“EU NÃO NEGOCIO COM INVASORES DE MERDA”: UNESP “dialoga” com Tropa de Choque

Via Ocupação UNESP Araraquara 2014

Como é sabido, na madrugada do dia 30 de maio, conforme deliberado em Assembleia Geral Estudantil da FCLAr, ocupamos a diretoria da unidade. A ação se deu pela total falta de diálogo e compromisso da direção com as políticas de permanência e pelo uso de ações repressivas e autoritárias contra os estudantes. Desde o início, essa gestão é caracterizada por inúmeras sindicâncias, falseamento de demandas e falta de seriedade para com as reivindicações estudantis.

A revogação das 38 expulsões de estudantes da moradia estudantil é nossa reivindicação mais urgente, além do corte massivo de outros auxílios como auxílio-aluguel, auxílio-alimentação e bolsa BAAE-I. São medidas provenientes de um processo seletivo arbitrário, incoerente e que ao contrário das declarações do diretor da unidade, Arnaldo Cortina, não conta com a participação ampla dos três setores da universidade: professores, funcionários e estudantes, mas concentra-se nas mãos do vice-diretor e assistente social. Entendemos que o processo seletivo e seus critérios contradizem totalmente a sua única intenção, a de atender aos estudantes socioeconomicamente carentes, impossibilitando sua permanência na universidade.

Também é pauta nossa o fim dos processos administrativos e judiciais contra os estudantes, pela própria luta que se trava aqui e, noutros episódios, motivados pela censura de qualquer manifestação artística ou política. Clamar pela retirada destes processos significa denunciar a posição altamente repressora da gestão Arnaldo Cortina e Cláudio Paiva, que resolve com a justiça civil e polícia assuntos políticos da universidade.

A ocupação se deu primordialmente pela exigência de diálogo com a direção, que até então, era negligenciado. A congregação extraordinária chamada no dia seguinte à ação quebrou protocolos de divulgação e de votação, além de ser ilegítima por conta da greve docente vigente, que retira o poder de deliberação dos órgãos colegiados, e já escancarava a intenção da direção de autorizar a invasão policial para reintegração de posse antes de qualquer tentativa de diálogo. Apesar disso, a resistência dos estudantes ao continuarem ocupados forçou uma primeira negociação; porém, o que se viu foi uma falsa vitória. Nesta reunião, evidenciou-se a indisposição da direção a negociar as nossas pautas, além da falta de compromisso, visto a ausência do vice-diretor e da assistente social, responsáveis pelas políticas de permanência estudantil. Apesar do compromisso de continuidade das negociações, essas nunca se deram. Quando os diretores foram procurados e indagados sobre essa promessa anterior, mais uma vez foram escancaradas a intransigência e a arbitrariedade desta gestão. Exaltado, o vice-diretor proferiu ofensas graves aos estudantes: “EU NÃO NEGOCIO COM INVASORES DE MERDA”.

Depois desta última tentativa de negociação, ficou claro para os estudantes em luta e ocupados que, para os gestores desta unidade o diálogo se dá com força policial.

Às 5h da madrugada do dia 20/06, 3 semanas após a referida deliberação da assembleia, os estudantes foram surpreendidos com a presença da tropa de choque dentro da direção ocupada, forte e descabidamente armados para cumprimento da reintegração de posse, autorizada pelo diretor e incentivada por grande parte do corpo docente. Eles foram encaminhados para a 4ª D.P. de Araraquara, onde foram qualificados e liberados depois de algumas horas.

O triste desfecho desta ocupação evidencia qual é o projeto antidemocrático de universidade que estamos vivendo e quais as consequências deste que estamos sofrendo: arbitrariedade, autoritarismo, autocracia gestionária, total desacordo com os princípios humanísticos da universidade e desrespeito à classe estudantil e à sua autonomia política.

