Viva aos 30 anos do MST, um dos maiores movimentos sociais do mundo!

 

Por Leonardo Boff
Para a Página do MST

Nesta quarta-feira (22/01), o MST completa 30 anos. O teólogo, filósofo, escritor e amigo do MST Leonardo Boff escreveu o artigo abaixo em homenagem ao MST e à luta pela terra:

Quero me associar a todos os que celebram os 30 anos de resistência, de perseverança, de lutas e de conquistas do MST. Numa perspectiva mais geral, estimo que o MST-Via Campesina é o maior movimento popular organizado do mundo.

Tantos foram difamados, perseguidos, presos, torturados e assassinados e vocês nunca baixaram os braços ou arrearam as bandeiras. Continuaram e continuam porque a causa é justa, humanitária e, porque não dizer, divina. É um luta por vida, fundada na Terra, e Deus é o Deus vivo e o “soberano amante da vida”, como dizem as Escrituras judaico-cristãs.
Vocês resgatam uma das mais ancestrais convicções da Humanidade: a Terra é um bem comum, vital, universal para todos os seus habitantes. Apropriar-se dela, dividí-la e ofendê-la pela excessiva exploração sempre foi considerado um roubo, uma apropriação indébita e um crime de ofensa à dignidade da Mãe Terra.
Vocês estão recuperando este valor universal, e baixar da cruz uma Terra crucificada para que ela possa ressuscitar e nos dar tudo o que sempre nos deu: vida e os meios da vida.
O sonho do MST nunca foi pequeno: a Reforma Agrária ou políticas agrárias mais justas e equitativas. O sonho sempre foi grande: fazer que a Terra possa acolher a todos para nela trabalhar e viver, no respeito a seus limites e possibilidades para nós e para nossos filhos e netos.
O sonho continua de uma nova Terra na qual habitam seres que se sentem filhos e filhas da alegria e não condenados à exclusão e escravos de necessidades.
Nada resiste à luta perseverante. Quem na noite continua acreditando no sol, este o verá brilhante e generoso nascendo de manhã.
Vocês do MST nos dão o exemplo desta perseverança e desta fé imorredoura do Sol que vai despontar para vocês e para todos nós.
Quero ser como sempre fui: um companheiro de caminhada, solidário nas
tribulações e participante das vitórias.

CCA da FFLCH

Hoje às 18 horas os centros acadêmicos da FFLCH se reunirão no espaço verde para discutir a calourada unificada.

(o local será confirmado no espaço verde quando todxs já estiverem lá).

Participem e proponham!

Conjuntura – A luta das ocupações

Retirado de: http://redeextremosul.wordpress.com/2014/01/15/conjuntura-a-luta-das-ocupacoes/

A Luta das Ocupações do Extremo Sul – Parte I

???????????????????????????????No meio do ano passado, em nossa região, o extremo sul de São Paulo, ocorreu um fenômeno aparentemente inusitado. Grandes extensões de terra foram ocupadas de maneira espontânea, numa onda que não poupou nem mesmo canteiros ou morros. O distrito do Grajaú ficou em polvorosa: foram dezenas de ocupações concentradas no tempo, e apesar de agressões, ameaças e despejos, algumas delas resistem, e permanece por aqui o ímpeto para novas ocupações.

Em outros momentos falamos sobre os motivos das ocupações (despejos em massa; aumento dos preços dos aluguéis, catapultados pela distribuição das “bolsas-aluguel”; falta de construção de moradias populares; onda de manifestações em junho; primeiro ano de uma nova gestão municipal petista etc.6 – veja aqui e aqui). Queremos discutir agora um pouco dos objetivos e da forma de organização das ocupações.

Apesar da diversidade dessas ocupações, podemos apontar algumas características comuns às que persistem:

1) Elas não possuem um caráter “simbólico”, com vistas a ativar as políticas habitacionais e nem são frutos de disputas entre partidos políticos. Os ocupantes reivindicam os próprios terrenos ocupados para construir suas moradias. Assim, mesmo no caso das ocupações mais recentes, em que não houve divisão de “lotes”, foi e continua sendo feito um esforço para que não entrem nos terrenos mais famílias do que cabem nele.

22) Se o seu início foi espontâneo, de um jeito ou de outro elas desenvolveram formas de organização interna. Em alguns casos, prevaleceu a tendência ao estabelecimento de relações clientelistas, de surgimento de “lideranças” carismáticas ou autoritárias. Noutros casos, outro caminho foi tomado, e logo veremos qual foi ele, e como ele tem sido trilhado.

