Manifesto EXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO!

Já percebeu que votar não resolve os verdadeiros problemas da população? Vem governo, vai governo e a situação permanece igual. Nas eleições, os políticos prometem soluções para todos problemas e pedem nossos votos, mas quando são eleitos esquecem daqueles que o elegeram.

Quantas decisões são tomadas sem a nossa opinião? Mudam as leis, constroem usinas e estádios de futebol, aumentam a passagem do transporte público, gastam milhões com seus salários… Mas nada de mais hospitais, escolas e creches. Não fazem nada em relação às enchentes. A polícia continua oprimindo o povo todos os dias.

Os governantes dizem que são ações para o nosso “bem” e que é o “melhor para a gente”. Mas como podem saber o que queremos se não nos consultam?

Eles não querem saber o que precisamos, queremos e desejamos.

Isso tudo não é novidade para maioria de nós. Enxergar que as coisas não vão bem já é um começo, mas não basta. Devemos ir além! Temos que tomar de volta nossas vidas em nossas próprias mãos!!!

Ninguém mais aguenta essa política que nos impõem. A democracia representativa, esse sistema baseado nas eleições de políticos para cargos de governo, é o que mantém as coisas como estão. O poder está concentrado nas mãos de uma minoria que governa em favor dos ricos e poderosos, ignorando as necessidades e os desejos do povo.

O crescimento econômico é uma farsa, pois somente os grandes empresários se beneficiam com ele. O povo, como sempre, recebe só as migalhas que caem dos bolsos cheios dos donos do capital que são favorecidos por aqueles que detém o poder. E nesse sistema capitalista sempre quando alguém ganha, muitos outros perdem…

É por isso que nos colocamos contra esse sistema político-econômico. Não aceitaremos mais que os políticos decidam por nós! Vamos nos organizar e construir novas formas de viver em sociedade.

Existe política além do voto! Votar de quatro em quatro anos não é fazer política. Existe um outro mundo a ser descoberto. Ele não está tão distante quanto imaginamos. Para vê-lo, basta apenas pararmos de aceitar o que nos impõem e passar a agir para alcançar um horizonte que está além do que estamos acostumados a enxergar.

Para isso propomos fazer política todos os dias, coletivamente, e que as decisões e ações partam de cada um e de todos. Uma política construída diretamente pelas pessoas. Que elas mesmas tenham a possibilidade concreta de defender seus interesses e decidirem sobre o rumo das suas vidas, associando-se com outras pessoas que tenham interesses e vontades em comum. Que as decisões sejam tomadas com todos os indivíduos em pé de igualdade, sem nenhum indivíduo com mais poder do que outro, baseados em uma relação de cooperação e solidariedade.

Propomos, ao invés da democracia representativa e das eleições, uma democracia direta em que as pessoas se organizem para decidir sobre os assuntos nos quais estejam envolvidas, seja no seu bairro, na sua escola, no seu local de trabalho, enfim, em qualquer espaço de convivência. Queremos uma política que seja feita no dia-a-dia, que esteja integrada às nossas vidas. Que não tenhamos mais que escolher um governante. Uma política na qual não precisemos mais votar e nem eleger ninguém! Que sejamos nós mesmos a decidir e agir na organização da sociedade.

Essa proposta política é praticada em diversas partes do mundo e por muitos grupos diferentes. Trabalhadores se reúnem para produzir bens ou prestar serviços sem necessidade de um patrão, em sistema de autogestão. Diferentes grupos de pessoas se organizam em associações de bairros, mantém centros culturais, participam de movimentos sociais, culturais e políticos, assim como de manifestações, protestos, ocupações e ações para denunciar as injustiças cometidas pelo Estado e pelos capitalistas. São pessoas que pela ação direta, sem representantes e sem chefes, decidem e atuam na política e na economia de nossa sociedade. Esses grupos se comunicam e se coordenam, combinando ações, criando laços de apoio e ações conjuntas, mas cada um com sua autonomia, organizando-se sem hierarquias e sem um grupo dirigente ou governante, associando-se num sistema que chamamos de federalismo.

Acreditamos que só assim construiremos uma sociedade livre, justa e igualitária.

Façamos nós mesmos a nossa história! Existe política além do voto!

http://www.alemdovoto.org/

Porque não compor o XI Congresso

Por que nao compor o Xi Congresso em Pdf

A tendência libertária e autônoma Rizoma visa contribuir na construção de um movimento estudantil amplo e combativo, que se paute pela autogestão e pela democracia de base, que tenha a ação direta como método de luta e que compreenda a importância da solidariedade entre estudantes de diferentes escolas e universidades, e também entre os movimentos contestativos de diversos setores de resistência. Pensando nisto e reconhecendo que somos um coletivo pequeno, no qual a maior parte dos membros trabalha e estuda, entendemos que é importantíssimo distribuir nossos esforços na construção de atividades que podem de fato trazer avanços rumo a um movimento horizontal e libertário. E assim como avaliamos que as eleições não podiam contribuir efetivamente para este norte, acordamos que o XI Congresso também não possui potencial de construção horizontal, solidária, libertária e pautada na ação direta.

