Ato em área de conjunto habitacional marca dois anos de ação violenta no Pinheirinho

Retirado de Brasil de fato

Danilo Ramos/RBA Vítimas da truculência do governo Alckmin fazem minuto de silêncio e reafirmam disposição em pressionar para que obras de futuros apartamentos saiam logo do papel 23/01/2014

por Gisele Brito,

da Rede Brasil Atual

Exatamente dois anos depois da violenta operação de reintegração de posse capitaneada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), com apoio da Justiça de São Paulo, o mato chega a quase dois metros na área onde ficava a ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba. “Tinham tanta pressa de tirar a gente de lá, para fazer isso?”, questiona a costureira Vonide David, 72 anos, que viveu no bairro durante oito anos. “Num lugar com tanta terra vazia, tanta gente sem casa”, observou.Na época, a desocupação deixou entre 6 mil e 8 mil pessoas desabrigadas.

A truculência da operação policial teria desencadeado problemas de coluna em Vonide. Há cinco meses, ela fez uma operação e colocou seis pinos para corrigir uma escoliose. Atualmente, paga R$ 500 pelo aluguel de uma casa com telhas de barro e piso de cimento queimado.

Ontem (22), ela estava entre as 100 pessoas que realizaram uma espécie de “ato de posse” no local onde serão erguidas 1.726 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida para ex-moradores do Pinheiro. O arame que cerca o terreno do futuro conjunto habitacional foi rompido e os manifestantes entraram entoando palavras de ordem como “Com luta, com garra, a casa sai na marra”. O novo bairro deverá se chamar Pinheirinho dos Palmares. As obras devem contar com a participação dos futuros moradores e a expectativa é que os apartamentos fiquem prontos até 2016.

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Viva aos 30 anos do MST, um dos maiores movimentos sociais do mundo!

 

Por Leonardo Boff
Para a Página do MST

Nesta quarta-feira (22/01), o MST completa 30 anos. O teólogo, filósofo, escritor e amigo do MST Leonardo Boff escreveu o artigo abaixo em homenagem ao MST e à luta pela terra:

Quero me associar a todos os que celebram os 30 anos de resistência, de perseverança, de lutas e de conquistas do MST. Numa perspectiva mais geral, estimo que o MST-Via Campesina é o maior movimento popular organizado do mundo.

Tantos foram difamados, perseguidos, presos, torturados e assassinados e vocês nunca baixaram os braços ou arrearam as bandeiras. Continuaram e continuam porque a causa é justa, humanitária e, porque não dizer, divina. É um luta por vida, fundada na Terra, e Deus é o Deus vivo e o “soberano amante da vida”, como dizem as Escrituras judaico-cristãs.
Vocês resgatam uma das mais ancestrais convicções da Humanidade: a Terra é um bem comum, vital, universal para todos os seus habitantes. Apropriar-se dela, dividí-la e ofendê-la pela excessiva exploração sempre foi considerado um roubo, uma apropriação indébita e um crime de ofensa à dignidade da Mãe Terra.
Vocês estão recuperando este valor universal, e baixar da cruz uma Terra crucificada para que ela possa ressuscitar e nos dar tudo o que sempre nos deu: vida e os meios da vida.
O sonho do MST nunca foi pequeno: a Reforma Agrária ou políticas agrárias mais justas e equitativas. O sonho sempre foi grande: fazer que a Terra possa acolher a todos para nela trabalhar e viver, no respeito a seus limites e possibilidades para nós e para nossos filhos e netos.
O sonho continua de uma nova Terra na qual habitam seres que se sentem filhos e filhas da alegria e não condenados à exclusão e escravos de necessidades.
Nada resiste à luta perseverante. Quem na noite continua acreditando no sol, este o verá brilhante e generoso nascendo de manhã.
Vocês do MST nos dão o exemplo desta perseverança e desta fé imorredoura do Sol que vai despontar para vocês e para todos nós.
Quero ser como sempre fui: um companheiro de caminhada, solidário nas
tribulações e participante das vitórias.

CCA da FFLCH

Hoje às 18 horas os centros acadêmicos da FFLCH se reunirão no espaço verde para discutir a calourada unificada.

(o local será confirmado no espaço verde quando todxs já estiverem lá).

Participem e proponham!

