Breve análise sobre as recentes mobilizações na USP

No dia 1º de Outubro foi realizado um C.U. fechado e escondido atrás de portas blindadas com o intuito de se discutir as próximas eleições para Reitor. Neste mesmo dia as entidades estudantis (DCE e APG), a Adusp e o Sintusp organizaram um ato em frente à reitoria exigindo que o Conselho fosse aberto para as pessoas que ali se encontravam e para levar as propostas que vinham sendo desenvolvidas no interior dessas entidades. No entanto, essa solicitação não foi aceita e, a partir disso, xs presentes (cerca de 400 pessoas) decidiram ocupar a reitoria. Ao final do dia, ocorreu uma Assembleia Geral Extraordinária que deliberou a continuação da ocupação e a greve estudantil. Apesar da mobilização presenciada, encerramos o fórum deliberativo sem distinções das pautas entre eixos e bandeiras e sem medidas para organizar a greve que se iniciava.

No dia seguinte, diversos cursos realizaram suas Assembleias, com muitos aderindo à greve e à ocupação, estabelecendo suas propostas de eixos e bandeiras e indicando ao movimento geral a criação de um Comando de Greve com delegadxs eleitxs em seus próprios cursos. Contudo, tais propostas não chegaram a ser discutidas na última Assembleia da USP, ocorrida no dia 03.10. Após quase 4 horas, ao invés de sairmos dali com encaminhamentos das propostas pensadas anteriormente e deliberadas nas assembleias de curso, o que vivenciamos foi a aplicação de um tutorial de “como encaminhar a mesma proposta de 25 formas diferentes”. Desta forma, o espaço de deliberação estudantil que deveria ter sido capaz de decidir quais seriam os eixos a serem pautados na Audiência Pública de terça-feira (15/outubro) não conseguiu sair do lugar, resultando que a única pauta que será levada pelo DCE para a Audiência de negociação será a pauta da entidade e não as pautas do movimento.

Diante disso, apresentamos algumas considerações para refletirmos sobre o caminhar da mobilização:

É inegável que o início de toda essa mobilização se deu a partir de uma ação que tinha como fundo “Diretas para Reitor”. Nunca escondemos nosso posicionamento quanto a essa pauta. Sempre nos opusemos a ela, pois não acreditamos que escolher entre “o ruim” e “o menos pior” seja a opção mais viável para modificar a realidade da Universidade. Somos contrárixs ao pensamento de que o máximo que xs de abaixo podem fazer seja escolher quem estará acima delxs, quem decidirá por elxs. Por isso, nunca a defendemos por não reconhecermos nenhuma outra forma de democracia, se não a direta. Ainda assim, acreditamos que a construção do movimento deva ser feita pelo movimento, pelas pessoas que o compõe diariamente, e por percebermos que esta é uma pauta cara a muitxs achamos que ela não deve ser ignorada. No entanto, notamos também, a partir das discussões realizadas nos cursos e nas conversas que se deram dentro da okupação, que esta não é nem de longe a única reivindicação que tem interessado xs estudantes. Pelo contrário, observamos que questões como acesso, permanência e fim da repressão tem sido constantemente colocadas como prioridades pelxs estudantes envolvidos no Movimento. Assim, achamos preocupante que reivindicações como: a devolução dos blocos K e L e do térreo do bloco G para Moradia Estudantil, Cotas Sociais e Raciais, Fim dos Processos e Reintegração dxs expulsxs/demitidxs politicamente e Fim do Convênio PM-USP, não tenham sido nem sequer considerados como eixos de nosso Movimento.

Por fim, gostaríamos ainda de falar uma ou duas palavras acerca da forma organizativa de nosso Movimento. Para que cenas como as que vimos na última Assembleia Geral não voltem a se repetir é imperativo que organizemos o nosso Movimento a partir das Assembleias de Curso, o espaço que melhor possibilita o desenvolvimento das discussões políticas. Para tanto, se faz urgente a criação de um Comando de Greve Unificado com delegadxs eleitos nos cursos e revogáveis a qualquer momento. É inadmissível que uma gestão eleita em urna, fora do período de mobilização e durante o ano passado, seja ainda encarada como aquela que responde por todo o Movimento. Na última Assembleia isto ficou mais do que claro. A okupação e a greve há muito já superaram o modelo organizativo da entidade e pedem uma organização mais orgânica e mais ligada ao cotidiano de sua construção.

Fazemos um chamado à todas as pessoas que compõe o conjunto desta Universidade, seja formal ou informalmente: Há muita luta para se construir e ela deve ter a cara de todxs nós! Cole, participe, organize-se!

À GREVE, À OKUPAÇÃO!
DEVOLUÇÃO DOS BLOCOS K e L e do TÉRREO DO BLOCO G!
COTAS SOCIAIS E RACIAIS!
FIM DOS PROCESSOS E REINTEGRAÇÃO DXS EXPULSXS/DEMITIDXS POLITICAMENTE!
FIM DO CONVÊNIO PM-USP!
POR UM COMANDO DE GREVE UNIFICADO!

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