Dentre os motivos que poderíamos elencar para afirmar essa posição está o fato do congresso ser historicamente descolado da realidade, tanto dxs estudantes da USP quanto do mundo – basta lembrarmos por exemplo que já fora até mesmo aprovado o fim do capitalismo em congresso, e que, obviamente, além deste não ter terminado, nenhuma luta real dos estudantes foi construída. Não podemos nos esquecer também que a burocratização e o aparelhamento do movimento estudantil asfixia e aliena os estudantes dispostos a lutar, e o XI Congresso não é outra coisa que um espaço de legitimação deste método burocrático de agir, reafirmando e disseminando a agenda política dos partidos hegemônicos na universidade – basta lembrarmos que as deliberações finais do Congresso já estão inclusive fechadas de antemão (observe o tópico da plenária final na programação).

Entendemos que a luta contra a lógica de representação (partidária ou não) é um passo fundamental para a construção de um movimento forte, autônomo e combativo, pois tenta fazer de cada pessoa um agente ativo e comprometido com a realidade cotidiana na qual está inserida, ao invés de impor a ela o papel de mero atuante esporádico na escolha de seus representantes. O Congresso, além de ser construído pelo burocratizado e aparelhado Conselho de Centros Acadêmicos, contará, sem a menor dúvida com uma esmagadora maioria de delegadxs interessados tão somente em falar em nome dxs estudantes, e não em construir a luta com elxs. Talvez estes mesmos estudantes aleguem que são representantes de pautas de seus cursos para o Congresso. A isto poderíamos opor uma simples pergunta: como um delegado poderia levar a posição dos cursos, sendo que atualmente não há discussão alguma na grande maioria destes?

Não condenamos os grupos e pessoas que estão se envolvendo na construção do Congresso, muitos dos quais companheiros de outras lutas que já provaram sua combatividade. Porém, mesmo que movidos por boas intenções, a estes camaradas afirmamos que nossa prática e leitura política não compactuam com a ideia de participação por participação – de participar tão somente para marcar posição. Privilegiamos a construção do movimento a partir das bases e dos espaços periféricos, não a partir de disputas dos pretensos centros de poder e representação do movimento. Entendemos que estes centros não passam de fetiches e armadilhas burocráticas, pois os avanços que queremos só podem ser conquistados com a construção da participação direta – logo não-representativa – dos estudantes.

Frente às práticas burocratizantes, levantamos a necessidade de garantir e rearticular os espaços autônomos da USP – o espaço aquário, o espaço verde, o núcleo de consciência negra, o canil – ocupando estes espaços com atividades questionadoras que motivem a participação de todos; de construir ombro a ombro atividades com a comunidade São Remo, junto de coletivos da comunidade, da associação de moradores, de artistas que vivem lá; de questionar e subverter o poder institucional da reitoria e de seus aparelhos, incentivando a ação direta e estudos coletivos contrários à coação e à violência sofrida por estudantxs e trabalhadorxs na USP. Não nos consideramos a solução universal frente ao capitalismo e ao Estado, e tampouco nos vemos como uma vanguarda revolucionária. Mas somos um coletivo que busca alternativas às posições burocráticas e representativistas do movimento estudantil da USP, por acreditarmos que os problemas que encontramos internamente no movimento vão muito além dos programas que adotamos ou das pretensas “direções” que temos, mas estão fundados na própria maneira de nos organizarmos e agirmos. Exaltamos a necessidade de uma construção horizontal, conspiradora (conspirar é respirar em conjunto), solidária e subversiva. É com essa construção que acreditamos ser possível reconstruir o movimento estudantil da USP, e não com palavras bonitas e boas intenções – das quais os congressos também estão cheios.

2° Panfleto

Panfleto 2 versão PDF

Existe entre os jovens um sentimento muito forte de estranhamento em relação às entidades e instituições representativas, em relação à democracia indireta e às ditas vanguardas dirigentes. A noção de que as próprias pessoas devem se colocar enquanto sujeitos políticos ativos se fortalece, bem como a ideia de que os espaços estudantis devem ser abertos para todos e articulado sem hierarquias. Esse sentimento não só é legítimo como também expressa as possibilidades para um movimento estudantil mais efetivo – e é nessa tendência que opera o Rizoma.

