Sobre o caso do estudante da USP baleado

Ontem (01/09), por volta das 21h, um estudante da FFLCH foi baleado numa tentativa de assalto dentro do campus do Butantã. Essa ocorrência faz com que seja ainda mais reavivada a questão da segurança no campus e as medidas que a reitoria da USP vem tomando frente a ela. Medidas tais como a instalação de centenas de câmeras pelo campus e a adoção do modelo Koban pela PM para atender a universidade vem sendo apontadas como as soluções efetivas para reduzir a violência.

Sobre a assinatura do convênio USP-PM em 2011 o mesmo era falado. Nesse ano, a necessidade do policiamento do campus foi ressaltada intensamente após a morte de um estudante da FEA no estacionamento da faculdade, e pouco tempo depois o acordo foi assinado. No entanto, desde então o que se pôde observar, ao contrário da esperada redução do número de casos, foi o aumento dos roubos, assaltos e estupros na Cidade Universitária. A isso somado também o aumento da repressão por parte da reitoria e da PM às movimentações políticas de trabalhadores e estudantes da USP. Um exemplo recente é a utilização das filmagens das câmeras de vigilância para punir as estudantes que fizeram ações diretas no ato auto-organizado de mulheres pela segurança no campus e contra polícia militar, no dia 24 de agosto. Cada vez com maior frequência vemos ações truculentas da PM nas manifestações, na dissolução de piquetes durante greves, proibição de festas no campus, processos e sindicâncias.

2011 e 2015 apresentam diferenças, mas também alguns pontos comuns. Apesar da conjuntura ser de uma repressão infinitamente maior para trabalhadores e estudantes em todos os níveis, assim como em 2011, a tentativa de assalto nessa terça, que resultou no estudante baleado, parece já ser usado pela reitoria e pelo Governo do Estado para abrir caminho às suas medidas. Hoje foi veiculada a notícia de que o novo policiamento deve começar a ser implementado já na segunda-feira (07/09).

Nós do Rizoma nos solidarizamos com o ocorrido com o estudante Alexandre Cardoso na noite de ontem, bem como com seus parentes e familiares, mas sabemos a que esse fato está servindo. E frente a essa ofensiva reiteramos: FORA PM!

02/09/2015

[Nota de apoio à ocupação da UFC]

No dia 19/08 foi aprovado na Assembleia Geral dos Estudantes o inicio da greve estudantil da UFC. Unificando com os servidores das universidades federais, que desde junho estão paralisados, e com o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC), que aprovara em plebiscito o estado de greve, o movimento estudantil da UFC decide que não se calará diante do descaso da reitoria com a situação dos estudantes e dos funcionários da universidade.

A reitoria e o Governo Federal parecem não se importar com a falta de bolsas, com a redução das vagas na residência e na creche, com o salário atrasado dos terceirizados e com a falta de assistência estudantil, que hoje não é capaz de garantir alimentação e moradia aos estudantes que precisam.

Demonstrando um total desprezo com a reivindicação das categorias, o reitor Henry Campos decide viajar para a África do Sul. E agora paga o preço.

Após Assembleia Geral dos Estudantes realizada ontem (02/09) a sede da reitoria, localizada no Bairro Benfica, foi ocupada!

Através da ação direta, ocupando o prédio, o movimento estudantil respondeu a altura e rapidamente a reitoria acionou a Polícia Federal para “intermediar” o diálogo com o Comando de Greve. Nenhuma proposta senão a desocupação foi sugerida pela polícia e os estudantes sustentaram a ocupação até a manhã de hoje (03/09).

O ultimato da polícia veio com a ameça de prisão de todos os estudantes envolvidos na ocupação, demonstrando que o movimento, quando opta pela radicalização, é uma ameaça à ordem e seus agentes.

Em defesa do método de ação direta, o Rizoma se solidariza com a greve geral das categorias no Ceará e parabeniza os estudantes que ousaram ocupar a reitoria.

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