de: http://desinformemonos.org/2012/12/escutaram-e-o-som-de-seu-mundo-se-derrubando-ezln/
Numa ação massiva, disciplinada e simultânea, que não era vista desde os dias do levantamento insurgente de 1994, milhares de zapatistas ocuparam pacificamente e num silêncio ensurdecedor cinco cidades do estado de Chiapas. Algumas horas depois,revelaram um breve comunicado.
Tradução: Mariana Petroni e Erneneck
Fotos: Moysés Zúñiga
Chiapas, México. Milhares de bases de apoio do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) ocuparam num silêncio emblemático as ruas de cinco municípios do estado de Chiapas, na primeira manifestação púbica que os zapatistas fazem desde o dia 7 de maio de 2011, quando se juntaram à convocatória do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade. Essa ação simultânea e massiva, a maior de toda a história, foi antecedida pelo anúncio de que a organização indígena daria sua palavra, a qual se conheceu algumas horas depois da mobilização.
“A quem possa interessar. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. É o do nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia” Foi a mensagem assinada pelo subcomandante Marcos e difundido horas depois, através da página Enlace Zapatista.
Em cada uma das cidades ocupadas (Ocosingo, Las Margaritas, Palenque, Altamirano e San Cristóbal), os tzeltales, tzotziles, ch’oles, tojolabales, zoques, mames e mestiços marcharam com seus tradicionais lenços e passa-montanhas, em fila e silêncio rigoroso. Homens e mulheres, na sua maioria jovens, passaram sobre o templete em cada cidade e levantaram o punho. Essa foi a expressão mais simbólica de toda a mobilização.
Força, disciplina, uma ordem extraordinária, dignidade, integridade e coesão. Não é pouco. São 19 anos nos quais uma infinidade de vezes foram considerados mortos, divididos e isolados. Uma e outra vez saíram para dizer “aqui estamos”. Hoje, com 40 mil zapatistas nas ruas, novamente silenciaram, de uma só vez, os boatos infundidos.
Em San Cristóbal de Las Casas, cidade onde são feitas tradicionalmente as manifestações do EZLN fora do seu território, mais de 20 mil homens e mulheres zapatistas provenientes do caracol de Oventik, onde se concentraram um dia antes, desfilaram sob uma chuva que começou de madrugada. A passeata de 28 destacamentos (segundo a numeração que levavam os grupos nos seus passa-montanhas) iniciou fora da cidade, ao redor das oito e meia da manhã, e aproximadamente ao meio dia a retaguarda ainda estava muito longe do centro da cidade. A praça central foi muito pequena para receber todos eles.
Habitantes e turistas gritaram e cantaram o hino zapatista em alguns trechos da passeata. Os comerciantes, como de praxe, baixaram suas cortinas, porque os índios novamente os surpreenderam. O templete foi colocado na frente da catedral, enquanto que os blocos zapatistas organizados se localizaram ao redor da zona central da cidade.