Essa política do “diálogo” somente com a força policial não é nova para o campus de Araraquara, visto que esse foi palco de teste da intervenção da PM na universidade em 2007. Foi no campus da Unesp de Araraquara que a polícia entrou pela primeira vez na universidade após a redemocratização, justamente para retirar a força os estudantes que ocupavam a diretoria da unidade, que coincidentemente lutavam por educação pública, gratuita e de qualidade. Esses estudantes criminalizados em 2007 lutavam contra os decretos do Serra que minariam a autonomia universitária, a mesma que nas mãos unicamente dos docentes com o poder de decisão de 70%, autorizou a entrada da PM no campus para reprimir estudantes. Agora vemos nossos 3 REItores das estaduais paulistas proferindo discursos pró mantimento da autonomia universitária nos jornais, sim, os docentes nunca foram contrários a perda da autonomia, mas são eles os gerenciadores da privatização. E se agora conclamam a sagrada autonomia (não para garantir que a política possa ser realizada livremente no espaço da universidade), denunciando a alteração do modelo universitário, é para garantir que não percam com a finalização do processo de privatização seus cargos de gerenciadores, que seriam melhores preenchidos pelos já gerenciadores dos bancos, da indústria e da grande mídia que estão comprando a universidade pública.

Lutar por política de permanência estudantil é lutar contra o processo de privatização da universidade, ao qual não cabe tal política, ao qual o ensino não será mais que uma mercadoria.

OS ESTUDANTES EM LUTA.

A LUTA CONTINUA!

