Piquetar a peleguice: geral na greve geral! – nosso posicionamento para o início desta greve

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Piquetar a peleguice: geral na greve geral!

É papel do Movimento Estudantil resistir às decisões tomadas pelos burocratas que tem como objetivos a utilização das Universidades para reproduzir e fundamentar a lógica capitalista dominante. Assim, a luta contra os projetos elitistas postos em prática na universidade são imperativos na busca pela real democratização. Há quem diga que só vamos alcançá-la quando pudermos eleger o REItor, mas não é possível “questionar o rei sem questionar o trono”. Como falar de democracia quando o espaço da universidade tenta a todo momento sabotar o ingresso das classes mais baixas em suas fileiras de ensino? Democratizar a USP significa garantir a implantação das COTAS sociais e raciais, e a garantia de que as estudantes negras/os e pobres tenham meios para se manter na universidade!

A universidade passa por um longo processo de privatização. Os investimentos de capital privado são a velha novidade que há muito acontecem em alguns Institutos da USP, e não é de agora que se ouvem boatos sobre a cobrança de mensalidades. Essa proposta tem-se fortalecido pela retórica (leia-se farsa) da crise orçamentária. Ora, não seria agora o momento propício para reavivar esse projeto? Ao exigir mais verba para a USP, o movimento tende a cair no erro de legitimar o investimento de capital empresarial na Universidade, ou então injetar mais dinheiro que é do povo para a manutenção de um elefante branco que não lhes oferece retorno nenhum.

Cabe ressaltar que a privatização não é só do conhecimento, mas do acesso ao espaço, escancarados no fechamento do campus da Universidade à comunidade externa. O contínuo corte de linhas de ônibus dentro do campus restringe o acesso da população às possibilidades de cultura da cidade universitária (principalmente aquelas que não tiveram condição de passar no vestibular). Como se não bastasse há a condição das/os Moradoras/es da São Remo (em sua maioria negras e pobres), as quais tem cada vez mais cerceada sua presença na universidade, seja com a impossibilidade de utilizar a área para lazer – devido à construção dos muros, ou na perda de benefícios como o CEPEUSP e o uso gratuito de ônibus circulares.

A instalação do BUSP – fruto de uma associação entre um órgão público e a máfia dos transportes – como meio de locomoção na universidade é gratuito APENAS a estudantes. É sabido que muitas funcionárias/os terceirizadas/os (precarizadas/os), que trabalham no campus e moram nos arredores, são afetadas/os pois precisam pagar a tarifa do transporte para chegar ao trabalho. O sucateamento do Hospital da USP (HU) e do Hospital das Clínicas também aponta para o descaso da administração da universidade para com a sociedade.

As grandes mídias também cumprem seu papel de legitimar a suposta crise financeira da USP, como demonstra o editorial do Jornal Folha de São Paulo no dia 01/05/14. Mas o que seria essa crise? Não é segredo que João G. Rodas (ex-reitor da USP), teve sua gestão marcada por gastos excessivos e sigilosos – muitas vezes usados como silenciadores de greves. O atual reitor Marco Antônio Zago, participou da gestão sendo, na ocasião, pró-reitor de pesquisa e portanto conivente com estes gastos e com o plano de privatização da Universidade de São Paulo, juntamente com as outras universidades do estado. O “reitor do diálogo” impõe o monólogo do 0%, da PM e da privatização.

Em uma ponta deste famigerado iceberg de sorvete está o suposto rombo orçamentário. Do outro, aquelas que sentem seus efeitos. Ao escolher não reajustar o salário de professoras/es e funcionárias/os, Zago tensiona a situação, para que quando estes reivindiquem o reajuste, mostre como única alternativa viável,a injeção de capital externo na universidade. Uma medida administrativa semelhante à dada para a questão da EACH, em sua nova parceria com a UNICID (“parceria” público-privada”) como resposta à omissão relativa ao caso de contaminação do solo do campus da USP-Leste.

Quando as estudantes decidiram entrar em greve na última assembleia geral realizada na quarta-feira dia 21 de maio, não foram deliberados os eixos do movimento estudantil. Apoiar a greve da ADUSP (Associação de Docentes da USP) e do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), não exclui a possibilidade das estudantes inserirem suas reivindicações no cenário de greve. Não podemos cair na falácia de uma greve apenas por pautas economicistas. O que está em jogo é um projeto de Universidade e todas as pessoas que silenciarem perante este cenário serão coniventes com o enterro da Universidade Pública.

A reivindicação de aumento salarial das duas categorias precisa vir de forma proporcional ao aumento das bolsas de permanência. Se para algumas pessoas da USP viver com 20 mil não é o suficiente, quem diria viver com as bolsas de R$400,00 para pagar aluguel, alimentação e transporte?! Ao propor 0% de reajuste salarial para docentes e funcionárias/os o que está em jogo na verdade é uma redução salarial que violenta o setor da classe trabalhadora. Devemos apoiar a reivindicação de reajuste salarial e exigir igual aumento para as bolsas estudantis.

É de responsabilidade do Movimento Estudantil construir uma forte mobilização priorizando uma política de acesso e permanência, pois só quando as de abaixo se apropriarem da Universidade e as estudantes estiverem concretamente aliadas às/aos trabalhadoras/es teremos vitórias efetivas para a classe com quem lutamos. E se queremos poder seguir em luta, sem a criminalização de nossos movimentos, devemos garantir a defesa às/aos nossas/os companheiras/os de militância. Deixar para trás fileiras de combatentes entregues aos processos administrativos e penais é auto-sabotagem.