Conjuntura – A luta das ocupações

Retirado de: http://redeextremosul.wordpress.com/2014/01/15/conjuntura-a-luta-das-ocupacoes/

A Luta das Ocupações do Extremo Sul – Parte I

???????????????????????????????No meio do ano passado, em nossa região, o extremo sul de São Paulo, ocorreu um fenômeno aparentemente inusitado. Grandes extensões de terra foram ocupadas de maneira espontânea, numa onda que não poupou nem mesmo canteiros ou morros. O distrito do Grajaú ficou em polvorosa: foram dezenas de ocupações concentradas no tempo, e apesar de agressões, ameaças e despejos, algumas delas resistem, e permanece por aqui o ímpeto para novas ocupações.

Em outros momentos falamos sobre os motivos das ocupações (despejos em massa; aumento dos preços dos aluguéis, catapultados pela distribuição das “bolsas-aluguel”; falta de construção de moradias populares; onda de manifestações em junho; primeiro ano de uma nova gestão municipal petista etc.6 – veja aqui e aqui). Queremos discutir agora um pouco dos objetivos e da forma de organização das ocupações.

Apesar da diversidade dessas ocupações, podemos apontar algumas características comuns às que persistem:

1) Elas não possuem um caráter “simbólico”, com vistas a ativar as políticas habitacionais e nem são frutos de disputas entre partidos políticos. Os ocupantes reivindicam os próprios terrenos ocupados para construir suas moradias. Assim, mesmo no caso das ocupações mais recentes, em que não houve divisão de “lotes”, foi e continua sendo feito um esforço para que não entrem nos terrenos mais famílias do que cabem nele.

22) Se o seu início foi espontâneo, de um jeito ou de outro elas desenvolveram formas de organização interna. Em alguns casos, prevaleceu a tendência ao estabelecimento de relações clientelistas, de surgimento de “lideranças” carismáticas ou autoritárias. Noutros casos, outro caminho foi tomado, e logo veremos qual foi ele, e como ele tem sido trilhado.

3) Na maioria dos casos, as famílias ocupantes não se encontravam vivendo na rua, e sim morando de favor, ou sob ameaça de despejo, ou ainda pagando aluguéis que consomem boa parte de suas rendas. Diante da incerteza sobre a permanência no terreno, muitas famílias ocupantes não se mudaram para o terreno, tanto que algumas ocupações são vazias.

Um último fator que é bom ter em mente para nossa discussão é o da instabilidade das ocupações, que se encontramempreiteiras enredadas num emaranhado de interesses poderosos. Apesar de seu total abandono, bastou os terrenos serem ocupados para aparecerem donos, promessas e projetos de parques, de moradias, de equipamentos públicos, e assim por diante. Afora os eventuais “proprietários”, as ocupações acabaram mexendo com os negócios dos politiqueiros (preocupados com seus currais eleitoras, e com seus acertos de campanha), e das empreiteiras (grandes potências econômicas e principais financiadores das campanhas eleitorais).

A ocupação dos terrenos com a marcação de lotes faz parte do processo histórico de ocupação da região desde os anos 1970, por meio do qual milhares de famílias começaram a construir os bairros que hoje existem. Evidentemente que em cada lugar o processo de desenrolou de um jeito mais ou menos organizado, com maior ou menor subdivisão de lotes, com maior ou menor presença de oportunistas e grileiros, o que gerou uma diversidade de tipos de bairros e favelas na região. ???????????????????????????????Como a base desse processo foi o atendimento da necessidade individual de moradia, na forma do “cada um por si”, sem pensar no espaço como um todo, nas áreas comuns, nos espaços de convivência, nas estruturas de saúde, educação etc., com pouca criação de laços de companheirismo, solidariedade, união, respeito, o que predomina em nossa região são bairros bastante precários, e não existem neles verdadeiras comunidades.

No meio do ano passado, a “tradição” de ocupar e demarcar a parte que cabia a cada família foi revivida de maneira intensa e com a mesma intenção de autoconstrução. Mas logo se sentiu na pele a mudança de significado político e econômico dos??????????????????????????????? terrenos da região: se antes eles valiam pouco, e muitas ocupações irregulares e desordenadas acabavam se consolidando, pois beneficiavam grileiros, politiqueiros locais, juízes etc., hoje essas áreas são uma mina de ouro para a especulação, e a violência correu solta. Afinal, se dezenas de bairros já consolidados estão sendo despejados em função dos interesses imobiliários, é evidente que as áreas não edificadas em nossa região são muito visadas. E de fato muitas dessas terras já foram “loteadas” pelos políticos para pagar suas “dívidas” com as empreiteiras. Por isso, para a população brigar por essas terras, era preciso manter a união da luta e um crescente processo de organização. Além disso, com essa união haveria a possibilidade de construir outros tipos de bairro.