Comando de Greve e Assembleia Geral

Na ultima Quarta-feira (18.06)  tivemos na San Fran uma conturbada assembleia geral, onde o nosso querido DCE se retirou após a discussão do ato 12J (Link da ata). Em respeito aos compas do NCN e da EACH foi decidido continuar aquele espaço para, ao menos, decidirmos como ficaria a questão do calendário. Neste fórum foram marcadas o Comando de Greve para esta segunda-feira (23/06) no Vão da Hist/Geo, as 18h  e a Assembleia Geral para o quarta-feira (25.06) também neste mesmo horário e local.

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Máscaras

“O professor de inglês Rafael Marques Lusvarghi, 29, estava parado sozinho em frente à tropa ao lado do metrô Carrão quando levou dois tiros de borracha no peito. Em seguida, ele foi imobilizado pelo próprio comandante da operação e ao menos mais cinco PMs. Mesmo algemado e imobilizado, Lusvarghi foi atingido por um jato de spray de pimenta nos olhos.
Por causa da repercussão das imagens, ele perdeu nesta sexta seus dois empregos – em uma escola e em uma multinacional do setor de tecnologia.”

Temos como legítimos todos os métodos da juventude e da classe trabalhadora que combatam a exploração capitalista e garantam a integridade das e dos lutadores. É pensando nisso que sempre pautamos em nossos blog métodos de segurança em manifestações, como o próprio uso de máscaras. O Rafael é mais um caso do que o discurso ingenuo (nem sempre) de “quem esconde a cara deve algo” pode levar. Aproveitamos o caso para ressaltar mais uma vez que um pressuposto da luta organizada é nossa integridade. Não avançaremos na luta se estivermos presxs ou desempregradxs, mal alimentadxs, enfim, sem condições para nos mantermos em pé. Todo apoio ao Rafael. E lutadorxs: cuidado com os discursos pelegos.

MMRC: Ocupação na rua Pamplona durante abertura da Copa

 

NOTA DO MMRC SOBRE A OCUPAÇÃO NA AV. PAMPLONA

Momentos antes da festa de abertura da Copa do Mundo ocupamos o edifício abandonado na Rua Pamplona número 937. Decidimos que não vamos sentar e assistir impotentes o que está acontecendo. A Copa do Mundo trouxe consigo um aumento de 18% no déficit habitacional na cidade de São Paulo, portanto não é sem motivos o crescente número de ocupações surgindo no centro e nas periferias.
Mais de 15 dessas ocupações receberam ordens de reintegração de posse, a maioria dos depejos ocorrerá depois da Copa das Copas. Mas se no centro, marcado pela “Cracolândia”, moradores de rua e na periferia segregada tudo que acontece são degenerações aos olhos de quem vê de cima, é fácil virar o rosto para estas famílias também. Levamos a luta então para onde estão virados os olhos do mundo, onde não podem nos negar ou esconder o fato de que morar em São Paulo é um privilégio, nunca um direito.
Porém não queremos só exibir nosso “pessimismo”, viemos afirmar: não somos uma caixa de concreto como depósito humano aguardando atendimento quando o governo veste vermelho. Queremos o mínimo para que cada família tenha autonomia e crie além de uma existência que serve apenas ao trabalho e a sua própria conservação nesta cidade, lutamos hoje por direitos para garantir nossa liberdade.

PELA REFORMA URBANA!
PELO DIREITO A MORADIA!

Movimento de Moradia da Região Centro – MMRC

Apoio:
Inclusa
Andróides Andróginos
Movimento Passe Livre – MPL-SP
Fanfarra do Mal
Saju

Carta aberta do primeiro COIREM – Congresso Intercultural da Resistência dos Povos Indígenas e Tradicionais do Maraká’nà

Dos dias 4 à 9 de Junho, aconteceu o primeiro COIREM – Congresso Intercultural da Resistência dos Povos Indígenas e Tradicionais do Maraká’nà. Ele foi realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e contou com a participaçao de diversas etnias e movimentos sociais. No ultimo dia do Congresso, dia 9 de Junho, uma audiência pública foi chamada junto à representantes de entidades juridicas para levar as reivindicações e as propostas do encontro.

