[NOTA] de Solidariedade aos estudantes de Ayotzinapa, México

Compas,

foi na sangrenta noite do último dia 26 de setembro que o poder burguês despiu-se mais uma vez da sua fantasia de bem-feitor para assim mostrar a nudez do seu autoritarismo e injustiça ao ASSASSINAR e SEQUESTRAR estudantes de uma tradicional escola de resistência camponesa em Ayotzinapa no México que, sem nenhuma coincidência aqui, reuniam-se ali a fim de arrecadar fundos para financiar a ida aos protestos do dia 2 de Outubro – data que marca o aniversário do massacre de Tlatelolco, quando mais de 300 estudantes foram, também, massacrados pela tirania do Estado. No massacre dos estudantes de Ayotzinapa, 6 pessoas morreram, 17 foram feridas e 43 seguem DESAPARECIDAS!

A “Escuela Normal Rural Raúl Isidro Burgos de Ayotzinapa” é uma instituição de ensino superior que forma professores para a educação básica; ela teve um papel de luta extremamente importante no começo do século XX dentro do contexto da Revolução Mexicana por formar nomes como Lucio Cabañas e Genaro Vázquez, líderes populares que fomentaram a luta armada entre o povo do campo. Um de seus estudantes chega até a defini-la da seguinte forma: “somos uma escola de luta, o professor não manda aqui”.1 Possuindo raízes de organização popular tão fortes assim, é fácil imaginar que essa escola continuaria a causar pesadelos nas forças que ali tentassem impor seu poder. E, de fato, no dia 12 de dezembro de 2011, estudantes de Ayotzinapa realizavam um protesto em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero, exigindo o cumprimento de algumas pautas de melhorias na escola; e qual foi a resposta do Estado? – A polícia local terminou por matar os estudantes Jorge Alexis Herrera Pino e Gabriel Echeverría de Jesus.2

Seguindo no mesmo cenário, a trágica noite do massacre do dia 26 de setembro definitivamente NÃO foi um “caso isolado”3 como afirmou José Gerardo Traslosheros Hernández, cônsul do México no Brasil, logo após a prisão de dois integrantes da FIP (Frente Independente Popular) que protestavam em frente ao consulado mexicano.4 Também não foi um caso isolado o de Carlos Augusto Muniz, vendedor ambulante baleado por um PM na Lapa. DIARIAMENTE esses vermes fardados estão nos matando e os burocratas de terno seguem defendendo-os dizendo que as mortes ocorridas são meros CASOS ISOLADOS. Deu-se o tempo de reagir! Não mais aceitaremos tamanha impunidade vindo de autoridades que se colocam acima do povo.

HOJE (22/10) é declarado o Dia de Ação Global por Ayotzinapa e até amanhã estudantes e trabalhadoras/os do México paralisam suas atividades em nível nacional. O E.Z.L.N (Exército Zapatista de Liberação Nacional), formado por populares organizados de forma autônoma ao sul do país, também declarou que unirá suas vozes e seus punhos aos de milhares de outras/os que participam dessa mobilização.5

Agora que as máscaras da autoridade já estão velhas, deformadas, amareladas e começam a ruir é tempo de que nós, povo que mantém as cicatrizes históricas da opressão, libertemo-nos enfim das amarras de uma democracia burguesa – falsa, ilusória e injusta – para (re)construir, agora sim, o poder nas bases populares.
Por compartilharmos do mesmo sonho de uma sociedade liberta de autoridades e por lutarmos também por uma educação livre de barreiras para todas/os é que nós, do Rizoma, juntamos nossas vozes de apoio aos movimentos sociais que estão germinando nas terras de Ayotzinapa e em toda a América-Latina para combater as atrocidades de um poder autoritário, ilegítimo, desnecessário e degradante ao povo!
Que despertem dos corações populares desejos de LUTA e anseios por LIBERDADE!
Exigimos hoje, junto a vocês, a reaparição IMEDIATA com vida dos 43 estudantes desaparecidos.
NÃO MAIS MORTES ALÉM DA DO ESTADO!

“¡VIVOS SE LOS LLEVARAN, VIVOS LOS QUEREMOS!”

Saludos,
Rizoma.
22/10/2014

1 ¿QUIÉNES SON LOS NORMALISTAS DESAPARECIDOS DE AYOTZINAPA?
2 Conflicto de Ayotzinapa
3 “Desaparecimento de estudantes não ficará impune”, diz consul do México
4 Prisão arbitrária de integrantes da FIP!
5 O EZLN se une à jornada em apoio à Ayotzinapa e ao povo Yaqui

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