Mais um ano começa e precisamos responder novamente a ataques contra as/os de abaixo. O aumento da tarifa de ônibus implementado no início de 2015 é mais do mesmo para aqueles que fazem da exploração a sua rotina. Nós precisamos fazer com que cada um dos ataques que tentam armar contra nós custe ainda mais caro para a burguesia e para o Estado! Enquanto eles nos atacam, nós nos organizamos e avançamos ainda mais! Que esta luta contra o aumento da tarifa extrapole o seu alcance imediato sobre o tema do transporte público e sirva como lição para fazermos crescer ainda mais o poder popular!
Aceitar passe livre estudantil é uma questão de privilégio e traição de classe!
Nós, como tendência que atua no Movimento Estudantil, compreendemos como central o debate sobre o “passe livre estudantil”. Temos visto muit_s compas que foram importantes nas trincheiras de luta em 2013 agora se recolherem das ruas com o argumento de que os governantes “fizeram o que dava para ser feito”. Companheir_s, como assim? Não é possível que enquanto estudantes nós abandonemos a luta contra o aumento da tarifa! Quantas pessoas não são estudantes, pois tiveram que optar entre estudar ou trabalhar? Quantas não enxergam na escola-prisão uma opção? São inúmeros os problemas ao se aceitar calad_ o dito passe livre estudantil. Chamamos tod_s estudantes a pensar sobre a traição que isto representa.
No primeiro momento, o “passe livre estudantil” para estudantes de baixa renda parece uma boa medida tomada pelo governo, mas é só parar e analisar que logo percebemos que o governismo não dá conta da realidade. Antes de mais nada, achamos importante nos perguntarmos como esse “passe livre” foi possível, como ele foi concebido. Temos de ter certeza que ele não é fruto da bondade de Haddad e Alckmin, mas uma é tentativa de conter a revolta de todas as pessoas que estiveram na rua nos últimos anos, e especialmente em 2013. Além disso, mesmo essa medida mantém o transporte como privilégio de uma parcela exclusiva da sociedade. E não devemos reforçar esse privilégio de estudante (tão conhecido pelas pessoas que estudam na USP), continue sujeitando as/os trabalhador_s a uma tarifa ainda mais absurda.
O passe livre estudantil não é tão livre assim, afinal, ele é custeado pela verba já pré-destinada à educação, ou seja, o dinheiro que deveria ser destinado para a melhoria do ensino público vai servir de “tapa buraco” para não afetar os cofres dos empresários.
Comprovando que a exploração recai sempre sobre a classe trabalhadora, cuja parcela majoritária mora na periferia. O preço sobe e fica cada vez mais clara a intenção dos empresários com o transporte: deslocamento de mão-de-obra com o maior lucro possível.
Nem mesmo o conjunto de estudantes de baixa renda é completamente beneficiado. Grande parcela destxs tem muita dificuldade em ingressar em uma universidade pública e acabam fazendo universidades pagas. Aquelxs que estudam em universidades particulares devem se enquadrar nas regras de acesso ao PROUNI e ao FIES para receber o passe livre, e sabemos como são burocráticos esses programas de financiamento estudantil. Além disso, a medida também não contabiliza os cursinhos populares, onde boa parcela de estudantes de baixa renda se encontram hoje.
Além d_s estudantes de baixa renda, existe a grande parcela da juventude para quem o tempo passado na escola-prisão significa a falta de comida na mesa da família. Para muitas pessoas a expressão “pagar para estudar” não repousa apenas nos gastos que se tem com o transporte até a escola, mas significa perder horas trancafiad_s entre 4 paredes e 1 lousa quando precisam estar trabalhando e ajudando em casa. É preciso lembrar então que estudar não é uma opção para tod_s.
Chega desse individualismo, em que estudantes abandonam a luta “porquê o seu já está garantido”. Em que esquecem o que significa o aumento de 50 centavos no bolso de nossos pais, avós, vizinh_s. Estávamos na rua em 2013 porquê 20 centavos era violento demais! Então quando foi que 50 centavos começou a ser “de boa”?
