Dia Mundial do Consumidor – O olhar sanguinário do vigia

Por Charô Nunes para as Blogueiras Negras

Hoje é o Dia mundial do consumidor, aquele que é definido pelo ato de pagar por determinado produto ou serviço. Na teoria é como se a mão que recebe fosse cega, desde que a caixa registradora continue funcionando muito bem obrigada. Como se, dadas as mesmas condições de pressão e temperatura, a oferta de produtos e serviços fossem iguais para todos os grupos etnicorraciais. Apesar de essa ser a propaganda, sempre estivemos caminhando exatamente no sentido oposto. O racismo costuma preceder qualquer interesse que negros possamos suscitar a anunciantes, empresas e empreendimentos.

Tome como exemplo algo muito simples, o ato de ir e vir num shopping. Quando estamos falando de negros, está implícito que sejamos ostensivamente vigiados e perseguidos. O apartheid que muita gente “descobriu” com o rolezinho é coisa antiga e vai muito bem obrigada. Nesse sentido nossos algozes são bastante democráticos – são igualmente atingidos crianças, adultos e idosos negros. De praticamente todas as classes sociais, ao contrário do que diz aquela estorinha tão bonitinha que nos contam de que no Brasil existe apenas um problema social e nunca racial.

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Divulgação: próximos encontros do Grupo de Estudos Libertários

Retirado de https://estudoslibertarios.milharal.org/2014/03/02/proximos-encontros/

“Compas, atenção para as datas dos próximos encontros e para os textos que já serão discutidos neste primeiro momento.

Não é necessário ir nos dois dias, os encontros serão independentes e cada eixo temático (Pensamento Zapatista e Anarquismo no Brasil) possuem autonomia para rever suas dinâmicas internas e pensar seu calendário de leituras.

Neste primeiro encontro de cada tema será definido o calendário de estudos, então se você tiver referências que sejam do tema, leve-as e assim montamos coletivamente quais as leituras dos próximos encontros.

 Nos vemos semana que vem!

 Saúde e anarquia!”

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Nenhum passo atrás, avancemos! [texto nosso de início de ano]

2014


Um novo ano chegou e com ele a reafirmação de nossos antigos problemas. Mais uma vez inúmeras pessoas estão na corrida por moradias e assistências e, no entanto, não é difícil notar que pouco se avançou desde os anos anteriores. Não nos enganemos: não serão poucas as que ficarão a ver navios. Ainda mais quando consideramos o momento pelo qual a Universidade passa. Logo que tomou posse o novo Reitor (Marco Antônio Zago) expôs uma crise orçamentária que a USP não vivia há anos; nada mais nada menos que um rombo de mais de R$1 bilhão! Uma dívida de tamanha dimensão já afetou os mais diversos âmbitos da vida universitária: as obras faraônicas da nova Reitoria e de prédios recém-adquiridos no centro da cidade foram paralisadas, simpósios e viagens internacionais foram cancelados (levando nossxs queridxs “mestrxs” aos prantos), ao mesmo tempo que diversas bolsas – de iniciação científica, de estágio e etc – estão atrasadas ou estão simplesmente sendo cortadas da folha de pagamento da Universidade. Com essa crise orçamentária a reitoria intensificará o processo de demissão dxs terceirizadxs ignorando o compromisso com estas pessoas e sobrecarregando xs funcionárixs efetivxs. Nesse sentido obviamente a reitoria não está preocupada com a urgente demanda por programas de permanência estudantil e toda a comunidade da EACH segue um caminho incerto sobre os próximos dias. O descaso com o campus instalado na Zona Leste de São Paulo reforça e escancara quais são as reais prioridades para toda a linhagem de REItores USPianos. Como já diz o ditado: a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Além disso, fora da USP, o ano traz consigo a promessa de muitas lutas. Desde as jornadas contra o aumento do ano passado o descontentamento popular tem se expressado nas ruas cada vez mais, denunciando o caráter do projeto social que se perpetua no país há anos. Nesse contexto, a luta contra a Copa tomou novas proporções, impulsionada pelos atos no ano passado. Mas assim como do nosso lado esperamos a intensificação das lutas, sabemos que a resposta que virá do outro será a intensificação da repressão. No ano em que se completam 50 anos do Golpe Militar, o repertório dos de acima tem se mostrado extremamente variado, indo desde a violência física, passando pela psicológica, e terminando no uso do aparelho jurídico para impedir a participação ativa daquelxs que querem se manifestar. Mas para que tudo isso não se transforme em promessa de ano novo, temos de tomar algumas medidas também no movimento estudantil.

No final de 2013 passamos por uma greve estudantil que, infelizmente, não teve um saldo político dos mais animadores. O seu encerramento foi marcado pela falta de conquistas e pela prisão de 2 estudantes da Filosofia. Frente a isso, achamos necessário tecer algumas considerações para evitar erros semelhantes no futuro.

