A luta por mudanças se faz além das urnas
São Vicente, 29 de julho de 2012
O período eleitoral começou, e a disputa político-partidária vai se acirrando, em busca do maior número possível de eleitores e eleitoras. Candidatos/as e partidos políticos apresentam propostas, trocam acusações, distribuem santinhos e pedem nossos votos, até o dia 7 de outubro, quando acontece a “festa da democracia”, como gostam de falar os grandes meios de comunicação.
Nós da Rádio da Juventude, coletivo de comunicação popular da periferia de São Vicente, consideramos ter amadurecido nosso posicionamento em relação às eleições, e por conta disso, declaramos:
– Não acreditamos que as mudanças reais de que o povo necessita será obra deste ou daquele candidato ou candidata, muito menos do partido A ou B. Não duvidamos que haja partidos comprometidos com a classe trabalhadora, e partidos comprometidos com a classe dominante, porém temos a plena convicção de que o sistema político-econômico não sofrerá mudanças efetivas pela via institucional, muito menos que o Estado, seja que comando tiver, irá trazer a igualdade de direitos e oportunidades a todos e todas.
– Temos companheiros e companheiras em legendas partidárias do campo da esquerda, que em muitas ocasiões estão juntos conosco na luta, e não negamos a importância da união de forças nas lutas sociais, principalmente nos momentos em que o Estado e o Capital se fazem ainda mais presentes. Porém, acreditamos que a democracia vai muito além das eleições, e só será plena quando o povo, organizado politicamente, tiver em suas mãos o poder de decidir sobre a própria vida.
– Acreditamos que as conquistas institucionais, que também têm sido importantes em nossa história, não foram fruto do trabalho de representantes eleitos, mas de nossa luta como classe trabalhadora, do povo oprimido em resistência e à esquerda. A História já nos mostrou que, a partir do momento em que partidos, movimentos e pessoas envolvidas com a causa sobem ao poder institucional, por conta dos compromissos com o sistema as lutas sociais dão lugar à disputa de palanque, às pequenas conquistas, às negociações com antigos inimigos de classe, enfim, a todo o “jogo político” que passa a se tornar a paixão (e profissão) de muitos ex-militantes. Acreditamos que o atual sistema político-econômico está posto de forma que as regras do jogo são as regras da classe dominante, promotoras das desigualdades econômicas, da violência e do caos social, e não acreditamos que se possa reformar o inferno.
Dito tudo isso, inspirados no movimento zapatista, que desde o México nos traz um grande exemplo de como organizar-se localmente e agir globalmente, a Rádio da Juventude trabalhará A Outra Campanha, proposta que já vem se articulando em algumas regiões do Brasil. Estamos mobilizados na construção dessa forma de luta em que o povo tenha de fato o poder nas mãos, arrancando das elites dominantes o máximo de conquistas possível, rumo a uma sociedade livre, justa e solidária. É na luta que se cria o poder popular, e só quem sofre a exploração na pele tem legitimidade para decidir o que fazer para mudar o rumo da sua vida.
Nossas urgências não cabem nas urnas!
Pela política além do voto, pelo poder popular!
Viva A Outra Campanha!
Rádio da Juventude
“Lutar, criar poder popular”!!