UMX PATRIOTA, UMX IDIOTA!
NACIONALISMO É O CARALHO, ESSE PAÍS É RACISTA E SANGUINÁRIO!
ABAIXO O ESTADO!
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7 de setembro em São Paulo:
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Retirado de: http://incandescencia.org/2013/06/22/morte-ao-gigante/
O nacionalismo é objetivamente pró-fascista
O nacionalismo tem sido, ao longo da história, fiel aliado do conservadorismo dos mais fortes. Junto ao nacionalismo tem sempre vindo os valores tradicionais, a família, e Deus. O nacionalismo está sempre ali, na ranha fedida das famílias heterossexuais higienizadas do que há de mais branco no Brasil. Debaixo da bandeira, um amor pela nação. Mas o que é o nacionalismo?
O nacionalismo tem justificado atrocidades ao longo da história, através do amor pela pátria e por um “povo” que supostamente pertenceria àquela pátria. No Brasil, grupos de nacionalistas separatistas no sul e sudeste espancam e incendeiam pessoas do nordeste e indígenas. Na Grécia, nacionalistas matam pessoas estrangeiras. O nacionalismo e o autoritarismo são, se não sinônimos, também fortíssimos aliados. Há uma veia eugenista, racista, higienista que profetiza um “povo prometido” a uma terra.
O nacionalismo tem sido uma ferramenta de governos autoritários para conseguir que seu povo fosse conivente até com a mais desgraçada das decisões. Fazer seu povo apaixonar-se pela pátria, e imbuir-se de poder com este amor, porque você, enquanto Estado, é a materialização dessa pátria, é uma forma temerosamente eficiente de guinar para seu lado um rio muito caudaloso de aceitação popular. Em nome da pátria, de defendê-la, você pode invadir um país, fazer venerar um líder, cometer genocídios.
O nacionalismo torna mais vívidas as fronteiras imaginárias que dividem o globo. Que separam entre nações um proletariado sem nacionalidade. Que separam entre jurisdições os poderes ilegítimos. Que segrega em propriedades uma terra sem donos. O nacionalismo é um amigo íntimo da propriedade privada, sua deusa menor. Ele confere àqueles que nasceram dentro de determinadas fronteiras como melhores do que os que nasceram fora. O nacionalismo depende de um povo a se defender. Ele torna um dever defender e morrer por este povo. Não é por acaso que as forças armadas são recheadas de patriotismo: é preciso fazer alguém amar o Brasil para que se deixe matar por ele, para que mate o outro povo. Porque o outro povo não é brasileiro. O nacionalismo é uma das paixões da guerra, do militarismo, porque é uma ótima retórica para justificar que você mate seus irmãos do outro lado da fronteira, ainda que seus interesses sejam comuns, ao contrário dos interesses de quem te manda matá-los. O nacionalismo nos deixa chorar por quem está deste lado e morre na fila dos hospitais, ou com as balas da guerra; e nos faz indiferentes, frios e silenciosos sobre bombas atômicas em cima dos lares dos outros. Mas não existem outros. Ilusões propostas por quem riscou as linhas. Ilusões propostas por quem teria os pilares de seu poder questionados se as pessoas percebessem serem um povo só. Ilusões que se fazem lúcidas e fortes com o grito afirmativo do nacionalismo.
Diante de qualquer crise, de qualquer insulto ao patrimônio público, diante de qualquer crise ou de qualquer problema, o Estado imediatamente corre ao patriotismo, e debaixo das cores da bandeira se pronuncia: “Não destruam o patrimônio, porque ele é do povo”. O cassetete que acerta quem milita por direitos é do povo, as bombas de gás lacrimogênio são do povo, as balas nas costas da população negra são do povo. O Estado é a materialização da nação. Ele detém o poder de ser o Brasil, de falar pelo Brasil de fazer acontecer no Brasil o que o Brasil deseja que aconteça. O Brasil não é autogestionado pelo seu povo, mas gerido por quem detém poder sobre o governo. Isto é, tanto sentimento nacionalista se resume a um sentimento não pela população, nem pela terra; mas pelo Estado. O nacionalismo é o amante mais bonito de um Estado autoritário — como todos os Estados são.