Só queremos a USP virada do avesso se o outro lado for mais inflamável! Posicionamento do Rizoma sobre as eleições para DCE

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avesso

 

Estamos às vésperas de mais um processo eleitoral para o Diretório Central dos Estudantes da USP. Todo mundo está se sentindo no clima de São Paulo Fashion Week, onde já podemos escolher qual a melhor tonalidade para esta estação. Entre um desfile e outro de nuances bem distantes do vermelho, podemos nos deliciar com maravilhosas pílulas de imobilismo. Enquanto aproveitamos este momento emocionante de êxtase onde, em breve, aplaudiremos cada cédula preenchida, cada voto implorado, chorado, suado, onde poderemos ligar imediatamente para nossa dirigência para contar que fizemos bem a tarefa de casa e que em breve poderemos (re)começar a escolinha de “como conquistar um cargo político em 3 passos”, gostaríamos de propor uma breve retrospectiva para deixar claro que os anos de eleições têm sido tóxicos para o movimento:

Em 2011 tivemos um final de ano marcado por momentos de fortíssima resistência. Com a entrada da Polícia Militar na USP dois processos de ocupações foram deflagrados, manifestações de rua estavam sempre na pauta do movimento e a tendência era de crescimento exponencial das lutas. Era quase fim de ano e ouvíamos de alguns setores do Movimento Estudantil que era melhor entrarmos de férias e depois retomarmos as mobilizações. Garantiam que o ano recomeçaria com uma forte mobilização, comprometeram-se com isso, mas estes setores já são muito bem treinados no curso avançado de “como ser cara de pau”.

Desta forma 2012 começou. Começou bem para a REItoria que, enquanto fazia a reintegração de posse da Moradia Retomada, expulsava 6 estudantes e processava mais de 90, assistia de camarote a diversão colorida cheia de confetes e serpentinas das eleições para CAs e DCE no começo do ano, misturada com as eleições municipais e mais eleições para DCE no final do ano. 2012 terminou em completo marasmo, de fato foi o ano da “Universidade em Movimento que Não ia Se Adaptar”, mas que entregou de bandeja todo o setor estudantil para o banquete cerimonial do Rodas.

O ano seguinte permaneceu quase inteiro sem grandes acontecimentos. De fato a chapa de “unidade” para o DCE estava muito ocupada construindo luta nos sofás cor-lilás. Outro graande acontecimento é o mês de outubro que dá uma energia nova para o movimento. A greve e ocupação iniciadas foram importantes para explicitar o iminente colapso da estrutura universitária. Também ficou claro que o interesse das/os estudantes e o da grande maioria do corpo docente são inconciliáveis. Até mesmo o setor mais progressista do professorado não conseguiu disfarçar o descontentamento com nossos piquetes, trancaços e ocupação, enfim, nossos métodos de luta. Esses acontecimentos são resultados da democracia direta, da luta real que é travada quando o movimento estudantil consegue superar, mesmo que momentaneamente, as alienações que o separam da realidade. Mas novamente fomos tomados por uma súbita vontade de “tirar férias” da luta. Mais uma vez a mobilização foi sequestrada por parte daquelas/es que não admitem seguir com o jogo se não for nas regras delas/es, e que, sendo os donos da bola, interrompem a partida quando bem convém.

2014 chegou e, somado aos problemas não resolvidos na greve passada, vivemos um período de corte orçamentário que afeta diretamente toda a categoria estudantil que precisa de programas de permanência, temos um campus inteiro da USP em crise e os processos de vigilância e repressão se intensificando, com instalação de câmeras e continuidade dos processos contra estudantes que se mobilizam. Também estamos em um cenário de constantes casos de opressão envolvendo machismo, racismo e trans-bi-lesbo-homofobia que exigem uma resposta imediata do movimento. Mas já estamos em abril e nada foi feito.

Qual a solução para tantos problemas? Dissimuladamente dirão que são as eleições! Alegando que “se elegermos corretamente uma chapa, composta por pessoas iluminadas que compreendem em sua totalidade todos nossos sonhos e demandas, os problemas serão resolvidos”. É preciso rejeitar essa desculpa esfarrapada! Voto é alienação! É separar o indivíduo da sua capacidade política e entregá-la para alguém pretensiosamente mais inteligente e preparado. É o contrário da democracia e da ação direta. É a reprodução das ferramentas dos de acima. É preciso que não se tenha mais ilusões neste método que há tempos aponta para seu fracasso completo.

