2012: O ano da Universidade sem movimento que não ia se adaptar…

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O ano de 2012 iniciou-se com grandes expectativas: embalado pelas duas ocupações e a greve do final de 2011, o movimento teve um começo de ano atípico com assembleias (de curso e geral) cheias que tinham como pauta principal a continuação da mobilização. Pode-se até dizer que acreditamos que dessa vez o movimento ia para frente. Doce ilusão.

Não demorou muito para o setor eleitoreiro do movimento preparar o terreno perfeito para sua melhor performance. Um verdadeiro circo foi montado a partir de sua atividade preferida, aquela que os mobiliza e os faz vibrar, chorar de alegria e tristeza: a eleição. Quase sem intervalos emendaram uma na outra, confundiram as do M.E. com as Municipais, se aliaram aqui, brigaram ali, e pouco se importaram para o recado que todos tentaram passaram – a descrença na Democracia Representativa, o resultado: no lugar do ano da luta contra a PM, Rodas e os processos, o ano das eleições incontáveis.

Foram eleições a perder a conta: para DCE, CA’s, delegados para o XI (iiiii…) Congresso, Município – contamos essa porque muitos estudantes preferiram agitar bandeiras de seu partido e colar adesivozinhos na camiseta a ir apoiar seus colegas que estavam prestando depoimentos por causa dos processos administrativos –, RD’s da FFLCH, CA’s de novo e DCE de novo, e não se surpreenda se esquecemos alguma, pois esse ano foi de fato o ano das “Grandes mobilizações”… eleitorais.

Grandes eleições de grandes promessas, grandes chapas, grandes urnas, mas movimento pequeno. Tivemos o privilégio de testemunhar o alcance das palavras, da força das ideias: 13 mil votos para DCE, com mais de 300 diretores eleitos, quase 200 delegados no XI Congresso, todas as cadeiras de RD’s da FFLCH preenchidas, nenhum ato com mais de 600 pessoas, mais de 80 processos contra estudantes e trabalhadores, continuação do convênio PM/USP, reintegração de posse da Moradia Retomada, DCE ocupado, reurbanização das favelas próximas a USP, BUSP, câmeras, proibição da entrada de cervejas, perpetuação e aumento do poder e influência de Rodas. É explícito o quão saturado o movimento está de urnas, e a incapacidade destas de nos trazer avanços e mudanças… Todavia, o que mais é de se impressionar é que esta ainda é nos apresentada praticamente como a única possibilidade política do movimento… Espera-se que a salvação venha das urnas, sem perceber que estas fazem parte da miséria a qual se pretende superar. Tentam exaustivamente “curar miséria com mais miséria”.

Provaram mesmo que depois da tempestade vem a bonança, da agitação o marasmo, da luta a eleição. Só nos resta provar que a recíproca também é verdadeira: depois da bonança à tempestade, do marasmo à agitação, da peleguice à luta.

Rizoma – tendência libertária e autônoma
rizoma@riseup.net

fim de novembro de 2012

 

 

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