[Ata Autônoma] Assembleia Geral dos Estudantes da USP – 18 de junho de 2014

Início: 18h30
Término: 21h00
A mesa foi mantida conforme aprovada pelo Comando de Greve (DCE, AMORCRUSP, Núcleo de Consciência Negra, Fórum dos Processados e EACH)
Informes:
Gabriel sobre o fórum das 6: Ato na praça da sé rolou, embora tenha sido meio esvaziado; ato terça-feira que vem (24/06) às 14h na ALESP.
Letícia- EACH: não vai haver matricula de matéria pelo júpiter, pois não tem local para ter aula; uma matéria fictícia será colocada para alunos, principalmente os bolsistas, terem os creditos; 30 de junho ato da EACH às 14h na Paulista.
Marcela- ECA: só o curso de artes plásticas saiu da greve; quarta-feira que vem irão ocorrer diversas atividades durante o dia na ECA.
Pedro- Direito: o setor mais forte na greve são os funcionários; professores e estuantes seguem com baixa mobilização.
Odete- Letras: informe sobre a realização do ato em apoio aos metroviários demitidos de terça-feira (17/06) na paulista.
Franciel: Frente “Se não tiver direitos não vai ter copa” se incorpora no ato do MPL do dia 19/06, e marca ato “Não vai ter Copa” na segunda 23/06 às 15h na Praça dos Ciclistas.
Lari- Geo: incorporação do curso no ato por cotas no dia 24; o curso não vai compor o CCA marcado pelo DCE, pois na assembleia geral do dia 10/06 foi deliberado que não vão ocorrer CCA’s durante a greve;  curso aprovou panfletagem em cursinhos populares sobre o ato do dia 24.
Psico: continua em greve (embora última assembleia tenha sido esvaziada); professores atrapalham principalmente a participação dos calouros na greve cobrando trabalhos; vão se incorporar ao calendário geral; vão realizar uma assembleia dos 3 setores da psico, onde vão discutir reforma curricular (tema pautado pelos estudantes).
Gabi- Letras: curso não tinha quórum para realizar assembleia, e decidiram trazer a questão sobre a revotação dos delegados para a assembleia geral [?]; discutir a valorização e retomada de seus espaços estudantis.
Fábio- Metroviários: 42 demitidos (Fábio é um deles); greve foi declarada ilegal; saíram da greve mas pretendem centrar esforços na questão dos demitidos; precisam do apoio da população para seguirem fortes na luta; pretendem fazer um ato no show dos dias 9 e 10 de julho.
Leila- Letras: convidou a todos para uma discussão da Juventude às Ruas sobre a greve no metro, nesta sexta às 18h no vão da história/geografia.
Gui- Sociais: a greve e o piquete se mantém; tiveram uma assembleia vazia e decidiram revotar os delegados; vão fazer uma plenária dos 3 setores do curso.
Camilo- História: informou sobre o fórum das 6, que não conseguiu fazer negociação principalmente devido as intransigências do reitor da USP, devido aos atos que vem ocorrendo; CCE esta de greve; vai ocorrer um ato no dia 24/06 às 14h na ALESP onde estará sendo discutido a Lei de Diretriz Orçamentária.
Andreza- NCN: ato por cotas na terça (24/06) às 17h no MASP.
Adriano- CRUSP: revotou delegados em sua última assembleia; elegeu representante para compor a mesa e para comissão de negociação; vão se incorporar no calendário geral.
Murilo- PUC: falou sobre as torturas físicas e psicológicas que sofreu na SSP; PM pegou seu celular e ficou perguntando quem  eram os contatos, se pertenciam a alguma organização, como eram; é acusado de violação de domicílio (o prédio da SSP) e resistência a prisão; entrou com processo para punição dos torturadores e por arquivamento de seus processos; na página da ANEL tem uma moção contra o acontecimento que pode ser assinada por entidades.
Uirá- Filosofia: greve e piquete se mantém, delegados foram revotados na última assembleia de curso; convidou Zago para uma discussão sobre a EACH no espaço verde; informe que a congregação da FFLCH se posicionou favorável às negociações mesmo com a existência de piquetes.
Amanda- informe sobre o comando de greve: pediu para cada grupo que compõe a comissão de negociação indicar o membro responsável por ela e enviar para o e-mail na comissão de negociação.
Adriano- UNESP Araraquara: Ocupação da diretoria com reintegração de posse já aprovada; são 38 expulsos da moradia estudantil; faculdade da prioridade para intercambistas expulsando alunos com alegações arbitrárias; continuam com paralisações e trancaços.
VOTAÇÃO: Proposta  de não ter falas (ganhou) X Proposta 2 de ter falas
91 votos X 75 votos
Questão de ordem: Adriano lê carta que escreveu em repúdio a agressão que sofreu agressão de militante do PSTU no ato contra a copa do dia 12/06; pede que a assembleia solte uma nota de repúdio a agressões como método do ME.
Questão de ordem: Arieli pediu direito de resposta em tempo equivalente a que Adriano teve para ler a carta.
Existe uma outra proposta que defende não fazer esta nota, mas que entremos em uma discussão completa sobre o conteúdo da carta, que trata do ato em conjunto, não só sobre a agressão.
VOTAÇÃO:  Proposta de assembleia soltar posição sobre repúdio X Fazer discussão e balanço sobre o 12J(não especificamente sobre a agressão) (EMPATE)
92 votos X 92 votos
9 Abstenções
OBSERVAÇÕES:  Durante a contagem quiseram recomeçar com a alegação de que existiam alunos que não eram da USP no plenário e que votação não era legítima; companheira do NCN defendeu que alunos do NCN tem direito a voto, e acha um absurdo que eles vão votem por não terem passado no vestibular. A pessoa que trouxe esse ponto de início diz que podem votar alunos da USP e do NCN.
Essa discussão começou no meio da votação. Quando ela acaba com empate a mesa não entra em consenso em como seguir (se haverá revotação, etc)
Questão de ordem: Arieli diz que não reconhece o fórum como espaço deliberativo devido ao quórum, repudia que a votação se mantenha ou aconteça novamente e anuncia a retirada dos membros do DCE do plenário (inclusive o membro que compunha a mesa)
A mesa que se mantém decide que a assembleia se mantenha com caráter indicativo e discussão de calendário em respeito as/aos companheiras/ros da EACH e do NCN que estão no local.
VOTAÇÃO: Proposta de não levar indicativo de discussão sobre agressão para próxima assembleia X proposta de levar indicativo de discussão sobre agressão e balanço do ato 12J para a próxima assembleia (contraste)
Calendário:
Quinta-feira (19/06) Incorporação no ato do MPL sobre tarifa zero na praça dos ciclistas às 15h
Segunda-feira (23/06) Incorporação no ato Não vai ter copa na praça dos ciclistas às 15h; panfletagem em cursinhos populares sobre ato de cotas do dia 24; Comande de Greve de  Estudantes da USP às 18h no vão da hist/geo
Terça-feira (24/06) Ato na ALESP às 14h; Ato por cotas às 17h no MASP
Quarta-feira (25/06) assembleia geral às 18h
Segunda-feira (30/06) ato pela descontaminação da EACH no MASP às 14h.

ATO DE APOIO AOS METROVIÁRIOS

Na segunda-feira (9/6), a partir das 7h, em frente à estação Ana Rosa será realizado o Ato Unificado de Apoio aos Metroviários.
O Ato terá a participação do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto), MPL (Movimento Passe Livre), das Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CTB, CSP-Conlutas, CGTB e CSB, entre várias outras entidades.

O ato é uma resposta dos movimentos sociais, sindicatos e centrais e juventude trabalhadora à intransigência do governo Alckmin. Participe!

extraído de: http://www.metroviarios.org.br/site/index.php?option=com_content&Itemid=&task=view&id=1840