estudantes da luta.

Não podemos esquecer que a atual gestão do CAHIS se encontra já no seu segundo ano de mandato e, até hoje, vimos poucas tentativas de diálogos com xs estudantes a respeito da atual conjuntura de crise na USP ou de mobilizar realmente xs estudantes para a luta. Na verdade, podemos dizer que sentimos o contrário: nas reuniões ordinárias do CAHIS é constante a dificuldade de aprovar uma Assembleia Estudantil sem que sejam apresentados diversos empecílhos em termos de datas ou de pautas, além da gestāo parecer ignorar o cenário que se apresenta diante de nós e preferir direcionar suas forças para atividades desconexas com as atuais necessidades de mobilização dxs estudantes de História, mostrando-se passiva e pouco comprometida a encabeçar a organização dessxs estudantes. Lembramos também que o CAHIS compunha a comissão gestora do DCE no inicio deste ano e, apesar de ter sido aprovado nos fóruns de base do nosso curso, a gestão não levou com comprometimento o chamado a uma assembleia geral estudantil logo no inicio de ano.

A ideia de que o movimento estudantil está desgastado vem sempre acompanhada da ideia de que só está assim porque não discute seus métodos, mas será mesmo?
O movimento estudantil, em cada assembleia, comando de greve ou espaço de deliberação e debate, discute os seus métodos de ação. Se o piquete físico foi discutido e aprovado em assembleia, isso significa que xs estudantes compreendem que a paralisação proposta só cumpriria realmente seu objetivo através do bloqueio das salas de aula. O método de piquete de convencimento parece ser mais um boicote a paralisação, pois com as aulas ocorrendo normalmente não se paralisa as faculdades de fato. Discussões são válidas e absolutamente necessárias, porém o método de passagens em sala é mais condizente com o cotidiano do curso e não com dias de paralisação.
Paralisar as aulas não é supérfluo. A paralisação completa e real – e esta se dá apenas com a garantia dos piquetes – explicita que não estamos em um momento de normalidade na universidade. Ela escancara que há algo acontecendo, altera a rotina alienante e garante que os estudantes possam participar das mobilizações. Um dos motivos da paralisação do dia 14.05 foi também para que estudantes pudessem participar do ato das três universidades estaduais até o CRUESP. Este é um dos momentos da mobilização. É o momento que paralisamos as aulas para ocuparmos as ruas. Além deste existem outros momentos da luta e o de se fazer passagem em sala de aula fazendo o diálogo com estudantes deve ser antes de estourar a mobilização. A atual gestão do CAHIS defendia uma passagem em sala de aula no dia 14 (dia da paralisação), como um método de convencimento/diálogo com xs alunxs, algo muito louvável, mas uma pergunta surge com isso: por que a gestão não fez isso nos outros 29 dias do mês, já que a mobilização em torno de cotas, permanência estudantil e contratação de funcionários não começou ontem?
Por isso, nós do Rizoma defendemos sim o piquete fisico em dia de paralisação e nas greves, pois apenas com ele é possível realmente parar as atividades na universidade ou no local de trabalho. Reiteramos que somos totalmente favoráveis à passagem em sala de aula nos dias que NÃO estamos paralisados. Não só somos favoráveis, como também em todas as reuniões abertas do centro acadêmico defendemos que haja passagem em sala de aula para divulgar as assembleias de curso, e informar xs estudantes sobre a conjuntura. Para conseguir mobilizar o curso é preciso compreender quais são as tarefas e quais os momentos para cada uma delas. Quando e a hora do diálogo e da passagem em sala e quando e o momento de paralisar as aulas e demonstrar nossa força para nos defendermos dos ataques da reitoria.

Se queremos Cotas, Permanência Estudantil e Contratação de funcionários, precisamos ser responsáveis com a mobilização e comprometidos com a sua construção. De nossa parte seguimos, como sempre fizemos, compondo as reuniões do centro acadêmico. Fazemos um chamado para que mais e mais estudantes façam o mesmo. Principalmente os estudantes filhos de trabalhadores e trabalhadoras que sofrem diariamente com a exploração e que sabem na pele o quão dificil e continuar na universidade sem bolsas de permanência, sem a infra-estrutura de moradia, bandejão e creche e todos aqueles estudantes que sabem a dificuldade que foi conseguir ingressar em uma universidade que faz de tudo para que a população negra e pobre entre apenas pela porta dos fundos permanecendo nos cargos de terceirizadas.
Organizar o movimento estudantil, dialogar, incentivar a participação. E quando paralisar, paralisar de verdade!
COTAS E PERMANÊNCIA JÁ!
Contratações e não à terceirização!

[Atividade aberta] O papel dos grupos organizados no Mov. Estudantil + apresentação do Rizoma

O Rizoma surge, no final de 2011, como um agrupamento de diversos militantes independentes que sentiram, na prática, as limitações de não atuar de forma organizada no Movimento Estudantil.

Naquele momento vivíamos uma forte greve estudantil contra o convênio PM-USP e contra a repressão aos estudantes que foram detidos na brutal reintegração de posse da Reitoria. O início de 2012 foi marcado por uma assembleia geral que, a nosso ver, deveria ter sido decisiva para a continuidade da mobilização.

Naquele início de 2012 não estávamos organizados o suficiente para conseguir intervir na luta de forma a garantir a defesa de nossas pautas.

A partir dali muito amadurecemos, aprendemos, e hoje temos a certeza de que a melhor opção para fortalecer a militância e os anseios de mudança política é, sem dúvidas, através da organização.

// Convidamos a todos para esta atividade aberta de debate e troca sobre qual o papel dos grupos organizados no movimento estudantil e para a apresentação de quem somos, o que defendemos, e tudo o mais.

Nos vemos dia 11/maio!
Segunda-feira
18h
No espaço aquário (prédio da hist/geo – Campus Butantã)

+ Leia nossa carta de apresentação em: https://rizoma.milharal.org/carta-de-apresentacao-2/