Há dias estamos imersos em cartazes e faixas das mais variadas cores e formas, nomes pomposos, exércitos uniformizados que se atacam superficialmente dizendo querer fazer o melhor por você, estudante. E tudo o que você precisa fazer é ajudá-los a adentrar no gabinete-mirim.

Para nós revolução social não se faz indo até a urna mais próxima. Lutar é muito mais do que disputar direções e entidades. Nos espere perto das urnas apenas quando elas estiverem pegando fogo, pois nossos sonhos não cabem nelas.

Por isso continuaremos a construir campanhas marginais e periféricas a favor das lutas contra a repressão, por cotas sociais e raciais e por permanência estudantil. Mas não nas urnas! Não nas urnas, pois simplesmente não temos tempo a perder nesta guerra contra o capitalismo e o Estado que nos violenta. Não nas urnas, pois para nós o movimento não é estágio para conseguir cargo em gabinete. Não nas urnas, porque não aceitamos que nos sequestrem a política! Não nas urnas, porque todas as conquistas significativas foram fruto da luta e da organização popular das mais variadas formas, mas nunca representativa. Não nas urnas, porque o papo é reto e a democracia é uma farsa se não for democracia direta!

Não dependa, não se submeta. Construa a luta com suas próprias mãos!

SAUDAÇÕES E FORÇAS AOS CORAÇÕES LIBERTÁRIOS!

Indicamos também a leitura de outros 2 textos nossos:

20/agosto/2012: PORQUE NÃO COMPOR O XI CONGRESSO
[https://rizoma.milharal.org/2012/08/20/porque-nao-compor-o-xi-congresso/]

27/novembro/2012: 2012, O ANO DA UNIVERSIDADE EM MOVIMENTO QUE NÃO IA SE ADAPTAR
[https://rizoma.milharal.org/2012/11/27/2012-o-ano-da-universidade-sem-movimento-que-nao-ia-se-adaptar/]

Agentes estariam torturando internas da Fundação Casa

Segundo denúncia, adolescentes são isoladas e algemadas na ‘tranca’, o que se configura, também, ‘cárcere privado’

Retirado de:http://www.brasildefato.com.br/node/27894

26/03/2014

Igor Carvalho,

do SPressoSP

Na unidade feminina Chiquinha Gonzaga da Fundação Casa, na Mooca, zona leste de São Paulo, adolescentes estariam sendo torturadas. A denúncia foi feita ao SPressoSP pela mãe de uma das internas.

Segundo a mulher, que preferiu não se identificar, com medo de represálias à filha, os funcionários Everson, Adriana, Anderson e Wagner  seriam responsáveis por agressões sistemáticas às internas (a mãe da menor afirma não ter conhecimento do sobrenome dos servidores).

De acordo com a denúncia, as adolescentes recebem socos no tórax e nas costas. “Elas apanham demais. Minha filha está com medo de falar.” O receio de delatar as agressões advém das ameaças dos funcionários de que, caso elas denunciem, vão “arrastar o conclusivo”, que significa que os servidores irão atrasar a saída das internas da Fundação.

“Eles batem na cabeça, para não deixar marcas”, afirma a mãe, que reclama de a filha ter sido levada para a “tranca” – gíria para designar isolamento a que são submetidos os internos quando cometem alguma infração – onde teria passado dias algemada.

O advogado da Pastoral do Menor, José Nildo Alves Cardoso, afirma que o “castigo pedagógico” é permitido, porém, a chamada “tranca” é proibida. “Isolar um interno ou interna em um espaço se configura em cárcere privado”, alerta.

Sobre o uso das algemas, o advogado esclarece que, “nesse caso, estamos falando de crime de tortura praticado por agentes do Estado. Não se pode, dentro do sistema socioeducativo, algemar um interno ou interna, somente fora da unidade, se estiver sendo conduzido a uma audiência no Judiciário”.

Resposta

A Fundação Casa respondeu ao SPressoSP que “não tolera qualquer tipo de desrespeito aos direitos humanos dos adolescentes atendidos, de ambos os sexos, nem compactua com eventuais práticas violentas dos funcionários”.