3) Na maioria dos casos, as famílias ocupantes não se encontravam vivendo na rua, e sim morando de favor, ou sob ameaça de despejo, ou ainda pagando aluguéis que consomem boa parte de suas rendas. Diante da incerteza sobre a permanência no terreno, muitas famílias ocupantes não se mudaram para o terreno, tanto que algumas ocupações são vazias.

Um último fator que é bom ter em mente para nossa discussão é o da instabilidade das ocupações, que se encontramempreiteiras enredadas num emaranhado de interesses poderosos. Apesar de seu total abandono, bastou os terrenos serem ocupados para aparecerem donos, promessas e projetos de parques, de moradias, de equipamentos públicos, e assim por diante. Afora os eventuais “proprietários”, as ocupações acabaram mexendo com os negócios dos politiqueiros (preocupados com seus currais eleitoras, e com seus acertos de campanha), e das empreiteiras (grandes potências econômicas e principais financiadores das campanhas eleitorais).

A ocupação dos terrenos com a marcação de lotes faz parte do processo histórico de ocupação da região desde os anos 1970, por meio do qual milhares de famílias começaram a construir os bairros que hoje existem. Evidentemente que em cada lugar o processo de desenrolou de um jeito mais ou menos organizado, com maior ou menor subdivisão de lotes, com maior ou menor presença de oportunistas e grileiros, o que gerou uma diversidade de tipos de bairros e favelas na região. ???????????????????????????????Como a base desse processo foi o atendimento da necessidade individual de moradia, na forma do “cada um por si”, sem pensar no espaço como um todo, nas áreas comuns, nos espaços de convivência, nas estruturas de saúde, educação etc., com pouca criação de laços de companheirismo, solidariedade, união, respeito, o que predomina em nossa região são bairros bastante precários, e não existem neles verdadeiras comunidades.

No meio do ano passado, a “tradição” de ocupar e demarcar a parte que cabia a cada família foi revivida de maneira intensa e com a mesma intenção de autoconstrução. Mas logo se sentiu na pele a mudança de significado político e econômico dos??????????????????????????????? terrenos da região: se antes eles valiam pouco, e muitas ocupações irregulares e desordenadas acabavam se consolidando, pois beneficiavam grileiros, politiqueiros locais, juízes etc., hoje essas áreas são uma mina de ouro para a especulação, e a violência correu solta. Afinal, se dezenas de bairros já consolidados estão sendo despejados em função dos interesses imobiliários, é evidente que as áreas não edificadas em nossa região são muito visadas. E de fato muitas dessas terras já foram “loteadas” pelos políticos para pagar suas “dívidas” com as empreiteiras. Por isso, para a população brigar por essas terras, era preciso manter a união da luta e um crescente processo de organização. Além disso, com essa união haveria a possibilidade de construir outros tipos de bairro.

 

“Não se nasce mulher, torna-se mulher”

Hoje é o aniversário de Simone de Beauvoir. Se estivesse viva, ela faria 104 anos.

Retirado de Blogueiras Feministas

Simone de Beauvoir

Texto de Bia Cardoso.

Simone de Beauvoir nasceu em 09 de janeiro de 1908. É uma das mais conhecidas feministas e também uma das mais importantes. Autora do livro “O Segundo Sexo”, um dos clássicos da literatura feminista, Simone manteve por toda vida uma atitude transgressora e anti-conservadora. Sua obra literária é existencialista e questionadora.

No site Simone de Beauvoir você pode conhecer suas obras, biografia e vários artigos interessantes como a entrevista entitulada “O Segundo Sexo 25 anos depois”.

Gerassi — Você disse que sua própria consciência feminista surgiu da experiência de escrever O Segundo Sexo. Como você vê o desenvolvimento do movimento após a publicação do seu livro em termos de sua própria trajetória?

