Via Facebook CA Lupe Cotrim
A discussão do acesso ao prédio do CTR ainda é vista como tema de extrema importância para as/os estudantes do departamento. Entendemos que esta questão extrapola a fronteira departamental e recai no âmbito da Universidade como um todo. Sendo a USP uma universidade pública, entendemos que ela tem o dever de ser acessível a todas/os e atuar democraticamente a serviço da população.
Há três meses, estudantes, funcionárias/os e professoras/es estão em greve lutando por esse ideal, contra um projeto de restrição elitista e privatista da Universidade. Se a USP deseja verdadeiramente espelhar a sociedade que a sustenta, deve atender um número cada vez maior de pessoas que queiram entrar nela, ao invés de ficar cada vez menor e mais elitizada – restringindo o acesso à educação de qualidade.
Demandamos o livre acesso como forma de democratizar a entrada no departamento e torná-la condizente com as reais necessidades daquelas/es que usufruem da estrutura oferecida pela universidade. Propomos a circulação de pessoas como forma de assegurar, vigiar e preservar o prédio, tendo em vista que ela nos proporciona maior segurança, seja em relação aos equipamentos ou à nossa integridade física.
Compreendemos que a infraestrutura de que dispomos é pública, ou seja, pertence a todas/os. Acreditamos que restringir o acesso é agredir o direito da comunidade. Como comunicadoras/es e produtoras/es de conteúdo cultural é essencial que tenhamos dimensão do exterior, pois a função da Universidade é formar suas/seus alunas/os para dialogar diretamente com a realidade social.
Aqui dentro, nos deparamos com uma situação de descompasso entre aquilo que se conceitua e o que é feito na prática pela burocracia. As regras que hoje vigoram no Departamento barram até mesmo estudantes da USP, da Unidade e do próprio curso, impedindo-nos de entrar e de usufruir dos laboratórios. Nos últimos dias ocorreram episódios que repudiamos e gostaríamos de expor:
– Alunas/os do departamento tentaram entrar no prédio em horários diversos (8h, 13h, 18h, após às 20h, etc…) e foram barradas/os. Em alguns casos, simplesmente não entraram, em outros foram obrigadas/os a apresentar comprovante de que pertenciam ao curso e responder indagações sobre aonde iam e com qual propósito.
– Pessoas de fora do departamento tiveram sua entrada no prédio barrada e outras chegaram a ser intimidadas individualmente a se retirarem (também em diversos horários).
– Ocorreram ainda abordagens racistas. Um aluno negro do CAC teve sua presença aqui dentro durante o dia questionada e foi mencionado pelo departamento posteriormente como “uma pessoa muito estranha” que frequentava o espaço. Cerca de uma semana depois, uma garota negra que utilizava a Sala de Produção – espaço destinado à convivência e às produções desvinculadas das atividades acadêmicas – com outros colegas, também durante o dia, foi abordada pela diretora do departamento, que pediu que ela se retirasse. A garota ouviu que deveria “calar a boca” e foi chamada de “desagradável”.
Estes casos nos colocam frente a uma situação inadmissível. Diante disso, nos posicionamos a favor do uso do espaço público em função da sociedade como um todo. No contexto social, cultural e político, esse espaço deve ser entendido como um lugar que possibilite a troca de experiências e o contato com a diversidade. A democratização da Universidade de São Paulo é urgente.
PELO ACESSO LIVRE AO PRÉDIO! RACISTAS NÃO PASSARÃO!
POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA E DEMOCRÁTICA!