Síndrome de Estocolmo nas relações sociais

Por Cebolinha Debate De Ideias Fulano Detal.
A Síndrome de Estocolmo encontra-se em muitas relações na sociedade. Diferente do puxa-saquismo consciente, ela não é percebida e deliberadamente praticada pelo afetado. É uma autodefesa para o sujeito lidar bem com a situação à qual ele, afinal, está sujeito, subjugado em uma relação desigual de poder.

Assim, um sequestrado pode, sem perceber, procurar agradar aquele que o domina para receber um tratamento melhor. Já que o refém está à mercê, sem meios de escapar, a bajulação inconsciente pode render refeições maiores, mais conforto, menos maus tratos, uma dose de piedade.

De maneira semelhante, há quem se recuse a expor ou mesmo reconhecer apenas para si mesmo pontos negativos no chefe do trabalho / pai ou mãe / professor / dono da empresa / líder religioso / mestre de artes marciais / político governante / repressor do Estado / mafioso manda-chuva.

“Eu não sou nada diante de deus e por isso tenho que adorá-lo.” “Se não vivesse com meus pais queridos pais, eu seria um menor abandonado. Ainda bem que eles me amam! Não importa o que façam, são meus heróis!”

“Cara, se não fosse pelo grande treinador, eu não saberia nada de Boxe! Como poderia não gostar dele?!” “Eu não entendo como alguém que estuda Ciências Econômicas pode reclamar dos bancos privados. Onde é que esse cara vai trabalhar depois? Como é que ele vai viver, heim?!”

“Quando se precisa da ajuda de gente armada e equipada, o que resta é chamar a PM. E ainda há quem ouse criticar esses bravos guerreiros, que se arriscam por nós! Pior ainda é ver favelado zé-mané fracotão que idolatra traficante com fuzil!”

Rizoma por Deleuze e Guattari (Introdução de Mil Platôs [Capitalismo e Esquizofrenia])

Rizoma – Deleuze e Guattari em pdf

 “Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados. O que está em questão no rizoma é uma relação com a sexualidade, mas também com o animal, com o vegetal, com o mundo, com a política, com o livro, com as coisas da natureza e do artifício, relação totalmente diferente da relação arborescente: todo tipo de “devires”.”

Gilles Deleuze e Félix Guattari

Texto extraído de Mil Platôs (Capitalismo e Esquizofrenia) Vol. 1

 Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa

 1.INTRODUÇÃO: RIZOMA

 Escrevemos o Anti-Édipo a dois. Como cada um de nós era vários, já era muita gente. Utilizamos tudo o que nos aproximava, o mais próximo e o mais distante. Distribuímos hábeis pseudônimos para dissimular. Por que preservamos nossos nomes? Por hábito, exclusivamente por hábito. Para passarmos despercebidos. Para tornar imperceptível, não a nós mesmos, mas o que nos faz agir, experimentar ou pensar. E, finalmente, porque é agradável falar como todo mundo e dizer o sol nasce, quando todo mundo sabe que essa é apenas uma maneira de falar. Não chegar ao ponto em que não se diz mais EU, mas ao ponto em que já não tem qualquer importância dizer ou não dizer EU. Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos ajudados, aspirados, multiplicados.

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Teoria da alienação, organização política e o movimento estudantil da USP

Retirado de: http://passapalavra.info/?p=67274

A mesma contradição de interesses intrínseca à divisão do trabalho está contida no interior dos partidos políticosPor Matheus Nordon Preis

O ano de 2012 parece ter colocado em evidência a última pista necessária para desvendar o mistério acerca do estado deplorável em que se encontra o movimento estudantil da Universidade de São Paulo (USP). Prevendo o fim do mundo, as organizações políticas presentes no corpo discente resolveram abandonar a luta por uma sociedade mais justa, esqueceram-se dos seus ideais e seguiram reproduzindo-se enquanto pequenas estruturas hierarquizadas concentradoras de poderzinhos políticos; ou abandonaram a prática-crítica da realidade (que se aproxima cada vez mais do fim) para se reclusar no maravilhoso mundo do discurso, onde podem fazer o que quiserem e descansar confortavelmente da realidade conflituosa e contraditória; um mundo que nunca sofrerá mutações nem acabará.

Deixando de lado a crueldade do tom irônico, pretende-se fazer uma crítica das relações sociais engendradas pelos partidos no meio político dos cursos. É preciso destacar que trata-se de uma pequena crítica estrutural, não de uma crítica moral ou pessoal a seres complexos – dotados de desejos e medos – que não são individual, ou naturalmente, responsáveis pelas dinâmicas problematizadas. Toma-se aqui por partidos: organizações políticas totais (i. e. que não se restringem a tratar de temas específicos) institucionalizadas, de estrutura hierarquizada, que possuam um projeto de escalada ao poder político.

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