Não existe hierarquia de opressão. Por Audre Lorde

Retirado de: http://questoesplurais.tumblr.com/post/44254320873/nao-existe-hierarquia-de-opressao

Não existe hierarquia de opressão

Por Audre Lorde
(tradução e comentários de Renata)

Eu nasci negra e uma mulher. Estou tentando me tornar a pessoa mais forte que consigo para viver a vida que me foi dada e ajudar a efetivar mudanças em direção a um futuro aceitável para o planeta e para minhas crianças. Como negra, lésbica, feminista, socialista, poeta, mãe de duas crianças — incluindo um menino — e membro de um casal interracial, com frequência me vejo parte de algum grupo no qual a maioria me define como devassa, difícil, inferior ou apenas “errada”.

Da minha participação em todos esses grupos, aprendi que opressão e intolerância de diferenças aparecem em todas as formas e sexos e cores e sexualidades — e que entre aquelxs de nós que compartilham objetivos de libertação e um futuro viável para nossas crianças, não pode existir hierarquia de opressão. Eu aprendi que sexismo e heterossexismo surgem da mesma fonte do racismo.

“Ah”, diz uma voz da comunidade negra, “mas ser negrx é NORMAL!”. Bom, eu e muitas pessoas negras da minha idade lembramos de forma soturna dos dias em que não costumava ser!

Simplesmente não consigo acreditar que um aspecto de mim pode se beneficiar da opressão de qualquer outra parte da minha identidade. Eu sei que pessoas como eu não podem se beneficiar da opressão sobre qualquer outro grupo que busca o direito a uma existência pacífica. Em vez disso, nós nos subestimamos ao negar a outrxs o que derramamos sangue para obter para nossas crianças. E essas crianças precisam aprender que elas não têm de ser umas como as outras para trabalharem juntas por um futuro que irão compartilhar.

Dentro da comunidade lésbica eu sou negra, e dentro da comunidade negra eu sou lésbica. Qualquer ataque contra pessoas negras é uma questão lésbica e gay, porque eu e milhares de outras mulheres negras somos parte da comunidade lésbica. Qualquer ataque contra lésbicas e gays é uma questão de negrxs, porque milhares de lésbicas e gays são negrxs. Não existe hierarquia de opressão.

Eu não posso me dar ao luxo de lutar por uma forma de opressão apenas. Não posso me permitir acreditar que ser livre de intolerância é um direito de um grupo particular. E eu não posso tomar a liberdade de escolher entre as frontes nas quais devo batalhar contra essas forças de discriminação, onde quer que elas apareçam para me destruir. E quando elas aparecem para me destruir, não demorará muito a aparecerem para destruir você.

Audre Lorde nasceu 1934, em Nova York, e foi poeta, ensaísta, feminista intersecional e ativista. Ela costumava se definir como ”negra, lésbica, mãe, guerreira, poeta”. Morreu em novembro de 1992.

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Foto feita em 1987 por Robert Giard e é um dos 500 retratos que ele fez de escritorxs LGBTQ nas décadas de 1980 e 90. 

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Comentários

Este direto e tão poderoso texto da Audre Lorde foi escrito em 1983 e o original, em inglês, pode ser lido aqui (pdf).

 

ATÉ QUANDO TRATARÃO AS MÃES E FAMILIARES COMO SERES POLÍTICOS DE SEGUNDA CATEGORIA?!?!?! – Por Movimento Mães de Maio

Tirado de: http://maesdemaio.blogspot.com.br/2012/08/ate-quando-tratarao-as-maes-e.html
Estado de São Paulo, 21 de Agosto de 2012

#PELA DERRUBADA DOS MUROS ENTRE OS “POLÍTICOS” E OS “COMUNS”!

Toda pessoa minimamente sensível às questões sociais tem acompanhado, de alguma maneira, a situação preocupante que atingiu a violência policial no estado de São Paulo ao longo do último período – que nós chamamos dos “Crimes de Junho/Julho de 2012″. Depois de muita pressão nos últimos meses, de tod@s nós que lutamos, cotidiana e incansavelmente, contra a violência policial no Brasil, e no caso de nós das Mães de Maio, lutando especialmente aqui no estado de São Paulo, enfim a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) convocou para hoje, 21 de Agosto de 2012, uma reunião ordinária para tratar do tema: “violência policial em São Paulo”.

Ocorre que, conforme já alertamos ontem, nós do movimento Mães de Maio e da Rede Nacional de Familiares de Vítimas do Estado, não havíamos sido sequer consultados ou notificados sobre tal reunião, muito menos convidados (nem formal nem informalmente) para participar da mesma. Ao contrário, ficamos sabendo ontem, na véspera da famigerada reunião, de maneira indireta através de uma breve nota no Painel do jornal Folha de S. Paulo:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/61846-painel.shtml
“Blitz – A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) pilota amanhã brainstorm sobre a violência policial em São Paulo. O tema será dissecado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Entre os convidados, a defensora pública Daniela Skromov, e Marcelo Zelic, da ONG Tortura Nunca Mais.”

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Lançamento da Campanha pela Criação da Casa da Cultura Negra na USP (NCN)

Tirado de: http://www.facebook.com/events/356027387805171/356184007789509/?ref=notif&notif_t=plan_mall_activity

Sintam convidados para a atividade de…

Lançamento da Campanha pela Criação da
Casa da Cultura Negra na USP!

Será realizada dia 21 de Agosto às 18:00hs na sede do

Núcleo de Consciência Negra na USP !

Com uma Palestra do Prof. Dr. Henrique Cunha Jr., docente da UFCE e Membro-Fundador do NCN-USP.

Apesar dos atentados recentes contra o barracão do Núcleo de Consciência Negra… continuamos firmes e fortes na luta pela Garantia do nosso Espaço de Luta na USP e pela Aprovação das Cotas Raciais no Conselho Universitário!

Não desistiremos até a USP FICAR PRETA !