Nota em repúdio à violência sexual ocorrida na festa “Highway to IEL” do dia 25/10 na Unicamp

Nota em repúdio à violência sexual ocorrida na festa “Highway to IEL” do dia 25/10 na Unicamp

Acreditamos que as festas simbolizam um importante espaço de sociabilidade e resistência política dentro deste modelo de universidade que individualiza, segrega e poda a autonomia dxs estudantes. Dessa forma, por entendermos tais espaços como microcosmos de ruptura, não nos omitiremos diante de agressões e violências de quaisquer natureza. A seguir um relato da violência sexual ocorrida na festa “HIGHWAY TO IEL” no dia 25/10:

“ISSO É UM ABSURDO! NÃO PODEMOS DEIXAR ISSO PASSAR. Acabo de voltar de uma festa no Teatro de Arena, espaço de convivência e integração dos estudantes, fundamental para a nossa formação humanistica e também política. UMA MULHER PEGOU NO MICROFONE. Sim, uma estudante, rompeu o som de uma banda de homens e disse: ACABEI DE LEVAR DEDADAS EM MEU ANUS E EM MINHA VAGINA, NO MEIO DE UMA RODA PUNK. Explicou que gosta de rodinha punk, havia percebido que era a única mulher na rodinha, seu amigo lhe convidou para subir nos ombros, os homens da rodinha punk começaram a enfiar seus dedos no corpo dela.Se fosse um homem, enfiariam o dedo nele??


NÓS, FEMINISTAS, NÃO ESTAMOS EXAGERANDO PORRA!!!Ela desceu e não teve dúvida: foi até o palco, pegou o microfone e fez a denuncia. Quantas de nós teríamos esta coragem? Naquele momento me senti absolutamente contemplada por aquela menina, feliz por ela existir no mundo como exemplo para todas nós.

O PIOR FOI O VOCALISTA DA BANDA PEGAR NO MICROFONE LOGO EM SEGUIDA PRA DIZER: ‘É, RODINHA PUNK É FODA, JÁ LEVEI VÁRIAS COTOVELADAS…”QUIS EQUIPARAR AS COTOVELADAS QUE SOFREU COM AS DEDADAS NA VAGINA DE UMA MULHER???????????? depois ainda disse: ‘GALERA, VAMO DAR UMA ‘LEVE MANEIRADA”.LEVE????????????? MANEIRADA?????????EU QUERO QUE O MACHISMO SEJA EXCLUIDO DA SOCIEDADE E NÃO ‘AMENIZADO’.dai venho voltando pra casa com uma amiga e escuto um cara dizer “nossa, duas mulheres lindas voltando sozinhas pra casa?”.NÃO AGUENTO MAIS TANTA OPRESSÃO!!!”

Nós do Coletivo Autônomo de Campinas e da Tendência Libertária – Rizoma sabemos que não se trata de um fato isolado, sendo que diversas outras violências e agressões de caráter heterossexista aconteceram e acontecem dentro desses espaços, mas foram e são , em sua maior parte, invisibilizadas e/ou veladas. Não devemos naturalizar esta violação sexual que caracteriza um estupro (SIM, foi um estupro que ocorreu dentro de uma universidade dita plural e democrática). Numa sociedade patriarcal, machista e misógina mulheres são objetificadas e tudo que é identificado ao feminimo é desvalorizado. A universidade não foge à regra, nela ocorre a reprodução dessas práticas de opressão e dominação, as quais sufocam e limitam a autonomia da mulher sobre seu próprio corpo. Reivindicando esse preceito, a garota fugiu ao padrão estabelecido socialmente de mulher ao entrar numa “roda punk”(circuito extremamente masculino e masculinizante) e os homens se sentiram no direito de violá-la. São esses espaços de sociabilidade que queremos? Será que esses ambientes são entendidos da mesma forma por homens e mulheres? Legitimaremos este espaço de supremacia masculina?

Manifestamos nosso repúdio diante do silêncio dxs organizadorxs. Quem não se posiciona é conivente! Por isso procuraremos xs sujeitxs e coletivos envolvidxs, a fim de colocar em questão as práticas heterossexistas e desenvolver, coletivamente, um compromisso real e efetivo com a criação de sociabilidade livre de opressão. Não deixaremos que mais um caso de violência a uma companheira seja abafado.

Assinam;
Coletivo Autônomo de Campinas
Contato: coletivoautonomocampinas[a]riseup.net
Rizoma – Tendência Libertária Autônoma
Contato: rizoma[a]riseup.net

 

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