Aliança entre estudantes e trabalhador_s – NENHUMA DEMISSÃO!
Greves são ferramentas para abalar o poder e a dominação dos patrões. Elas atacam exatamente o ponto fraco dos capitalistas. Paralisam a produção e a acumulação. Era preciso fazer algo para impedir que as greves continuassem avançando e para isso o Estado e os patrões lançaram mão de suas ferramentas: repressão e demissões. Estas ferramentas dos de acima seguem sendo usadas e por isso a greve de metroviári_s que ocorreu em 2014 foi duramente reprimida pela polícia e terminou com a demissão de muit_s funcionári_s que estavam na greve. El_s lutavam, assim como nós, contra a exploração, contra o chicote batendo nas costas de trabalhador_s.
Precisamos responder à repressão e ao individualismo capitalista com SOLIDARIEDADE! Saber que nós somos uma só classe e temos um inimigo em comum! Ao juntarmos nossas forças para atacar um mesmo inimigo, nós saímos mais fortes e o golpe será ainda mais letal!
Lutar pela readmissão dest_s compas e mostrar que nós também apoiamos as greves como ferramenta legítima!
Os de acima sabem que unid_s somos mais fortes e por isso fazem de tudo para nos dividir! Não nos assustemos se eles tentarem jogar nas nossas costas a responsabilidade pela demissão de centenas de cobradoras e cobradores de ônibus. Ao sentirem a força das ruas e se verem obrigados a reduzir a tarifa eles vão dizer que foi preciso demitir funcionári_s para “cortar gastos”. NÓS NÃO PODEMOS ACEITAR ISSO! Não em nosso nome! Não podemos aceitar esta apunhalada contra est_s trabalhador_s! Que tirem do lucro do patrão, porque aqui não vai passar nenhuma demissão!
Viemos para lutar, viemos para vencer!
Devemos ter como horizonte barrar o aumento de 50 centavos imposto pelo governo em aliança com empresári_s. Devemos continuar construindo a barricada defensiva que começamos em 2013. E por isso estamos novamente na rua CONTRA O AUMENTO! Pois essa é a luta imediata que temos de enfrentar, para além de pautas futuras que só serão possíveis com o decorrer e desenvolver da luta. Recebemos um ataque! em 2013 também não tínhamos a certeza da vitória, agora também não temos, mas é preciso confiar na força que o poder popular tem nas mãos! O que está em disputa não é só transporte público, está em disputa quem manda na tarifa. E quem manda na tarifa é a mobilização popular nas ruas! Derrotar o aumento e fortalecer a classe para seguir em luta! OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!
Tivemos um acúmulo em 2013 que não pode ser deixado para trás. Depois de muitos anos de refluxo, sem mobilizações massivas, o povo voltou às ruas, conseguiu vencer e aprendeu – na luta concreta – qual é a sua força. Reconheceu seus inimigos a cada bomba que recebia da polícia. Reconheceu sua força a cada vez que o número de pessoas na rua aumentava e via a cara de pânico da burguesia quando tomávamos a Av. Paulista. Reconheceu que era capaz e forte quando fez Haddad e Alckmin e tantos outros governantes pelo país todo se ajoelharem e aceitarem a redução da tarifa. Sentiu concretamente em seu bolso o que aquela vitória representou. Este novo período de luta, a luta contra o aumento de 2015, também precisa seguir de forma a gerar um acúmulo organizativo à população como um todo. Já é passada a hora de fomentar a democracia direta, colocando cada vez mais as/os trabalhadoras/es no centro dos processos de decisão, através de assembleias populares, e no papel de protagonistas da luta e de suas vidas, decidindo o que lhes diz respeito.
Por isso, nos colocamos desde já, contra o aumento da tarifa e as demissões de noss_s companheir_s. Seguimos em luta para fazer burguesia e Estado caírem!
CONTRA O PASSE LIVRE ESTUDANTIL: CUSTEADO COM O AUMENTO PARA TRABALHADORES!
NENHUMA DEMISSÃO! Solidariedade com Metroviári_s e cobrador_s!
OUSAR VENCER: BARRAR O AUMENTO!