Ato contra o fechamento de escolas no estado de São Paulo (09/10/15)
O dia amanheceu cinzento. Quase como uma visão do que enfrentaríamos. Às 8h da manhã haviam centenas de estudantes concentrados no MASP, sendo a grande maioria de secundaristas (alunos do fundamental e médio da rede pública de ensino), prontos para ocuparem as faixas da Av. Paulista. Às 8h:30 a Paulista já estava tomada e os coros começavam a engrossar. As organizações não orgânicas ao movimento, que tentaram dirigir o ato, foram rechaçadas e a grande massa de secundaristas levantou a mobilização apesar destas direções. O ato começou seu trajeto rumo à Av. Consolação e não demorou até encontrar seu primeiro obstáculo.
Um dos manifestantes, um estudante secundarista, foi detido por PMs de forma arbitrária e truculenta, como é próprio da instituição. As imagens acima mostram como foi a abordagem: um PM torce o punho do garoto, enquanto outros cercam a cena para impedir as pessoas de intervirem.
A polícia é o braço armado do Estado. É a instituição que garante a “Ordem e o Progresso”. Mas não de todos e sim de uma determinada classe, a burguesia, que se sente ameaçada quando a juventude toma as ruas em reivindicação daquilo que lhe pertence. Outra questão que é colocada e será explorada logo à frente é a de que a tática da polícia nesses atos é sempre a mesma: provocar com intervenções fortuitas e gratuitas para minarem a nossa unidade.
Durante 5 minutos, palavras de ordem rechaçando a brutalidade da PM, como “Solta um, ou leva todo mundo!” e pelo fim da PM, “Não acabou, tem que acabar: eu quero o fim da polícia já!”, ecoaram. Os estudantes secundaristas passavam a mensagem bem clara: NINGUÉM FICA PARA TRÁS! A resistência das pessoas que ali estavam fez com que o garoto fosse solto.
A PM conseguiu o que queria: separar o ato em duas partes. Durante o ocorrido uma parte do bloco que marchava, a que estava mais a frente e, portanto, não sabia que o garoto tinha sido pego, prosseguiu com o ato e a segunda parte do bloco assumiu a postura de escoltar o garoto e garantir que mais ninguém fosse pego. Em meio a toda a confusão gerada, um jornalista que fazia a cobertura do ato para o portal de mídia Viomundo – Caio Castor – registrava toda a repressão e teve seu equipamento danificado pela polícia.
Caio não desistiu e abordou o oficial que comandava a operação, de nome Capitão Santos. O jornalista alertou que eles haviam danificado seu equipamento e disse que as imagens estariam no ar ainda hoje.
A resposta do Cap. Santos (que pode ser conferida no link aos 4 minutos e 50 segundos) foi a seguinte:
– “Vou te pegar depois! Vou te pegar depois! Pode sumir do mapa, eu vou te pegar!”
Outra tática que a PM usa em manifestações é a de impedir que a imprensa classista cumpra seu papel, que é de denunciar a violência repressiva dos agentes do Estado. Como prometido, Capitão Santos iniciou um safari atrás do jornalista que correu para se proteger após as ameaças.
As imagens mostram Caio sendo algemado e conduzido até a viatura, que o levaria ao 78º DP (Rua Estados Unidos, 1608, Jardins – SP). Ao mesmo tempo a tropa de choque chegou e fez mais dois reféns: um professor de sociologia e um estudante que estavam na luta contra o fechamento das escolas.
Enquanto a polícia mantinha o professor e o estudante separados da manifestação e algemados, diversas pessoas exigiam que a mochila de ambos fosse revistada publicamente, pois sabemos que é prática cotidiana da polícia plantar provas falsas em mochilas, como ficou amplamente conhecido nos protestos de 2013 contra o aumento da tarifa e nos protestos de 2014 contra a Copa do Mundo. Estas pessoas eram ameaçados constantemente pela polícia que queria impedir qualquer filmagem da repressão ou da revista nas mochilas. O estudante foi liberado ainda na Av. Paulista e o professor foi levado à mesma DP que o jornalista. Após horas na delegacia, os dois foram liberados após prestarem depoimento acompanhados de um advogado.
O ato unificou-se novamente com os estudantes sentados em frente ao prédio da Gazeta e de lá fizeram meia-volta e desceram a Rua Pamplona cortando pela Alameda Itu sentido 9 de Julho onde o ato teria um de seus momentos mais marcantes: a ocupação de ponta a ponta do túnel que retorna à Consolação.
Mesmo com a presença das tropas de choque, o ato rumou até a Praça Roosevelt para seu momento final. Um regime de assembleia foi instituído, as saudações foram dadas e rapidamente os estudantes deliberaram o próximo ato que ficou marcado para o dia 15/10 às 10:00h, com concentração no Palácio dos Bandeirantes.
Todo apoio à luta contra o fechamento das escolas
Nós do Rizoma – Tendência Estudantil Libertária – saudamos a forte luta de estudantes secundaristas, professores e funcionários das escolas que serão fechadas. Também saudamos todas os lutadores e lutadoras que mesmo não sendo atingidos diretamente pela “reorganização escolar” promovida pelo governador Geraldo Alckmin, sabem que a luta é uma só. Apoiamos a mobilização contra o fechamento das escolas e reforçamos a convocatória para o ato do dia 15, que será um dia nacional de lutas contra os ataques e os cortes na educação feitos pelos governos.
TODOS AO ATO DIA 15!
TOMAR AS RUAS!
BARRAR O FECHAMENTO DAS ESCOLAS!
“Se minha escola fechar
A cidade vai parar!”
Saudações, Rizoma.