Todavia, na última assembleia geral, em que os estudantes consentiram com um comando de mobilização teoricamente “aberto” e por “consenso”, esse sentimento legítimo de repulsa as pretensas vanguardas e as instituições foi oportunamente distorcido por partidos políticos que não visam estimular a horizontalidade e a democracia direta, mas sim dirigir os estudantes e partidarizar suas entidades.

O intuito desses em discursar valores que não defendem é simples: retomar a direção (formal e prática) do movimento estudantil, que durante o comando de greve coubera a  outros grupos políticos. E para isto, instrumentalizaram um discurso que cativa os estudantes, embora este esteja longe de seus reais interesses. Para provar essa hipocrisia basta ver que o mesmo setor que defendeu a “abertura” e “democratização” do comando é o setor que a anos dirige o DCE da USP – entidade de representação estruturalmente verticalizada e excludente, ideal para quem ambiciona a direção do movimento e as políticas de gabinete.

Os estudantes devem ter em conta, como lembra Michel Foucault, que “a historicidade que nos domina e nos determina é belicosa. Relação de poder, não relação de sentido”. Em outras palavras, os estudantes não podem confundir conceitos como autogestão, democracia direta e horizontalidade com o fim dos antagonismos de opinião e de ação,  com o fim dos conflitos e das divergências: estas disputas além de inevitáveis,  expressam a heterogeneidade e a criatividade dos estudantes. Propor um movimento de “consenso” é esvaziar qualquer possibilidade real de debate e reflexão, levando para outra instância (no caso, o DCE) as decisões importantes do movimento. E no que pese os reais problemas que o comando de greve detinha, é difícil negar que frente ao DCE ele se
revelou um importante espaço de debate e ação – além de ser bastante mais democrático e contar com pessoas de diferentes posições políticas.

Os estudantes devem ter a capacidade de discernir as manobras e as partidarizações que empatam a autogestão dos centros acadêmicos e do DCE, que dificultam as políticas diretas contra a reurbanização da São Remo e o aumento das catracas na USP, que convencem os estudantes que um voto em uma urna é tudo o que pode ser feito. O desafio posto é o da autoorganização dos estudantes: auto-organização que abra espaços deliberativos e organizativos mais horizontais, possibilitando o convívio de divergências teóricas e práticas – mas buscando pontos de unidades de ação. Quando isto ocorrer, os ditos dirigentes finalmente terão de descer de seus palanques para assumir que são somente mais alguns estudantes num conflito social real, complexo e  bem maior que suas camisetas e chapas eleitoreiras.

Panfleto para calourada (1°)

Estudantada,

As mobilizações de 2011 culminaram na greve que se segue este ano, e seus eixos expressam projetos d@s estudantes para a USP. Para além das divergências, o conjunto dos estudantes concorda que todos esses projetos são antagônicos aos interesses da reitoria e do Estado, que tomam para si uma universidade que deveria pertencer ao povo. Frente a isto entendemos como essencial a construção duma alternativa libertária que fortaleça as mobilizações, a greve e outras ações diretas.

Uma universidade popular deve ser uma universidade autônoma e horizontal, e não isolada ou privilegiada. Aquel@s que querem o isolamento e os privilégios são @s que erguem os muros, que trazem os guardas, as armas e os interesses do mercado para a universidade. Aquel@s que querem a liberdade de criação e convívio, a autonomia dos espaços, a permanência estudantil, o fim das punições arbitrárias e moralistas são @s que construíram as ocupações e agora constroem a greve – anunciando um 2012 de mobilizações.

Dentre as primeiras tarefas dessas mobilizações de 2012 está a luta contra as repressões e as perseguições perpetradas pela reitoria e pelo Estado na USP, sobretudo através da PM, da guarda universitária e do COSEAS. Repressão que é a garantia do projeto universitário de Rodas e do Estado, que terceiriza o trabalho e submete o convívio e a produção acadêmica a padrões empresariais e mercadológicos.

Esta USP elitista e mercantilizada é refém de gabinetes fechados, cujas decisões são discutidas somente em conselhos excludentes e hierarquizados – que devem ser urgentemente democratizados. Mas para construir uma universidade realmente democrática faz-se necessário também que @s estudantes derrubem as barreiras impostas por esta estrutura de poder da USP. Barreiras que são os muros e as catracas; o vestibular, a PM e o déficit de vagas no CRUSP – todas elas transformam a USP numa fortaleza segregacionista.

Como resposta a esta instituição que se torna cada vez mais privatizada e repressora, é fundamental nos organizarmos de maneira a não reproduzir as hierarquias e as dominações que buscamos combater. Estamos fart@s de organizações que ambicionam nos representar. Para lutar contra a violência da reitoria e do Estado, faz-se necessário uma organização de estudantes horizontal e libertária, que pratique a ação direta como método de luta, fortalecendo a democracia direta e a autogestão.

Arquivo do panfleto em pdf: Panfleto da Calourada