MOÇÃO DE APOIO AOS ESTUDANTES PRESOS DA UNIFESP (dos processados da USP)

É universalmente reconhecido que a sociedade brasileira possui desigualdades radicais.

O discurso comum sobre o tema, transmitido na televisão, nas rádios e na internet, alega que as desigualdades do Brasil existem por causa de ações degeneradas de incompetentes e corruptos, afirmam que a miséria é uma mescla da “imoralidade” dos políticos com a “indisciplina” dos “vagabundos”, e que as soluções corretas abrangeriam um conjunto de medidas que vão da “diminuição dos gastos” ao fim da “criminalidade” e dos “bandidos”, passando pela “criação de leis mais rígidas” e pelo incentivo ao “setor privado” e ao “desenvolvimento nacional”.

Mas a que e (mais importante) a quem vale tal discurso?

Esse discurso visa dar sobrevida aos modelos vigentes de produção econômica e de gestão das populações. Ou, em outras palavras, visa salvaguardar o capitalismo e o Estado. Não é por acaso, desse modo, que os grandes difusores (e beneficiários) desse discurso sejam os governantes executivos do Estado, as chefias legislativas e burocráticas, grupos conservadores de juízes, desembargadores e promotores do judiciário, os proprietários e especuladores de grandes fundações e empresas, os pesquisadores e cientistas alinhados aos interesses da acumulação, os grandes oligopólios da informação, as altas patentes militares – o exercício do poder fia o tecido que os associa na manutenção da ordem vigente.

Quando nós, presos nas movimentações políticas na USP e UNIFESP, reivindicamos condições justas de educação, trabalho e convívio na universidade pública (condições que o capitalismo e o Estado não podem oferecer), estávamos também – espontânea e objetivamente – nos colocando contra todas as forças associadas que exercem o alto poder em nossa sociedade capitalista. E sim, foi essa oposição que motivou as prisões e os processos criminais, as agressões e as ofensas, as torturas, as expulsões da universidade e as demissões.

Por outro lado, é essa oposição que também nos une, estudantes da USP, e da UNIFESP, UNILA, UNIR, e tantas outras, todos presos e processados, mas todos também lutadores frente a necessidade de resistir à privatização do ensino superior, às explorações do trabalho terceirizado, aos espetáculos da sociedade consumista e ao autoritarismo de homens de farda e de terno e gravata. E para resistir, é necessário lutar.

TODO APOIO AOS 26 ESTUDANTES PRESOS DA UNIFESP!
POR UMA EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE!
NÃO À REPRESSÃO!

Processados na USP