A instituição confirmou que a Ouvidoria da Casa não foi informada sobre as denúncias apresentadas na matéria. A Fundação informou que a unidade Chiquinha Gonzaga recebeu duas vistas da Defensoria Pública no mês de março.

A Fundação disse que as algemas só são “utilizadas em saídas externas”.

Até o fechamento dessa matéria, a Defensoria Pública não confirmou se, de fato, realizou duas visitas à Chiquinha Gonzaga.

[Quarta-feira] Assembleia dos Estudantes da EACH

INFORME: a assembleia foi adiada para quarta-feira.
O motivo é que a Congregação vai acontecer na quarta, e esperamos que lá sejam tomadas medidas em relação ao que estamos cobrando.
Depois, poderemos nos reunir e discutir com mais informações os rumos do movimento

QUANDO:

Quarta-feira (09/abril)

ONDE:

Faculdade de Saúde Pública

HORA:

19H00

PAUTAS:

– Greve
– Calendário de mobilização
– Avaliação do “Plano B”

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[Hoje] Assembleia da FFLCH + Todo e Qualquer Curso que Colar

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Nos últimos dias vimos ressurgir publicamente o debate sobre a instalação de câmeras na FFLCH. Essa discussão não surgiu agora, não surge do nada; tínhamos indícios de que, durante o ano passado, a universidade já articulava a instalação dos instrumentos de vigilância. Para além de todas as patifarias exercidas pela direção para aprovar essa medida a toque de caixa – revindicando uma suposta problematização do assunto dentro de comissões dos departamentos da FFLCH (que nem os membros teoricamente consultados lembram) e a aprovação de um projeto que com certeza necessitará de um grande montante por parte da faculdade em momento de contenção de gastos por causa do rombo orçamentário – reiteramos nosso posicionamento: essa medida nada mais é que um ataque direto ao direito de organização política por parte das estudantes e trabalhadoras!

No dia 20 de março, estava na pauta da reunião da Congregação da FFLCH (espaço que é basicamente composto por professores) decidir se deveriam ser, por fim, instaladas ou não as câmeras em nossa faculdade. O Movimento Estudantil se organizou e realizou um ato onde rolava essa reunião, o que parece ter feito os professores recuarem ao tirarem esse assunto da pauta do dia, e deixar para outra oportunidade a decisão (estariam ganhando tempo, sendo cagões ou bonzinhos?). A partir daí se formou uma comissão paritária (composta por pessoas de cada um dos setores: um estudante, um professor e uma funcionária) que tem o “grande poder” de formular uma proposta de resolução que… no final será submetida à Congregação, ou seja, não decide nada.

Essa novela tem outros episódios, outros detalhes, outras tantas coisas, mas o que nos interessa é que tem aparecido uma série de argumentos e discussões das mais bizarras possíveis que claramente culminam em um risco de desarticulação de todo movimento político. E quanto a esses gostaríamos de pontuar um especificamente:

Algumas pessoas acreditam que o melhor a fazer seria uma consulta a todos os professores, trabalhadoras e estudantes da FFLCH, porque, claro, todos esses grupos participam ativamente de articulações políticas da faculdade… (? !) Claro que não! Não podemos, enquanto Movimento, permitir que essas pessoas decidam sobre a segurança das nossas organizações. Não pode haver câmeras num espaço em que se articula politicamente, não pode haver câmeras num espaço em que convivemos!

Ter imagens gravadas significa articulações políticas que não deveriam ser públicas tornadas públicas, pessoas identificadas e assim por diante. Mesmo que num primeiro momento essas imagens não parem na sala do reitor, certamente a estrutura burocrática pode reivindicar isso a qualquer hora (argumento um tanto inocente, não? será?).

O fato é que precisamos agora nos unir para barrar o processo das câmeras, sem consultas burocráticas ou qualquer outra coisa. Não pode haver câmeras na FFLCH (nem deveria em outras unidades e em tantos outros lugares) e ponto! As câmeras, bem como a instauração de outros processos vindos de cima, culminam na desarticulação e perseguição aos nossos movimentos.

Barrar as câmeras!
Não à perseguição política!