Carta aberta dos estudantes da USP presos na última reintegração de posse da reitoria

retirado de http://umhistoriador.wordpress.com

CARTA ABERTA DE AGRADECIMENTO À SOCIEDADE
por Inauê Taiguara Monteiro de Almeida e João Vitor Gonzaga

Foto retirada durante a transferência dos estudantes da USP Inauê Taiguara e João Vitor Gonzaga nesta quarta-feira (13), do 91º Distrito Policial na Vila Leopoldina em São Paulo, para o Centro de Detenção Provisória (CDP), em Osasco. Foto: Marcos Bezerra/Futura Pres

Caros amigos, familiares e concidadãos, gostaríamos de agradecer ao apoio de todos aqueles que se mobilizaram para que nós, Inauê Taiguara Monteiro de Almeida e João Vitor Gonzaga, estivéssemos novamente em liberdade e pudéssemos defender-nos das acusações feitas por policiais da tropa de CHOQUE, que faziam a reintegração de posse do prédio da reitoria da USP. Fomos presos arbitrariamente e de forma violenta.

Temos a consciência tranquila por saber que não estávamos no prédio da reitoria e que não participávamos da ocupação do mesmo. De modo que não temos receio algum de que eventuais imagens das câmeras que estão espalhadas pelo campus apareçam – inclusive exigimos que elas apareçam.

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Acerca do documento “Diante da Situação” (carta dos 150 professores) por Homero Santiago (filô)

Carta de Homero Santiago aos 150 professores que assinaram o documento “Diante da Situação”

tirado de https://cegeusp.milharal.org/2013/11/07/acerca-do-documento-diante-da-situacao-por-homero-santiago-professor-da-filosofia/

“Pois então, há gente que compra deputado, há reitores que compram chefes de unidades, há quem faça piquete, e assim por diante”

Caros colegas,

Como não sou bom em discussão poética e não tenho condições de argumentar com a memória de longa data (não que a tenha perdido, simplesmente não conheço a USP dos tempos de antanho), vou me permitir alguns comentários mais chãos, ou mlehor, algumas impressões, me servindo da memória mais imediata (entrei em 1993 na USP), acerca do documento recente “diante da situação”, que nos foi enviado a todos e foi noticiado hoje pela Folha de S. Paulo.
* Sobre os meios de produção do texto e a coleta de assinaturas, não vejo maiores problemas; é uma via legítima. Porém, há de se ponderar, como fez perfeitamente o prof. Adrián: “o modo de circulação do texto, como o de qualquer texto, é parte de seu sentido, inclusive o fato de ter alcançado tão rapidamente divulgação na Folha de São Paulo”. Querendo ou não é um texto feito para sair no jornal (o que não quer dizer que tenha sido tal a intenção).
* É cansativa essa coisa toda de “excelência”, “qualidade”, etc. Em termos mais teóricos, se poderia invocar Gilles Deleuze: só os funcionários do saber costumam levar a sério tais argumentos – e sempre no mau sentido: é a desculpa para as piores coisas, para as atitudes mais burocráticas, para a constituição de um discurso afinado ao poder (com intenção ou não); em bocas cínicas é tenebroso (o que não quer dizer que todos os signatários o sejam; somente que alguns o são com certeza, e vou me permitir relacionar as ações aos bois, mesmo sem nomeá-los).
* É incrível que alguns (a maioria, ao menos dentre os que conheço, não) dos que lastimam que “excepcionalmente” se interrompa o “trabalho universitário sério e precioso” são os mesmos (dois ou três) que dispensam os alunos mais cedo porque marcaram consulta no HU – ora, bolas! por que não marcam fora do horário de aula. Houve (uma única vez, pelo menos) um que interrompeu a aula porque precisava ir ao “Banespa” (faz algum tempo).
* Dentre os arautos da excelência, há aqueles que vivem viajando e nunca se preocupam com nada relativamente aos cursos e aos alunos (há os que viajam e se preocupam, e que são a maioria). Há os que por algum motivo (em geral por ocupar cargos burocráticos), cuidam da própria vida e estão há anos dando o mesmo curso; quando o curso é bom, isso é até positivo, quando o curso é ruim, é uma desgraça para o conjunto dos alunos.

Não à repressão!

Hoje: Ato em defesa dxs estudantes presos e dxs processadxs!

Às 17h concentração na Pça do Ciclista.

A partir das 12h no bandeijão central acontecerá a coleta de assinaturas para fortalecer a PL de cotas na universidade.

Não adianta nos prender, a gente volta mais forte pra rua!