É preciso apontar, primeiramente, o abismo que houve entre o movimento geral e as bases dos cursos. Estas formularam inúmeras propostas e indicaram diversas iniciativas as quais levaram às assembleias gerais, mas quase nunca foram ouvidas. Em detrimento das discussões desenvolvidas nos cursos, assistimos o embate de pautas e bandeiras que não fizeram parte do cotidiano da greve e que, mesmo assim, tomaram enorme espaço nos debates acerca das deliberações coletivas. Somado a isso, um desejo patológico por parte de algumas correntes de dirigir o movimento levou-as a negligenciar de maneira irresponsável qualquer atitude, mesmo as que vinham das bases, que não tinham consonância com sua linha política. Prova disso é que a reivindicação “motivadora” da greve e ocupação (a nauseante “Diretas para Reitor/Papai”) foi rapidamente equiparada a outras bandeiras trazidas posteriormente. Outro fator, ainda nessa linha, diz respeito à eterna tentativa de ignorar as decisões tomadas em assembleias e transferir os processos de deliberação para outras instâncias como o Comando de Greve ou então a dominação por parte daqueles que anseiam dirigir o movimento nas comissões com maior capacidade de manipulação, como a Comissão de Comunicação. Repetidas vezes pode-se perceber que de nada adiantavam as horas dispendidas nas Assembleias Gerais quando, de fato, as comissões/pessoas responsáveis só davam o devido encaminhamento para as tarefas referentes à sua própria pauta.

Em segundo lugar, a postura adotada de praticamente implorar para a Reitoria negociar conosco seria cômica se não fosse trágica. Ao invés de nos preocuparmos em massificar o Movimento e aumentar a sua força, nos desgastamos excessivamente tentando convencer a Reitoria a nos atender. Por isso, deixamos de aproveitar o enorme potencial de ações diretas como ocupação, trancaços de portões e piquetes nas obras da nova Reitoria, utilizando-as apenas como instrumento de pressão para a abertura de negociações. Nesse sentido, foi feito um esforço hercúleo por parte de alguns setores para manter a reitoria ocupada como simples moeda de troca, ao invés de fazer dela o que deveria ser: moradia. Não à toa o último termo de acordo proposto pelos burocratas era uma piada de mau gosto que não atendia verdadeiramente nenhuma de nossas reivindicações.

Por último, não podemos negar que diversas correntes que compõe o Movimento possuíam interpretações semelhantes às nossas sobre diversos aspectos. No entanto, a nossa incapacidade de articulação enfraqueceu a possibilidade de intervenções. Quando encaramos o processo de burocratização da greve e da ocupação e a incapacidade do movimento de sair do lugar, deveríamos ter tomado iniciativas conjuntas no sentido de impedirmos o aprofundamento desses processos. É mais do que urgente e necessário um amadurecimento do Movimento Estudantil como um todo para compreender que, enquanto alguns insistem na tentativa de imputar sua própria pauta para o movimento todo e gastamos toda nossa energia vital em disputas internas, o mundo continua girando e estudantes pobres continuam sendo obrigados a abandonar a universidade por não conseguirem acesso aos programas de permanência. O vestibular segue existindo, as cotas permanecem apenas como um sonho distante e a universidade continua sendo racista, misógina e servindo apenas à “elite intelectual do país”.

Tendo em vistas esses apontamentos, acreditamos ser necessário darmos continuidade ao movimento do ano passado, pautando a ampliação dos programas de acesso e permanência e a intensificação da luta contra a repressão e a criminalização daquelxs que lutam. Precisamos estar articulados para barrar toda e qualquer tentativa de ataque da reitoria contra o Núcleo de Consciência Negra, São Remo e espaços estudantis. Devemos também deixar claro para a Reitoria que quem fez a cagada do orçamento foi ela e que, portanto, é de responsabilidade dela arcar com as consequências sem prejudicar xs estudantes e trabalhadorxs. Não seremos nós a pagar esta conta!

O Movimento Estudantil avisou que a posse do REItor João Grandino Rodas seria uma tragédia completa para a USP como um todo. Birrentos e intransigentes todos os aliados do reizinho avançaram na criminalização das lutas estudantis e gerenciaram a USP como se fosse o quintal de casa na farra do desvio de verba. Esta crise evidencia a problemática na forma como se se organiza e estrutura os processos de decisão dentro da Universidade de São Paulo.

2014 será um ano de desafios e o Movimento Estudantil não pode se perder e ser levado a reboque das lindas – e manipuladoras – promessas de diálogo do novo Reitor. É preciso construir a resistência em nossos cursos através do fortalecimento das bases, da organização e da ação direta.

PS: e não, não imaginaremos a USP na Copa, porque precisamos imaginar a USP agora e esta USP agora é violenta e segregacionista.

Nenhum passo atrás, avancemos!

3ºATO CONTRA A COPA

OPS…
A greve vitoriosa que os garis obtiveram esta semana nos lembraram do porquê de estarmos nas ruas… Todo mundo para rua para aumentar o som, para causar algum tipo de repercussão.

Chega de despejos, chega de repressão, chega de lei antiterrorista, chega de polícia!
3º Ato contra a Copa ‘Se não tiver transporte não vai ter Copa!’
“O Brasil receberá a Copa do mundo de 2014, porém, a população que não foi consultada é quem vai pagar o preço. Tudo não passa de um grande espetáculo com o dinheiro do contribuinte. É mais que comprovado que a Copa não agrega valores para os países das quais foram sede. Hoje no Brasil vivemos em uma situação caótica do SUS, de pessoas despejadas para construção de estádio, falta de investimento na educação, infraestrutura e outros sistemas. A previsão é que os investimentos para o Mundial alcancem R$ 33 bilhões –o país vai custear 85,5% das obras relacionadas ao evento, com dinheiro dos governos federal, estaduais e municipais. (http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2013/06/1297264-gastos-publicos-com-a-copa-2014-sobem-e-chegam-a-r-28-bilhoes.shtml)”

QUINTA-FEIRA, 13 DE MARÇO, ÀS 17H NO LARGO DA BATATA.