Sem sombra de dúvidas, a universidade se configura – e sempre se configurou na história – como um dos espaços de consolidação de privilégios e dominação das elites, e da acentuação de desigualdades em nossa sociedade,dando encaminhamento à divisão do trabalho nos mais diversos níveis:social, intelectual e braçal, racial,territorial e sexual.
O ambiente universitário que se encontra a partir dessas divisões e desigualdades é de extrema “homogeneidade”, sendo que esse processo de conservação da ordem estabelecida encontra apoio principalmente na barreira social que é o vestibular, um mecanismo que exclui milhares de estudantes por ano, e na insuficiência deliberada dos programas de permanência estudantil, que acaba por excluir aquelxs que passaram pelo primeiro filtro mas que ainda possuem a pressão econômica das despesas com moradia, alimentação e materiais, o que muitas vezes exige dessxs o acréscimo de uma jornada de trabalho/estágio como fonte de renda complementar. Não podemos deixar de pensar também nessa vivência acadêmica sem entender a soma concomitante dos problemas externos de ordem familiar, opressiva e pessoal.
Entendemos, portanto, as cotas (sociais e raciais), habitações e residencias estudantis, bolsas assistenciais de moradia, alimentação, iniciação científica, de apoio acadêmico e de estágio como essenciais à permanência estudantil dxs estudantes negrxs, indígenas e pobres, frente ao papel elitista, patriarcal e racista representado pela universidade no Brasil.
Por isso consideramos as mobilizações estudantis como as armas defensoras das conquistas obtidas ao longo de muitas lutas, sendo a ação direta (ocupações, atos, assembleias e greves) nosso principal trunfo combativo nos rumos e garantias de mais vitórias e ampliação de direitos que nos auxiliem na tomada da universidade e transformação de seu papel dentro de nossa sociedade.
Por isso, nós do RIZOMA Tendência Libertária Autônoma e do Coletivo Autônomo de Campinas, por meio desta nota declaramos nosso total apoio, solidariedade e confiança às lutas e resistências travadas por meio das greves e ocupações que se passam nos campi da UNESP. Compreendemos as semelhanças entre os problemas que enfrentamos na USP – a crescente ofensiva repressiva contra os movimentos sociais, exemplificada pelos processos administrativos e criminais movidos contra estudantes e trabalhadorxs, a estagnação da quantidade e valores das bolsas de assistência à permanência estudantil, para não citar a tentativa de nos enfiar goela abaixo um regime de apartheid disfarçado como política afirmativa ao povo negrx, representado pelo PIMESP – e as pautas do Movimento de Luta da UNESP. Além disso, vemos a opção por métodos combativos escolhidos e construídos horizontalmente junto a estudantes e trabalhadorxs como um objetivo a ser encabeçado por todos os movimentos que buscam a mudança radical da sociedade, não importando a categoria ou o local de luta.
Por meio de greve e ocupação já em três campus – Assis, Marília e Ourinhos – xs estudantes e trabalhadorxs reivindicam melhorias na permanência estudantil e posicionam-se contra o PIMESP (já aprovado pela burocracia universitária da UNESP: leia mais em https://rizoma.milharal.org/2013/04/29/unesp-aprova-o-pimesp/ ).
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Blogs das mobilizações: Acomppanhe todos os passos desta mobilização, bem como o detalhamento das pautas de reivindicação de cada campus em luta!
UNESP MARÍLIA: http://greve-ocupacaounespmarilia2013.blogspot.com.br/
UNESP OURINHOS: http://greveunespourinhoss.blogspot.com.br/
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Salud compas!
Abraços de resistência!