 

 

Avançar na luta! [posicionamento sobre os últimos acontecimentos]

| CHAMADO PARA A ASSEMBLEIA GERAL |

| HOJE (quarta-feira) |

| 18 HORAS |

| NA FAU|

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AVANÇAR NA LUTA!

Após a Assembleia Geral mais longa dos últimos tempos (dias 06 e 07/11) xs estudantes decidiram seguir com a mobilização por meio da manutenção da greve e a ocupação. Entendemos que essa decisão foi positiva para o movimento e mostrou a disposição no avanço pra cima da reitoria. A reintegração de posse ocorrida na manhã desta terça-feira (12.nov.2013) foi apenas a confirmação do que já se sabia: a Reitoria da Universidade de São Paulo não está, nem nunca esteve disposta a atender as reivindicações dos movimentos, sejam elas de trabalhadorxs ou estudantes. Esta indisposição é a prova que o termo de acordo não seria cumprido.

A demora e intransigência do REItor culminaram em uma longa ocupação. Se Rodas estivesse realmente preocupado com os “danos” à sua linda e explêndida universidade, ou então com o bom andamento dos trabalhos burocráticos ele deveria ter negociado decentemente enquanto o movimento estava “massificado”. Sua intransigência custou e custará um alto preço para a estabilidade universitária. Nenhum dano material ao andar térreo de um prédio equipara-se ao número de pessoas excluídas sistematicamente pelo filtro social do vestibular, ou então à quantidade de estudantes que largam seus cursos por falta de moradia, creches e bolsas auxílio. Educação não é mercadoria, e a luta por ela não pode ser medida em valores.

Diante da conjuntura atual, entendemos que a greve é um instrumento muito importante para a continuidade de nossa luta. Seguimos exigindo negociação imediata e não arredaremos o pé de nossos eixos. São por eles que entramos em greve, são por eles que construímos por mais de um mês uma intensa mobilização e não aceitaremos propostas de acordo que ignorem sumariamente nossas reivindicações ou enviem bibelôs de pautas que já estavam mais ou menos na manga da reitoria. Foi de extrema importância o pontapé inicial do DCE ao ocupar a reitoria em 1º de outubro, agitando, assim, um movimento antes quieto, porém cheio de insatisfações. Por isso também fazemos um chamado às/aos companheirxs do DCE que proclamam o fim da greve: não neguem o aprendizado proveniente de sua própria ação, mobilização se faz mobilizando!

Estamos em uma nova etapa da mobilização que pôde ser percebida até fisicamente pela abertura da outra entrada do prédio da Reitoria e pela nova faixa que ocupava a sua frente. Não mais a porta que dava acesso à sala do C.O., não mais faixas de diretas para Reitor, mas sim uma porta que apontava para o CRUSP e que exigia devolução imediata dos blocos K e L. Já havia outro perfil na ocupação e são outros eixos que seguem mobilizando xs estudantes. É inadmissível que aceitemos uma “desmobilização estratégica”, para retornar em 2014 novamente com a pauta de Diretas para Reitor.

Temos inúmeras divergências com esta gestão do DCE e com a forma como a entidade é concebida, nossa concepção de luta se dá por meio da democracia direta e não da representatividade, mas compreendemos que o DCE é uma entidade estudantil e não pode, de forma alguma, ser criminalizada. Por isso reafirmamos nosso compromisso na luta contra a criminalização dos movimentos sociais e pelo fim de todos os processos contra aquelxs que lutam. Sejam integrantes do DCE ou não, nosso lugar é sempre ao lado daquelxs que estão na construção de um outro mundo possível. Nossas divergências resolvemos dentro de nossos movimentos, e isso não nos impede de sair em defesa de todxs aquelxs que escolheram uma vida política. Para nós não há outra possibilidade de seguir vivendo se não for para seguir lutando. Nossa militância não é hobbie de final de semana em atos pela paulista, ela pulsa dentro de nós e nenhuma ação policial irá nos fazer calar.

Fazemos um chamado à resistência! Basta de abaixarmos a cabeça! O Movimento Estudantil já apresentou suas reivindicações e exigimos que a Reitoria as acate. Não vamos mais ficar esperando um belo e ilustre texto da burocracia que nos submete e ri da nossa cara. O movimento tem exigências e a Reitoria já tem conhecimento delas. Não queremos pautas vagas, não seremos dribladxs pela burocracia. Queremos prazos e textos claros. E já avisamos: Se não forem cumpridos, esta Universidade vai tremer.

Seguir em greve!

Construir a luta!

Fim da Repressão!

Exigir reabertura das negociações!

 versão diagramada: AVANÇAR NA LUTA