Os métodos piqueteiros

Os Metodos piqueteros

Na última assembleia estudantil do curso de História foi aprovada, em relação à paralisação do dia 14.05, a obstrução física das salas de aula por meio do cadeiraço. O método do piquete foi votado e aprovado pela maioria dxs estudantes presentes na assembleia, ganhando por grande contraste.

Passada a paralisação, a atual gestão do Cahis (Apologia da História), por meio de uma nota, se posicionou contra o piquete físico. Levantamos aqui alguns pontos que nós, do Rizoma, achamos importante para que este debate seja travado publicamente e possa de alguma forma fortalecer o movimento estudantil no curso de história.
Na nota, um dos pontos levantados pela Apologia da História foi: “o diálogo entre os estudantes como uma necessidade para que haja mobilização e avanços na reorganização do movimento estudantil no curso de História.” Em nada somos contra o diálogo com xs estudantes para avançarmos em nossa organização e mobilização, porém acreditamos que ele deve ser travado no cotidiano para que repercuta nos fóruns abertos deliberativos do movimento estudantil. Para que isso ocorra é de suma importância que – já que a atual forma de representação dxs estudantes do curso de História é através de uma gestão eleita – esta tenha um sério comprometimento em aproximar xs estudantes da luta.

Não podemos esquecer que a atual gestão do CAHIS se encontra já no seu segundo ano de mandato e, até hoje, vimos poucas tentativas de diálogos com xs estudantes a respeito da atual conjuntura de crise na USP ou de mobilizar realmente xs estudantes para a luta. Na verdade, podemos dizer que sentimos o contrário: nas reuniões ordinárias do CAHIS é constante a dificuldade de aprovar uma Assembleia Estudantil sem que sejam apresentados diversos empecílhos em termos de datas ou de pautas, além da gestāo parecer ignorar o cenário que se apresenta diante de nós e preferir direcionar suas forças para atividades desconexas com as atuais necessidades de mobilização dxs estudantes de História, mostrando-se passiva e pouco comprometida a encabeçar a organização dessxs estudantes. Lembramos também que o CAHIS compunha a comissão gestora do DCE no inicio deste ano e, apesar de ter sido aprovado nos fóruns de base do nosso curso, a gestão não levou com comprometimento o chamado a uma assembleia geral estudantil logo no inicio de ano.

A ideia de que o movimento estudantil está desgastado vem sempre acompanhada da ideia de que só está assim porque não discute seus métodos, mas será mesmo?
O movimento estudantil, em cada assembleia, comando de greve ou espaço de deliberação e debate, discute os seus métodos de ação. Se o piquete físico foi discutido e aprovado em assembleia, isso significa que xs estudantes compreendem que a paralisação proposta só cumpriria realmente seu objetivo através do bloqueio das salas de aula. O método de piquete de convencimento parece ser mais um boicote a paralisação, pois com as aulas ocorrendo normalmente não se paralisa as faculdades de fato. Discussões são válidas e absolutamente necessárias, porém o método de passagens em sala é mais condizente com o cotidiano do curso e não com dias de paralisação.
Paralisar as aulas não é supérfluo. A paralisação completa e real – e esta se dá apenas com a garantia dos piquetes – explicita que não estamos em um momento de normalidade na universidade. Ela escancara que há algo acontecendo, altera a rotina alienante e garante que os estudantes possam participar das mobilizações. Um dos motivos da paralisação do dia 14.05 foi também para que estudantes pudessem participar do ato das três universidades estaduais até o CRUESP. Este é um dos momentos da mobilização. É o momento que paralisamos as aulas para ocuparmos as ruas. Além deste existem outros momentos da luta e o de se fazer passagem em sala de aula fazendo o diálogo com estudantes deve ser antes de estourar a mobilização. A atual gestão do CAHIS defendia uma passagem em sala de aula no dia 14 (dia da paralisação), como um método de convencimento/diálogo com xs alunxs, algo muito louvável, mas uma pergunta surge com isso: por que a gestão não fez isso nos outros 29 dias do mês, já que a mobilização em torno de cotas, permanência estudantil e contratação de funcionários não começou ontem?
Por isso, nós do Rizoma defendemos sim o piquete fisico em dia de paralisação e nas greves, pois apenas com ele é possível realmente parar as atividades na universidade ou no local de trabalho. Reiteramos que somos totalmente favoráveis à passagem em sala de aula nos dias que NÃO estamos paralisados. Não só somos favoráveis, como também em todas as reuniões abertas do centro acadêmico defendemos que haja passagem em sala de aula para divulgar as assembleias de curso, e informar xs estudantes sobre a conjuntura. Para conseguir mobilizar o curso é preciso compreender quais são as tarefas e quais os momentos para cada uma delas. Quando e a hora do diálogo e da passagem em sala e quando e o momento de paralisar as aulas e demonstrar nossa força para nos defendermos dos ataques da reitoria.

Se queremos Cotas, Permanência Estudantil e Contratação de funcionários, precisamos ser responsáveis com a mobilização e comprometidos com a sua construção. De nossa parte seguimos, como sempre fizemos, compondo as reuniões do centro acadêmico. Fazemos um chamado para que mais e mais estudantes façam o mesmo. Principalmente os estudantes filhos de trabalhadores e trabalhadoras que sofrem diariamente com a exploração e que sabem na pele o quão dificil e continuar na universidade sem bolsas de permanência, sem a infra-estrutura de moradia, bandejão e creche e todos aqueles estudantes que sabem a dificuldade que foi conseguir ingressar em uma universidade que faz de tudo para que a população negra e pobre entre apenas pela porta dos fundos permanecendo nos cargos de terceirizadas.
Organizar o movimento estudantil, dialogar, incentivar a participação. E quando paralisar, paralisar de verdade!
COTAS E PERMANÊNCIA JÁ!
Contratações e não à terceirização!

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