Essa audiência publica aconteceu na UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que se encontra próxima ao antigo prédio do Museu do Índio, ocupado durante 6 anos por povos indígenas (Ocupação Aldeia Maraká’nà), e desalojado em Dezembro de 2013 por causa do projeto da Copa do Mundo. O prédio, que fica bem ao lado do Estádio Maracanã, foi considerado pertencente aos povos indignas pela justiça mas, ainda sim, o Governo do Estado do Rio de Janeiro expulsou os indígenas que viviam no local. A poucos dias do inicio da Copa, o prédio se encontra abandonado e “escoltado” por milhares de policias.

Os participantes do COIREM escreveram uma Carta Aberta para expor as reivindicações e propostas decididas no Congresso. Leia a carta na íntegra aqui:

O COIREM, realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com a participaçao de representantes de diversas etnias Terena, Guarani-Nhadeva, Guarani-Kaiowá, Guarani-Mbyá, Nhandeva, Guajajara, Krikati, Kaiapó, Potiguara, Puri, Ashaninka, Manauara, Maxakali, Xukuru Kariri, Fulni’ô, Xakriaba, e representantes dos movimentos Liga dos Camponeses Pobres, professores, Movimento Sindical Docente, estudantes e Movimento Estudantil, reafirmam seu apoio incondicional e o caráter transcendente do Movimento de Resistência Aldeia Maraká’nà e demais povos indígenas aldeados ou não aldeados e populações tradicionais, e declaram que:

A proposta de Universidade Indígena é uma alternativa ao modelo de educação brasileira, para a descolonização de saberes e o reconhecimento dos saberes e ciência das populações nativas.

Repudiamos as artimanhas do governo federal e o GT interministerial que se diz construir uma “universidade indígena”. Entendemos que a Universidade Indígena deve ser autônoma e priorizar a consulta das comunidades de base.

O COIREM conclama os povos indígenas “aldeados” e em contexto urbano de todo o território nacional e demais povos excluídos, oprimidos e marginalizados, rural e urbano, a não negociar com o Estado nenhum tipo de direito já conquistado.

Reafirmamos a importância de garantir aos indígenas em contexto urbano os seus direitos e o reconhecimento da sua identidade e autoafirmação indígena.

Exigimos a reparação coletiva para as populações (algumas quase extintas) segregadas, violentadas, expulsas ou transferidas compulsoriamente de suas terras pelo estado.

Denunciamos o ataque e a criminalização de lideranças da luta pela terra e frequentes assassinatos dos mesmos. Solicitamos atuação efetiva e impessoal dos órgãos responsáveis pela punição daqueles que atentam contra a vida dessas lideranças.

Para que haja um movimento nacional forte e com poder de mobilização, concordamos que é importante construir uma aliança entre os povos indígenas, organizações e movimentos sociais que lutam pela terra e por justiça.

Concordamos que o principal inimigo comum dos participantes do COIREM é o “capitalismo selvagem” que oprime, destrói, expulsa e mata aqueles que são considerados empecilhos para o chamado desenvolvimento do país.

Condenamos a ação violenta do Estado, através das forças militares, no campo e na cidade, que expropriam e retiram das famílias o direito à vida digna.

Trabalharemos no sentindo de construir a autonomia, autogestão, autodeterminação territorial, e todas as formas de ação direta e independente.

Repudiamos as praticas imperialistas da nação brasileira que afetam as populações nativas em outros países da América Latina e Africa e os projetos neocolonialistas que promovem e perpetuam a pobreza.

Os participantes do COIREM informam que estão dispostos a requerer seus direitos e a fazer as demarcações das suas terras na sua integralidade, com ou sem contribuição do estado (“Auto demarcação).

Exigimos,mais uma vez, o arquivamento imediato da PEC 215, e revogação imediata da Portaria 303 da AGU, projetos de lei e outras alternativas “legais” que atentam contra as populações indígenas e populações pobres do meio rural, e a manutenção na integra dos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988. Reivindicamos, também, a imediata aplicação da Convenção 169 da OIT e a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, da qual o Brasil é signatário

Propomos às populações indígenas, movimentos sociais parceiros das causas indígenas, entidades de apoio, a realização do II COIREM.

Seropédica – Rio de Janeiro, 8 de junho de 2014.