carta aberta das/os estagiárias/os da USP

SOMOS um grupo de estagiárixs da USP que se viu na necessidade de se organizar e se mobilizar frente à atual situação da Universidade. Nos encontramos em uma posição que permeia tanto a condição trabalhista quanto estudantil, sem contudo ter seus DEVIDOS direitos assegurados. Somos empurradxs para uma posição de vulnerabilidade permanente agravada em momentos tão importantes como o atual. A greve dos três setores da USP mobiliza a comunidade em resposta ao processo de sucateamento e PRIVATIZAÇÃO das universidades, além de cortes de ponto e salários de funcionárixs assim como outras diversas violências cometidas pela reitoria e o Governo do Estado. A crise orçamentária afeta praticamente todxs aquelxs que de alguma forma estão envolvidxs com a Universidade e obviamente quem mais sofre com tal situação é a ponta mais fraca da corda – funcionárixs e trabalhadorxs precarizadxs.

Enquanto estudantes, nós, estagiárixs, não temos nossos direitos assegurados, já que o caráter educacional do estágio frequentemente é sacrificado e assume o papel de “tapa-buraco” diante da diminuição do quadro de funcionárixs. Entendendo o estágio também como uma essencial medida de permanência estudantil, o corte de bolsas apresenta-se como um ataque ao direito dxs estudantes.
Enquanto trabalhadorxs nosso direito à greve é negado não apenas pela vulnerabilidade de nossos contratos e pela abusiva pressão executada por muitas chefias como também, lamentavelmente, pela lei. Nos encontramos em uma posição de insegurança: nossos contratos podem ser encerrados a qualquer momento, sem aviso prévio, o que põe em risco novamente nossa permanência estudantil. Nossa articulação é dificultada por não termos acesso aos dados de quantxs somos, onde trabalhamos, de quem recebemos e pelo fato de que as condições trabalhistas variam muito de um estágio para o outro. Atribuímos este cenário em grande parte à falta de transparência e divulgação no processo de seleção de estagiárixs.
Repudiamos toda e qualquer medida que atravanque a luta tão legítima que existe hoje na USP; enfatiza-se aqui a covarde posição de fura-greve adotada por diversxs docentes que pressionam estudantes e funcionárixs a burlarem a greve. Vale salientar que tanto o apoio da categoria estudantil quanto da categoria dxs funcionárxs sempre foi essencial para os ganhos históricos dxs docentes, sejam estes políticos, financeiros ou acadêmicos. Vê-se portanto como algo de muita gravidade que tal apoio não seja recíproco, especialmente em um momento em que a luta envolve todo o projeto de Universidade e, portanto, toda a comunidade uspiana e a própria sociedade.
Gostaríamos de compartilhar nossa grande solidariedade com as categorias em greve e junto um pedido de desculpa às trabalhadorxs, pois sabemos que quando nos obrigam a trabalhar elxs acabam sendo pressionadxs a voltar ao batente também. É por esse e outros motivos que nos manteremos ativxs em nossa organização, em busca de compreender como poderemos somar na luta sem, principalmente, ir contra a corrente da mobilização de trabalhadorxs, que afinal é o que nós somos também (guardadas as devidas e marcantes diferenças de condição)!
Por fim, queremos chamar xs estagiárixs da USP para unirem-se a nós! Para que daqui pra frente sejamos uma categoria consolidada, tenhamos nossos direitos estudantis e trabalhistas assegurados, não soframos mais pressões e somemos na luta por uma Universidade mais justa e aberta a todxs na greve e para além dela.
NÃO TEM ARREGO!

Próxima Reunião: 24.09.2014 às 18h /Faculdade de Educação
Assinam: Alana, Ana Paula, Carollina, Isabel, José Henrique, Laís, Luisa, Manuela, Maria Beatriz, Maria Fernanda, Olívia, Renan, Vânia, Vladmir (Projeto Especial Heliópolis – FEUSP)/ Clareana (Biblioteca FEUSP) /João ( Maria Antônia)/ Marina (Pró-aluno)/ Beatriz (IEB)/ Cauê (História/Secretaria do Dep. de Linguística)/ Tatiana (ECA)

Adicionar a favoritos link permanente.

Comentários estão encerrados.