Beauvoir — Ao escrever O Segundo Sexo tomei consciência, pela primeira vez, de que eu mesma estava levando uma vida falsa, ou melhor, estava me beneficiando dessa sociedade patriarcal sem ao menos perceber. Acontece que bem cedo em minha vida aceitei os valores masculinos e vivia de acordo com eles. É claro, fui muito bem-sucedida e isso reforçou em mim a crença de que homens e mulheres poderiam ser iguais se as mulheres quisessem essa igualdade. Em outros termos, eu era uma intelectual. Tive a sorte de pertencer a uma família burguesa, que, além de financiar meus estudos nas melhores escolas, também permitiu que eu brincasse com as idéias. Por causa disso, consegui entrar no mundo dos homens sem muita dificuldade. Mostrei que poderia discutir filosofia, arte, literatura, etc., no “nível dos homens”. Eu guardava tudo o que fosse próprio da condição feminina para mim. Fui, então, motivada por meu sucesso a continuar, e, ao fazê-lo, vi que poderia me sustentar financeiramente assim como qualquer intelectual do sexo masculino, e que eu era levada a sério assim como qualquer um de meus colegas do sexo masculino. Sendo quem eu era, descobri que poderia viajar sozinha se quisesse, sentar nos cafés e escrever, e ser respeitada como qualquer escritor do sexo masculino, e assim por diante. Cada etapa fortalecia meu senso de independência e igualdade. Portanto, tornou-se muito fácil para mim esquecer que uma secretária nunca poderia gozar destes mesmos privilégios.

O feminismo de Simone sempre esteve intrinsecamente ligado com a defesa da liberdade plena. Em “Por uma moral da ambiguidade” ela diz:

É preciso ainda recordar que o fim supremo a que o homem deve visar é sua liberdade, única coisa capaz de fundar o valor de todo fim; o conforto, a felicidade, todos os bens relativos definidos pelos projetos humanos serão, pois, subordinados a essa condição absolula de realização. A liberdade de um único homem deve contar mais que uma colheita de algodão ou de borracha: embora esse princípio não seja, de fato, respeitado, ele costuma ser teoricamente reconhecido. Mas o que torna o problema tão difícil é que se trata de escolher entre a negação de uma liberdade ou de outra: toda guerra supõe uma disciplina, toda revolução, uma ditadura, toda política, mentiras; do assassinato à mistificação, a ação implica todas as formas de submissão. Ela é, portanto, em todos os casos absurda? Ou é possível, no próprio seio do escândalo que ela implica, encontrar apesar de tudo razões para querer uma coisa mais do que a outra? (pág. 93)

Ela não se dedicou apenas a filosofia, mas também escreveu romances, entre eles “A Mulher Desiludida”.

Passo tempo demais em casa de Colette depois que ela se recuperou. Apesar da sua grande gentileza, sinto que minha solicitude corre o risco de importuná-la. Quando se viveu de tal maneira para os outros, é um pouco difícil começar a viver para si. Não cair nas armadilhas da dedicação: sei muito bem que as palavras dar e receber são intercambiáveis e como eu tinha necessidade da necessidade que minhas filhas tinham de mim. Nesse sentido nunca blefei. “Você é maravilhosa”, dizia-me Maurice. Ele me dizia isso frequentemente, a qualquer pretexto. “Porque, para você, dar prazer ao outros é antes dar prazer a você mesma.” Eu ria: “É verdade, é uma forma de egoísmo.” Aquela ternura em seus olhos: “A mais deliciosa que existe.” (pág. 145)

Conheça mais a obra de Beauvoir e acompanhe o blog Beauvoir au jour le jour.

 

Cenas da resistência da favela do Metrô-Mangueira (RJ)

“Durante a tarde e a noite do dia 7 de janeiro, moradores da favela Metrô-Mangueira, na zona norte do Rio, protestaram contra o despejo de cerca de 40 famílias que vivem no local. A prefeitura teria chegado à favela às 7h da manhã agredindo e expulsando moradores de suas casas. A Favela do Metrô fica a menos de 500 metros do palco da final da Copa de 2014, o Maracanã. Desde 2010, moradores sofrem com as investidas do Estado reacionário, empenhado em varrer qualquer sinal de pobreza dos locais onde acontecerão os jogos da Copa.

Revoltadas, cerca de 100 pessoas interditaram a Avenida Radial Oeste e enfrentaram a PM e a tropa de choque. A mando do prefeito Eduardo Paes e do gerente estadual, Sergio Cabral, policiais promoveram o caos atirando gás lacrimogêneo, spray de pimenta e bombas de efeito moral contra a população, que não se calou e respondeu com pedras e garrafas sustentando a combativa resistência até a meia-noite.”

VIDEO: http://www.youtube.com/watch?v=R3DkSuRogF4