“Biblioteca viva” corre o risco de fechar

retirado de: http://www.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=454177

A Biblioteca Comunitária de Itu na verdade é chamada por seus voluntários de “biblioteca viva”. “Porque a nossa proposta, desde o começo, é bem diferente de bibliotecas comuns. A gente usa os livros não só para os empréstimo, mas pra fazer sarau, contar história, fazer leitura dinâmica aos sábados. Também porque fazemos vários eventos, como cineclube e oficinas. Em nossa biblioteca, pode fazer barulho!”, diz Amanda Benedetti, estudante de Geografia de 20 anos que começou sua relação com essa biblioteca quando encontrou lá um livro raro sobre a história do punk. Amanda é uma dos 15 voluntários do lugar que agora se esforçam para conseguir uma nova sede para essa biblioteca que tem um acervo de 15 mil itens – 10 mil deles são livros. “A casa foi cedida por um pai de um dos voluntários do grupo que teve a ideia de criar esse projeto. Naquele momento, podia ceder o imóvel. Mas ele teve que vender a casa e a gente precisa de um novo lugar o quanto antes”, explicou a jovem voluntária.

A Biblioteca Comunitária de Itu nasceu há 5 anos nessa sede que fica na rua Floriano Peixoto, no centro de Itu. Nesse tempo, recebeu inúmeras doações e o espaço foi se firmando como um lugar alternativo tanto por seu acervo, que contém cordéis e fanzines, por exemplo, quanto pelos eventos realizados, entre estes, um clube do vinil. “Itu tem uma biblioteca pública e fica no centro da cidade. Mas a questão é que nós somos, além de biblioteca, um espaço de convivência”, reitera Amanda. O cineclube, chamado Cineclube Brad Will, completou 4 anos de exibições mensais, com cerca de 30 pessoas por sessão, informa a voluntária. “Nesse último ano, também fizemos reuniões quinzenais pra discutir sobre a Questão da Mulher na Sociedade. Contamos com cerca de 30 pessoas por reunião. As noites do vinil, Festa Junina e comemorações de aniversário batem recorde de público, contando com mais de 100 pessoas quando acontecem”, ela celebra.

O horário da biblioteca também é alternativo: aos sábados, das 9h às 18h, já que a maioria dos voluntários têm suas profissões e compromissos. Mais de 600 usuários estão registrados na biblioteca e o cadastro é feito mediante uma taxa única de R$ 10. Amanda reforça: “tudo aqui é gratuito. Só uma festa de comida vegana teve custo de entrada no valor de R$ 5 porque já fazia parte da nossa mobilização em prol de uma nova sede.”

Resistência

Essa mobilização já tem surtido efeito. Vários artistas têm manifestado apoio às iniciativas do grupo que mantém a biblioteca. “Estamos estudando ainda várias alternativas, entre elas a reforma de imóvel que era de uma Associação Amigo de Bairro, reforma essa orçada em torno de R$ 30 mil, e alguns artistas se mostraram dispostos a ajudar, com sua arte, a arrecadar fundos. Também estamos tentando e estudando parcerias com a Associação União Negra, daqui de Itu.” Até a Gaviões da Fiel lá da cidade sinalizou alguma parceria, avisa Amanda. “Na verdade, nosso objetivo atual é fazer o Centro de Cultura e Educação Comunateca, visto que somos muito mais do que uma biblioteca.”

Embora resistentes e em plena luta para conquistar um novo território para abrigar tudo que conquistaram graças à doações e garimpagens literárias, eles já estão encaixotando o acervo. Numa “Carta Aberta ao Povo de Itu”, os voluntários escreveram: “Somos a realização de um sonho em uma cidade com poucas alternativas de cultura, manifestação artística e educação não formal… Temos a certeza de que não queremos parar. Nossa vontade é compartilhar as experiências e alegrias que sempre transbordaram da Biblioteca. Precisamos de um espaço para que continuemos construindo, através da leitura, arte, cultura, “um mundo onde caibam vários mundos”, incluindo o seu. Vamos construí-lo juntas/os?”.

Quem quiser entrar em contato e colaborar com os voluntários – “todo tipo de ajuda é bem vinda”, eles dizem – basta mandar um email para ajude@comunateca.com.br ou pelo facebook.com/biblioteca.comunitaria.itu. (Andrea Alves)

 

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