Unificar a luta pelo fim de todos os processos!
A USP não precisa de mais verbas, o que está em jogo é uma questão de prioridades!
Construir uma luta unificada contra o arrocho salarial e por políticas reais de acesso e permanência estudantil!

Saudações, Rizoma.
Maio, 2014.

Greve dxs trabalhadores e docentes da USP

Assembleia realizada hoje, 21.05, acaba de aprovar greve geral dxs trabalhadores da USP. Sintusp diz que é a maior assembleia em 30 anos.

 

ATUALIZAÇÃO:

No final da tarde, os docentes também aderiram a greve. Ambas terão início na próxima terça-feira, 27.05.

ATUALIZAÇÃO às 21 horas:

Estudantes da USP reunidxs em Assembleia Geral também aderem à greve a partir de terça-feira. Até lá já se construirá esforços conjuntos com funcionárixs e docentes para preparar a campanha de greve.

Próxima assembleia geral será dia 28/maio.

Assembleias de curso deverão ocorrer na segunda-feira dia 26/maio.

Governador Geraldo Alckmin recebe nota em defesa dos processados da USP

retirado de: http://www.dceusp.org.br/2012/12/governador-geraldo-alckmin-recebe-nota-em-defesa-dos-processados-da-usp/

No dia de ontem, 13 de dezembro de 2012, as entidades representativas, DCE-Livre da USP, Associação de Docentes da USP (Adusp), Sindicato de Trabalhadores da USP (SINTUSP) e Associação dos Pós-Graduandos da Capital (APG) entregaram a Nota Em Defesa dos Processados da USP para o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e para o reitor da USP, Prof. Dr. João Grandino Rodas.

Articulada pelas entidades por via do Fórum Aberto pela Democratização da USP, a nota questiona a reitoria sobre os processos administrativos sofridos por estudantes e funcionários e que resultariam em eliminação dos processados da universidade. Questionamos a justificativa para esses processos (os quais entendemos enquanto perseguição política), a forma como eles são julgados (por professores indicados pela própria reitoria, a mesma que acusa) e também sua base legal, qual seja o Regime Disciplinar de 1972, que data da época da ditadura e é um dispositivo antidemocrático, não sendo acolhido pela atual Constituição Federal.

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Reunião aberta contra a repressão policial e ameaça de desalojamento na são remo! (Associação dos Moradores da São Remo e Sindicato dos Trabalhadores da USP)

Até quando teremos esse discurso, que só fica no plano das ideias, de democratização da universidade e da necessidade de um movimento estudantil classista?!
Só vamos verdadeiramente quebrar os muros dessa universidade, quando xs estudantes, ao invez de alimentarem uma relação individualista e oportunista com a S.Remo, começarem a entender que lá moram pessoas, trabalhadores e trabalhadoras, muitxs terceirizadxs e explorados pela nossa universidade.

Precisamos começar a entrar na S. Remo, para trocar ideia com essas pessoas, para entender o cotidiano dessa comunidade e quais são suas necessidades, para que a gente possa fortalecer a luta da S. Remo reivindicando também a sua autoorganização, e não a partir de uma posição vanguardista, que se limita a chamar um ou dois representantxs da comunidade para um debate e/ou organizar um ato. Isso não basta, façamos mais!
Por uma pratica cotidiana mais orgânica com a São Remo!
Que possamos lutar lado a lado com a comunidade!
Fortalecer luta da S. Remo!
Rizoma

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DIA 05/11 (SEGUNDA-FEIRA) ÀS 16hs NO SINTUSP

A comunidade São Remo, onde residem milhares de trabalhadores efetivos e terceirizados e, localizada ao lado da USP, foi ocupada na última quarta-feira pela Policia Civil e Militar, supostamente com o objetivo de apreender os responsáveis pelo assassinato de um policial na região e de combater o tráfico de drogas. Neste dia, os moradores que já sofrem cotidianamente com a falta de condições adequadas de saneamento básico, coleta de lixo, tratamento de esgoto e moradia há vários anos vêm sendo vítimas da brutal ação da PM, que se utilizou de cães de guarda, um enorme contingente de policiais, forte armamento, fechamento das áreas onde as mães deixavam suas crianças como o Circo Escola e até a cavalaria para sitiar e reprimir seus moradores. São milhares de famílias que estão sofrendo com os chamados toques de recolher, sendo proibidas pela policia de permanecer nas imediações de suas próprias casas, vítimas de todos os tipos de agressões dentro de suas próprias casas que estão sendo invadido pela PM a mando do governo do Estado de São Paulo, o que caracteriza uma enorme e absurda violação dos direitos humanos. Os interesses envolvidos nesta operação, extrapola sua aparência que na verdade esconde as constantes ameaças de desalojamento que os moradores a São Remo vinham sofrendo por parte da reitoria e do governo, sob o nome de um “projeto de reurbanização”. Hoje a mesma situação pela qual passa a São Remo se repete em áreas da cidade e do estado, como na comunidade de Paraisópolis que também foi militarizada pela PM, com ameaças de toque de recolher e a multiplicação dos assassinatos causados pela PM. Na USP há anos estudantes, trabalhadores e professores vêm lutando contra a militarização da universidade e que estão sendo perseguidos politicamente por isso, correndo o risco de ser demitidos e expulsos da universidade por lutar por uma universidade pública, gratuita e a serviço dos trabalhadores. Por tudo isso, estamos convocando trabalhadores efetivos, terceirizados, estudantes, professores, ADUSP, DCE e entidade de direitos humanos, e os próprios moradores para uma reunião onde estarão a Associação de Moradores e o nosso sindicato, para preparar um plano de luta para por um basta nas ameaças de desalojamento e da repressão policial aos moradores.

Associação dos Moradores da São Remo e Sindicato dos Trabalhadores da USP