Estamos em meio a uma greve histórica na Universidade de São Paulo. Após sucessivas investidas privatizantes da Reitoria, as três categorias – aliadas às outras das demais estaduais – se ergueram em unidade com o objetivo de enfrentar o Governo do estado e derrotar o seu projeto de universidade. Já são três meses de greve, piquetes, trancaços e muita resistência, e a cada recusa da burocracia em negociar, a cada novo ataque, o conjunto do movimento em greve continua a repetir: NÃO TEM ARREGO! Afinal, conforme os dias passam e a luta se aprofunda, fica mais evidente que combatemos a precarização e sucateamento do ensino superior público com fins à privatização. Que combatemos a elitização da universidade e o seu fechamento para a população que se encontra fora de seus muros, sejam eles físicos ou institucionais, que nos colocamos em oposição direta às pretensões dos de acima. No entanto, mais do que simplesmente afirmar isso em palavras e belos discursos, colocamos a necessidade de expressar essa oposição na realidade concreta, nas ruas e ações diretas em aliança com xs trabalhadorxs.
A compreensão dessa necessidade tem partido de alguns setores do Movimento
Estudantil e do Movimento dxs Trabalhadorxs como um todo. Marco Antônio Zago, o encarregado pelo Governo do PSDB em aplicar o seu projeto político para a universidade, tem percebido o perigo de essa aliança se concretizar de maneira mais potente – o que se daria a partir da entrada massiva dxs estudantes na luta – e pouco a pouco orquestra ataques para desmobilizar o polo mais intenso e radicalizado dessa greve, xs trabalhadorxs. Assim, desde Julho, tem se utilizado da Polícia Militar e da burocracia universitária – na figura dxs diretorxs de unidades – para avançar contra xs lutadorxs. Não à toa, desde então tivemos cortes de ponto, sucessivas investidas da PM e a formulação de um documento cheio de medidas – como: desvinculação dos Hospitais Universitários, desvinculação dos programas de permanência, plano de demissões voluntárias e muitas outras – que apontam nitidamente para o desmonte da universidade.
A postura dxs trabalhadorxs frente a essas investidas tem sido exemplar, sem recuar, vêm respondendo à violência do Estado com a resistência dos movimentos de luta e contestação, fazendo dos trancaços e piquetes suas principais ferramentas para pressionar os de acima. As operações militares que enfrentamos nessa última semana – a repressão contra o trancaço no dia 20.08 e a reintegração do acampamento no dia 24 do mesmo mês – são evidências de que Zago e sua trupe compreendem a força e ameaça desses métodos, e por isso fazem de tudo para que não continuem a ocorrer.
Os acontecimentos dessa última semana, caracterizados por um lado, pelo recrudescimento da repressão, e por outro, pela intensificação da mobilização e radicalização, montam o cenário para enfrentamentos cada vez mais importantes. De um lado, a Reitoria demonstra que a derrota da greve é uma questão de honra e um passo fundamental para a implementação de seu projeto, de outro, o conjunto do movimento grevista entende a necessidade de barrar esses novos ataques da burocracia. Diante disso, faz-se extremamente necessária a entrada massiva dxs estudantes em cena! Desde o início do Movimento, pontuamos a importância do Movimento Estudantil se assumir enquanto um setor avançado e radicalizado nessa luta, assim como fizemos em 2007, em 2011 e no ano passado. Os ataques da Reitoria não afetam somente xs trabalhadorxs, mas o conjunto da comunidade universitária e representa a nítida tentativa de desferir um duro golpe ao ensino superior público e aos movimentos de resistência internos à universidade.
Não podemos de modo algum naturalizar as medidas expostas no documento formulado pela casta burocrática da USP, não podemos de modo algum naturalizar as contínuas investidas da PM para desmanchar piquetes, trancaços e reprimir os movimentos em luta. A partir de hoje, é mais do que necessário que xs estudantes voltem à luta, incendeiem o Movimento e a Universidade, demonstrando que estão unidxs com xs trabalhadorxs na luta contra a burocracia, Zago e o Governo do estado de São Paulo. A partir de hoje, é mais do que necessário que o conjunto do Movimento Estudantil radicalize suas ações, e demonstre na prática, na ação direta, que aqui NÃO TEM ARREGO!
NENHUM PASSO ATRÁS, AVANCEMOS