Sobre as eleições do CAHIS: Comentários críticos

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Sobre as eleições do CAHIS: comentários críticos

Iniciam nesta segunda-feira (12 de maio) as eleições para o Centro Acadêmico de História da USP “Luiz Eduardo Merlino”. Serão 3 dias de eleições imersos em uma completa desmobilização do Movimento Estudantil da USP. A entidade CAHIS que há tempos encontra-se descolada das/os estudantes, será objeto de disputa entre grupos que defendem fervorosamente que serão capazes, enquanto gestão, de mudar o perfil do CAHIS atual e aproximar as/os estudantes do curso para as lutas do CA. Focados na disputa pelo bastião eleitoral, nenhuma chapa consegue travar o necessário debate sobre o que realmente tem levado ao esvaziamento do CAHIS, tanto em participação estudantil quanto de seu caráter de luta efetivo.

Não sejamos ingênuos/as, tradicionalmente os grupos que disputam o Centro Acadêmico por vias eleitorais estão inseridos nas táticas de seus partidos políticos. Durante todo o ano, depois de ganharem a gestão, estes grupos transformam o Centro Acadêmico no quintal de seu Partido (ou corrente estudantil/de juventude). É claro que dentro da política do Movimento Estudantil o controle de Centros Acadêmicos tem um valor estratégico. Uma “boa” gestão garante votos para as eleições em outras instâncias (alô DCE), a cooptação de novos membros e a participação em fóruns não abertos (o conselho de centros acadêmicos que vive aprovando coisas dessoantes do curso). Sem contar que apenas as pautas políticas defendidas pelo partido vitorioso encontrarão eco de mobilização. Por mais que outras bandeiras de luta sejam aprovadas em instâncias de plenária e/ou assembleia, as correntes que se opõe à pauta simplesmente abandonam a mobilização, desrespeitando a deliberação das/os estudantes do curso.
Outro fator curioso é que estes grupos tentam vender a ideia de que só é possível construir práticas novas no centro acadêmico a partir da vitória enquanto gestão. E para que uma gestão ganhe e assim (obviamente, claro, aham) a luta seja construída é necessário que as/os estudantes votem. Vincula-se o voto diretamente com o “possibilidade de construir o CA” e ignora-se que no estatuto do CAHIS está claro que, independentemente da gestão, todas/os estudantes tem direito a voz e voto. Abandona-se o esforço que deve ser feito para que as/os estudantes se reaproximem do CAHIS e participem das instâncias de debate e decisão, para focar todo o esforço na disputa que apenas fragiliza a entidade.

Se há de fato uma vontade por parte destes grupos de construírem um Centro Acadêmico forte e combativo, próximo das pautas do curso e em constante diálogo com todas/os as/os estudantes, por quê então, ao perder na votação, estas pessoas não seguem construindo a entidade? O interesse em fortalecer o CAHIS é tão verdadeiro assim que se restringe à apuração dos votos? O que tem impedido as pessoas de iniciarem esta “Construção Coletiva”? Será que estes grupos aceitam mesmo tão bem em suas reuniões aquelas/es estudantes que não são filiadas/os ao grupo vitorioso? Será que todo esse fracasso atual em que o CAHIS está inserido é resultado apenas da “conjuntura desfavorável” ou será que há interesses claros para que a entidade não se fortaleça e seja realmente das/os estudantes de História? Por que há anos o programa das chapas – vitoriosas ou não – sempre prometem a construção de saraus, jornais, boletins, mobilizações, etc, mas isso nunca se realiza?

É preciso ter coragem para colocar o dedo na ferida e admitirmos que 1) o CAHIS, assim como outros Centros Acadêmicos, nas mãos de grupos específicos servem apenas como instrumento aparelhado por partidos políticos a serviço de suas pautas e 2) que a luta contra este formato, por um CA realmente autônomo e combativo só será travada quando as/os estudantes começarem de fato a se apropriar desta nossa ferramenta de organização e luta. Desta forma fazemos dois comentários básicos: a) Estudantes que discordam das atuais práticas que imperam e dominam o CAHIS: a entidade não mudará se você não colar e não construir. De nada adianta ficar reclamando que o CAHIS é isso ou aquilo porque o CAHIS é de quem cola junto e constrói. Ponto final. b) Grupos políticos rivais: façam o favor de não se esquecerem que a autoconstrução e o abandono da entidade enfraquece os nossos passos em busca da revolução social e que disputas fúteis em nada alteram o quadro de opressão e exploração vigente. Não, não queremos dar as mãos e cantar 1, 2, 3 junto. Apenas fazemos um apelo para que as divergências políticas não matem os nossos espaços de mobilização.

Quanto a estas eleições: votem, não votem, votem nulo. Façam o que quiserem, mas não esqueçam que não é amanhã que a luta deve ser maior. É hoje e agora.

Saudações libertárias,
Rizoma | Tendência Libertária e Autônoma

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